"Conversando a gente se entende". Esta frase me
acompanha há tempos e tem feito cada vez mais sentido. Não só pela
delícia que é um "dedo de prosa", como dizem meus amigos mineiros,
mas porque é nas conversas que nos reencontramos conosco. Como quem dá aula e
aprende cada vez mais sobre o assunto, quando colocamos nossas ideias pra fora
estamos nos enxergando espelhados no outro. Falar sozinho também
serviria, não fosse a importância do eco daquilo que sai da gente. Em tempos de
redes sociais, nunca me senti tão próxima das pessoas.
Hoje minha professora de inglês trouxe para nosso bate-papo -
com café - um texto muito bacana sobre as redes sociais e seu poder de
transformação. O interessante do texto é que ele mostra, com bons argumentos,
que o tipo de interação que acontece hoje nos Facebooks da vida nada mais são
do que os encontros que sempre aconteceram em cafés. Há tempos pensadores,
artistas e criativos costumam promover encontros em lugares públicos para
debaterem, trocarem ideias e, quem sabe, "até tomarem um café". As
redes sociais são os próprios cafés, só que virtuais. O mesmo tipo de interação
que acontece on line continua acontecendo off line. E é aí que mora a beleza da
coisa. Não é uma coisa ou outra. É a soma das duas. O José Carlos Teixeira
Moreira costuma falar em high tech e high touch (tecnológico ou fofinho, com toque). Pode ser real e virtual,
presencial e à distância, o fato é que por mais que as redes articulem ideias,
elas só acontecem de fato e "tomam corpo" quando as pessoas se
encontram, se enxergam, se tocam, se escutam ressoando nas vozes dos outros. E
não adianta fazer de conta que as redes não existem, proibir acesso nas
empresas. Se não podemos derrotá-los, nos juntemos. Só que nas redes, as
identidades que aparecem têm filtros e máscaras que muitas vezes acabam caindo
nas interações de verdade. São perfeitas para encontrar pessoas distantes,
espiar a ideia de uma ou outra criatura e até para substituir os noticiários
que, afinal, são mais espontâneos e instantâneos nos teclados
"facebookianos". Mas há um limite. De caracteres, de tempo, de espaço
físico até. Espaço este que se dilui em conversas sem pressa, regadas a cafés,
chás e espaços aconchegantes de interação. Vivemos em ciclos e utilizamos a tecnologia
como ferramenta para expressar o nosso tempo, felizmente. Mas como seres
humanos que somos, precisamos de contato, de olho no olho. Daqui a cem anos,
espero, nossos netos também se sentirão assim, aconchegados e reconhecidos
quando estiverem reunidos e forem ouvidos, em conversas ao pé do fogo, em rodas
de amigos, cafés ou em espaços quaisquer onde possam exercer sua condição
atemporal de serem pessoas únicas em essência.
* Ah, o texto que comentei:
Nenhum comentário:
Postar um comentário