domingo, 6 de novembro de 2011

O zangão e a borboleta

Faz mais ou menos um mês que eu participei de um encontro meio mágico, meio lúdico, meio espiritual, a até prático chamado The Art of Hosting. A iniciativa acontece no mundo todo e, desta vez, foi em Porto Alegre, para onde me mandei de mala e cuia e sem muitas expectativas. Fui totalmente no feeling, indicada por alguém que eu super confio e que também não sabia muito do que se tratava. Foi demais. Talvez um dos grandes marcos da minha vida. E deste ano, tão intenso e cheio de significados. Não foi assim tão forte somente pelo encontro, pela "técnica" do que foi passado, mas, principalmente, por quem esteve lá e que, felizmente, começa a fazer parte da minha vida agora. Uma das coisas que foi comentada no tal encontro de quase 4 dias é que na vida, coisas têm que acontecer, que vão começar na hora exata em que deveriam começar, vão terminar quando tiverem que terminar e que as pessoas que deveriam estar com você neste momento estarão lá. Nenhuma a mais, nenhuma a menos. Aceitar isto já facilita muita coisa. Este foi um dos ensinamentos, tão simples e tão intensos que vivi por lá e que, espero, consiga compartilhar muito em breve com um monte de gente bacana, destas que passam pela vida da gente. Pois bem, saí do AOH meio tonta, cheia de ideias e de sensações e deixei, de propósito, meio "de molho" aquele monte de tudo que vi e senti por lá. Escondi, literalmente, o caderno de mim mesma e fui, aos poucos, resgatando o que ficou. Reencontrei amigos queridos que fiz por lá (e que parecia que conhecia há décadas), em São Paulo e por aí. Sim, é possível fazer novos amigos depois dos 30. E, no feriado agora, o de Finados, reencontrei o Marcello, grande provocador do encontro, um destes seres de luz que esbarram na vida da gente e ficam. Com ele, num café da manhã que começou às 10h e terminou às 17h, com direito a almoço e muitos amigos na mesa, resgatei alguns outros conceitos do nosso encontro em Porto Alegre. Um deles, foi a deliciosa metáfora que ele fez sobre as nossas escolhas na vida. Podemos ser o que quisermos, quando quisermos, do jeito que quisermos. Aí ele resgatou a tal metáfora do zangão (pode ser abelha, se você preferir) e a da borboleta, numa quase releitura da cigarra e a formiga. Podemos na vida, sermos zangões, ou abelhas, e semearmos por onde passamos coisas boas. Polinizar, criar, reproduzir. Dá trabalho, mas é produtivo, rico, gera alguma coisa. Ou podemos ser meras borboletas, passeando por aí, sem deixar nada e ainda nos achando lindas de morrer com isto. Agora que nos aproximamos no tal 11/11 e que, segundo pessoas místicas e espiritualizadas, temos uma excelente oportunidade  de escolhermos nossos destinos, acho que vale a reflexão e a escolha. Lembrando, meus queridos, que muitas vezes não escolher nada é também uma escolha.

sábado, 1 de outubro de 2011

Carta a um marido lindo

A semana que passou teve uma data importante para a Cabala. Dia 29 foi comemorado o “rosh hashana” que, a grosso modo (perdoem-me os entendidos), foi um dia importante para recomeçar. Deixar energias negativas para trás e abrir as portas para as boas energias. Nesta mesma semana, não por acaso, eu e o meu marido passamos por uma importante provação enquanto casal. Um momento triste, transformador e que nos uniu ainda mais. E, fechando este turbilhão que foi esta tal semana, hoje é o aniversário do Marco, meu companheiro, amigo querido, amante e marido (seis vezes marido, como ele diz). Estou cada vez mais segura de que o universo sabe o que faz. E sabia o que estava fazendo quando nos trouxe do RS para SP, cada um com suas histórias, para vivermos uma nova história, juntos, na terra da garoa. O Marco tem muito da energia do “rosh hashana”. É um ser mutante, livre, desapegado e aberto a receber e passar boas energias. Aliás, do abraço dele saem estrelinhas. Ele sabe como ninguém passar coisas boas pras pessoas e agora, muito recentemente, começou a se permitir receber tudo de bom que merece. Faz uns três anos que eu o conheci e não paro de me surpreender. Com a capacidade de se reinventar, de crescer como pessoa, de ouvir, e de amar incondicionalmente. O Marco não é um ser perfeito. Nem eu. Ufa. E eu o conheci com esta consciência. Não foi uma paixão avassaladora, daquelas que cega as pessoas (e depois tira o chão, quando a vida real começa a aparecer). Mas um amor lindo e construtivo que foi nascendo à medida em que fomos nos libertando dos nossos medos. É por isto que eu o admiro de verdade. É por isto que esta amor “vingou”. Pelo que ele é na raiz, com todos os defeitos e o absurdo de qualidades que tem. Pelo que descobrimos juntos e pelo tanto que crescemos como gente no decorrer da nossa relação. Sou uma criatura muito feliz, positiva, otimista. Tenho sorte, claro. Mas tenho os pés bem centrados para entender que soube semear naquele homem tão cheio de possibilidades um montão de coisas gostosas. Eu fico olhando por aí muitas amigas em busca do tal “amor de verdade”. E começo a me convencer, convivendo com o Marco, que ele está bem mais perto do que a gente imagina. Escondido dentro da gente (que nem aquela historinha de Deus que o indiano me contou). E que saber reconhecer isto facilita tudo na hora de escolher um companheiro de jornada. Quer ser amada? Ame primeiro. Sem cobrar, sem esperar muito. Se a pessoa com quem você vai compartilhar tudo isto tiver sensibilidade suficiente para entender a força disto, acredite, vale muito a pena. Amo o Marco pelo que ele é, do jeito que ele é. E também porque ele me lembra todos que eu tenho sangue correndo nas veias. Estou viva com ele. E isto, meus queridos, é o que faz valer muito a pena. Love you, meu lindo!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O diabo em nós

Nos últimos dois dias eu participei de um encontro de Marketing Industrial que, felizmente, se mostrou bem surpreendente. Participo há alguns bons anos e desta vez saí de lá bem transformada. Não que nos outros anos não tenham sido maravilhosos os debates e os temas mas, neste ano, não pergunte por que, a aura tava diferente. Se falou muuuuito de gente. Não aquela gente como “capital humano”, “capital intelectual”. Mas gente de verdade, com carne, osso, alma, medos e limitações. Uma delícia. Eu ali, rodeada de executivos, todos vestidos iguais (99% de terno preto), enxergando de camarote cada um deles se abrir a mostrar um lado bem humano. Falou-se em essência, em confiança, em valor, em meditação e acolhimento. Parece que este jeito feminino de conduzir a vida começa a ser reconhecido. Yes, we can :) O melhor de tudo foi ver aqueles marmanjos todos no palco, abrindo seus corações, falando, se expondo e, pasmem, sendo acolhidos e aplaudidos pelos demais. Ninguém ficou “exposto”, passou por ingênuo ou romântico. Que nada. Parece que todos pensavam a mesma coisa. E alguns tiveram coragem de fazer a leitura do tal pensamento coletivo que estava por lá. Eis que chegou o diabo. Digo. O debate sobre o diabo. Mas antes, só para preparar o terreno, um pouquinho de Deus. Eu aprendi algumas coisas com a vida nos últimos anos sobre a tal presença divina em cada um de nós. Segundo uma história que um indiano me contou, Deus se escondeu da gente e nos deu o desafio de o encontrarmos. Saímos como loucos por aí, nesta busca desesperada e... nada. Na igreja, nos mosteiros, nos cantos todos inesperados da vida. Eis que Deus estava lá, bem confortável e sapeca, escondidinho dentro de nós. O problema é ter a consciência de olhar pra dentro e enxergá-lo. Metáfora linda para explicar que Deus está em nós. Simples assim. Mas como é complicado...
Pois bem. Eis que em um determinado momento começou o tal assunto do ser humano na sua incompletude, com suas fragilidades. Admiti-las e permitir conexões nestas brechas de imperfeições nos faz crescer como pessoas. Pode errar, pode recomeçar. Pena que não nos contaram isto na escola. Só que diferente de errar e se aceitar imperfeito, o que não pode é dividir a alma. E aí entra o diabo, com ou sem tridentde pontudo na mão. você escolhe. Segundo Jean Bartoli, um francês que muda minha vida cada vez que abre a boca, o diabo é simplesmente “aquele que divide, que separa, que quebra”. Ou seja, assim como Deus está em nós (e não é responsabilidade de ninguém, que não nossa, encontrá-lo), a presença do tal diabo nas nossas vidas também é uma escolha nossa. Se deixarmos nossa alma se dividir, estamos diante dele. Se não enxergarmos que a pior pessoa para nós mesmos somos nós mesmos e que temos um potencial destruidor enorme, não há Deus “que salve”. O significado de satanás está também muito próximo disto. É “aquele que acusa”. Ou seja, está presente toda vez que perdemos a noção da nossa completude e acusamos os outros, passamos para fora uma responsabilidade que é nossa. O ser satânico é, ainda segundo Bartoli, aquele que diante do problema acusa, vira membro de uma manada e não assume seu papel de indivíduo consciente. Era tão mais fácil quando havia um ser sagrado lá fora pronto para nos salvar de todos os males. Pois é, parece que ele não existe assim, deste jeito. O ser divino e todo o mal estão dentro de nós, ao mesmo tempo, todo o tempo, num conflito eterno e inacabado. Fechar os olhos e escutar os sussuros desta batalhas pode ser o primeiro passo para nos encontrarmos enquanto indivíduos indivisíveis que somos, tão completos e tão imperfeitos, graças a Deus.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Anjos não têm asas


Hoje eu vou fazer na minha casa um ritual bem simples que simboliza que estou recebendo por alguns dias uns anjos que vêm para cuidar da gente e trazer coisas boas pro nosso lar. Depois, eles descansam uns dias e seguem a jornada, em outras casas. Mais ou menos como aquele ritual católico (quem é do interior sabe do que eu estou falando) que um santo da Igreja circula pelas casas, passa uns dias e segue sua missão. O ritual, super simbólico, tem um monte de coisas boas por trás. O principal dele é a minha certeza de que os anjos existem. Melhor, nem todos têm asas. Mesmo assim, são lindos e fazem um bem enorme. Tenho conhecido nos últimos tempos muuuuitos deles. Brancos, pretos, amarelos, velhinhos, jovens, lindos, feinhos, simpáticos, sorridentes. Vêm de todas as partes e muitas vezes não têm vínculo nenhum oficial comigo. Eles aparecem nas ruas, do nada, e, como não têm asas para sinalizar seus "status" passam no olhar suas identidades secretas. Viver em São Paulo, uma cidade tão intensa e corrida parece não combinar com este tipo de habitante. Mas eu posso afirmar: eles existem aos montes, por aqui e em tudo que é canto. Felizmente, eu tenho um bom olho para identificá-los e consigo, ao final de cada dia, contabilizar alguns dos que passaram pela minha vida e a tornaram mais leve e mais gostosa. Os oficiais e os mais tímidos, que deixaram sua pitada de bem e nem pediram crédito. Eu andei conversando ultimamente com um monte de gente sobre a tal teoria do que aconteceria com a Humanidade em 2012. São muitas as especulações e poucos os fatos. Mas alguns bons depoimentos se repetem no que diz respeito a buscarmos, principalmente neste período (pré-2012) pessoas "do bem", que estão dispostas a fazer um pouquinho mais, sem esperar nada em troca. Segundo as tais teorias, nos aproximarmos destes campos energéticos num momento tão significativo vai limpar as nossas energias e nos tornar pessoas mais sensíveis para sentirmos de fato o que vem por aí em termos de ensinamentos e experiência de vida. O meu anjo, pra quem ainda não conhece, é um fofo. Super disposto e muito atento. É também super sociável. Tomara que ele continue encontrando pelo caminho companheiros de jornada tão maravilhosos e cheios de luz. Em São Paulo, em Cachoeira ou no Butão.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Descanso da guerreira


Eu nunca tive aula com a Vera Gerson. Mas tive o privilégio de ter convivido / continuar convivendo com uma turma de gente boa que ela ajudou a formar e a virar adulto na vida. A Vera sempre foi uma referência na Fabico, uma faculdade que, muitas vezes por falta de recursos financeiros, se obrigava a ensinar a pensar. Claro, nem todos os professores tinham esta percepção. Mas a Vera foi mestre nisto. Posso contar assim, rapidinho, pelo menos umas dez pessoas maravilhosas que a Vera ajudou a fazer crescer. Ela ensinou os alunos a virarem gente, a planejarem empresas e as suas vidas pessoais. Desde que eu a conheci, por intermédio da Januza, sua fiel escudeira, passei a admirá-la, sempre cheia de problemas na vida e sempre, sempre mesmo, sorridente. Ela não se queixava da vida, não se enxergava como vítima. Alegre, vibrante, forte, fazia de conta que a tal doença não estava rondando. E foram anos nesta luta. Ontem eu estava conversando com o Bodan, que trabalha comigo, um serzinho com um entendimento todo especial sobre as coisas da vida. E ele comentava do medo que dá de colocar um filho no mundo no meio de tanta coisa estranha que temos visto por aí. Mas ele resolveu olhar esta história por outro lado e se deu conta que colocar uma pessoa bacana no mundo, ensiná-la a amar e a cuidar dos outros, pode ser um belo gesto. E que valeria a pena tentar. A Vera foi uma destas pessoas, que alguém teve coragem de colocar no mundo e que fez toda a diferença por onde passou. Ela me indicou simplesmente os melhores profissionais de RP que já trabalharam comigo (muitos, felizmente, continuam na minha equipe). Sempre tinha um “filhotinho” pra me passar, toda faceira e certa de que eles iriam longe. Por isto, fez muito mais do que precisaria e agora pode descansar em paz porque sabe que deixou na Terra um monte de bons frutos que vingaram e que nunca vão esquecer do seu exemplo. A Vera foi uma daquelas pessoas que levou a sério a máxima de que “a vida é muito curta pra ser pequena”.

A vida é muito curta pra ser pequena.” Benjamim Disraeli

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Esposa trofeu, eu? Não, obrigada.

Ontem eu fui no cinema assim, meio sem querer, sem altas expectativas em relação ao filme. Claro, fui bem acompanhada e seguindo a dica que uma amiga, que foi junto, e que não costuma dar muito fora. O filme também era francês, o que já me agrada muito. Cinema francês não tem muito mistério (pra mim): ou é algo muuuuuito arrastado, ou é algo muuuito legal e profundo. Então, somando a indicação + o fato de ser francês, a estatística parecia bem favorável. E foi. Eu dificilmente saio assim, no escuro, sem ler antes a respeito. Mas tenho experimentado este tipo de situação e até que tem sido divertido me deixar surpreender. Pra quem casou e não sabia nem a cor das flores da festa, ir ao cinema no escuro é mole. Felizmente, pra fechar com chave de ouro meu domingo super animado, o filme era delicioso. Chama-se "Potiche - esposa troféu" e é um soco no rim das relações. A protagonista, pra ajudar, era a Catherine Deneuve, com o perdão da redundância, deslumbrante. E o seu amante sindicalista era ninguém menos que o Gérard Depardieu, um pouco menos charmoso que antigamente, por conta de alguns bons quilos no corpo. Mesmo assim, estavam belíssimos e intensos na história. A grosso modo, Suzane, a esposa, teve uma vida submissa de dona de casa casada com o marido, que assumiu a fábrica do pai, o dela. Estava tudo bem. Sempre foi assim, durante longos 30 anos. Mais ou menos como a vida de um monte de gente. Tudo igual. Mas não mexe que eu não quero me incomodar. Eis que alguns fatos tiraram o casal de sua fachada e da zona de conforto e, finalmente, a esposa, que era um troféu, saiu da prateleira para mostrar ao mundo a que veio. Parece que o filme é baseado numa peça que fez sucesso nos anos 70 e que, justo por isto, é ainda mais vanguarda. Olhar pra fora hoje e encontrar mulheres com coragem de mudar e assumir novos papeis não é tão inédito assim. Mesmo assim, o filme tem um componente bem bacana. A Suzane, ao assumir a fábrica, não tornou-se um "arremedo" de homem e nem pensou em seguir os passos ditatoriais do maridão. Foi absolutamente feminina e sensível (como, aliás, havia feito o seu pai, idealizador da fábrica), tratou as pessoas como gente (veja só) e conquistou uma legião de admiradores pelo caminho. Melhor, ela nunca fora imaculada ou conformada e teve, de forma sutil e elegante, suas válvulas de escape, mostrando-se muito mais inteligente e menos submissa do que parecia. Não estou pregando a traição de nenhum dos lados nem que tenhamos que ser "mulherzinhas", no sentido bem preconceituoso da palavra (que pena, ele existe), para alcançarmos algo. Mas se soubermos resgatar o feminino das nossas relações, as coisas ficam bem mais leves e fáceis. Eu faço isto meio que o tempo todo. Tenho até um grupo delicioso de estudos para entendermos melhor o assunto. Pelo menos, eu tento. Tem gente que me chama de Pollyana, mãezona demais, romântica. Eu chamo de Andréa. Simples assim. Consigo ser uma esposa, amiga, filha, sócia, chefe e não tenho ninguém por perto tentando me deixar exposta na prateleira. Pelo contrário, as pessoas que me amam de verdade, me ajudam a voar e me esperam bem felizes na volta. E, apesar dos tropeços pelo caminho aqui ou ali, estou bem feliz com a minha escolha. Depois do filme de ontem então, ainda mais animada com esta história de continuar deliciosamente inconformada e animada com a vida. Boa semana!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Em defesa do pobre frio

Eu tenho uma amiga meio bruxa, meio fada, toda linda e cheia de boas energias que me contou uma história bem bacana. Ela tem um filhinho que estuda numa escola alternativa em Porto Alegre. As crianças plantam, colhem, têm aulas para a vida e uma professora que as acompanham ao longo de bons anos. Esta amiga foi convidada para uma espécie de workshop com os colegas do filho, onde poderia propor uma atividade qualquer de interação. Aproveitou que chovia para contar às crianças a "história" do sol interior. Segundo ela, quando chove ou quando faz um dia assim bem feio, nublado, é porque o sol foi se esconder dentro da gente. E estes dias são os mais adequados pra exercitarmos o tal "sol interior". Tenho acompanhado a saga de gaúchos e paulistas nos últimos dias em relação ao frio. Me incluo entre eles nesta lamentação / estranhamento. Fazer frio em Porto Alegre até vai. Mas em São Paulo é meio raro. Ainda mais por tanto tempo assim. Pois bem. Está um tal de chega pra lá no frio como eu nunca vi. Então eu resolvi exercitar um pouco do meu "sol interior" e pensar em algumas coisas bacanas que o tal frio traz pra vida da gente. Como tudo, e como nós, ele tem os seus lados sombra e luz. É que às vezes a gente se pega enfatizando justo o lado sombra e esquece de um monte de coisa boa (sim, vale para a vida também e para aquelas pessoas "Sofrenildas" que se queixam o tempo todo e não conseguem enxergar nada de bom. Argh). Bem, falando do tal do frio, tem coisa melhor do que comer no inverno? E dormir? Se for agarradinho, Senhor! Melhor ainda. No inverno, as pessoas ficam mais bonitas. Mulheres usam botas, echarpes e, se forem bem ousadas, um batom bem vermelho pra contrastar com o cinza do tempo. No inverno, o por-do-sol fica mais vermelho e as fotos mais lindas. Quando faz frio, tomamos vinho tinto, chá quente, usamos edredom fofinho pra nos enrolar e pra ver TV. Inverno com lareira e/ou fogão a lenha tem um cheiro indescritível de mato queimado. E de infância. Parece que as pessoas se aninham mais quando faz frio. Fica todo mundo mais carente, dengoso, com bochechas cor de rosa e nariz vermelho. As crianças dão um show à parte quando faz frio. Parecem bonequinhos de neve cheios de roupas e de animação. Pra elas, que vivem num mundo de fantasia, inverno é uma delícia, assim, como o verão. Só que faz mais frio. Tudo bem. Eu sei que no Brasil não estamos preparados para enfrentar o frio como estão os europeus e os nova-iorquinos. Mas quem foi que disse que eles não dá pra ser feliz a menos de 10 graus? Eu conheci um argentino uma vez, um médico aposentado que hoje dedica a vida a jogar polo, pelo mundo, com a família toda. Foi numa tarde gelada (e linda) em Buenos Aires e naquele dia ele me contou que  tem seis filhos. Sabe por que ele fez tantas crianças? Porque fazia frio demais naquelas bandas e, segundo ele, o frio aproxima que é uma beleza! Alguém duvida?

Não abro mão das minhas inquietudes

Esta semana foi uma daquelas beeeeeem legais. De trabalho, de interação com as pessoas, de novidades na minha vida e na de um monte de gente querida. Deve ter a ver com o frio, com os eclipses da lua. Sei lá. O que eu sei é que foi uma daquelas bem mexidas. Tô aqui, tentando organizar as ideias e tudo o que eu vivi nestes últimos dias e começo a lembrar de coisas bacanas que  me tocaram. Uma delas aconteceu durante uma conversa com uma criatura querida bem no começo da semana. Falávamos sobre a formação de massa crítica e do quanto é difícil termos por perto da gente pessoas que pensam, opinam, criticam, questionam. Igualmente, comentávamos que a vida só tem graça quando temos por perto pessoas que pensam, opinam, criticam, questionam. Vale pra tudo. Pra família, pra amigos, pra gente que trabalha com a gente, o que, no fim, é tudo meio que a mesma coisa, felizmente. Eu recentemente fui pro Butão e, agora, uns dois meses depois, começo a entender algumas coisas. Lá, as pessoas são talhadas pra pensar. E o governo, o rei, ou seja lá quem for, prepara a população desde cedo de um jeito bem lúdico e leve: usa a arte. Através dela, pessoas bem simples conseguem se expressar, pensar e construir coisas novas, muitas vezes (oba) bem fora dos padrões "esperados". Fico aqui pensando nos moldes em que fomos educados e no quanto nos forçaram o tempo inteiro a entrarmos numa "caixinha" que muitas vezes não fechava com o tamanho das nossas inquietações. Ninguém fez isto porque era feio ou mau. Simplesmente sempre foi assim. E quem saía um pouco fora dos padrões era logo rotulado de estranho, hiperativo ou um monte de outros palavrões bem cabeludos. Estou doida pra sair um pouco da caixinha, do padrão. Estou feliz da vida porque tenho encontrado pessoas com as mesmas vontades / medos / euforias diante destas possibilidades. Desconfio fortemente que nossa geração é uma super cobaia de um monte de revoluções e que uma delas é a de justamente as pessoas começarem a construir suas próprias identidades, sem necessariamente seguirem padrões assim "tão certinhos." Claro, isto tem um custo. E tem também um bônus bem gostoso pra quem está disposto a pagar pra ver. E você, já se inquietou com alguma coisa hoje? Bom fim de semana :)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Avant-garde

Ontem eu fui assistir ao mais novo filme do Woody Allen. Chama-se "Meia-noite em Paris". O que eu tenho a dizer a respeito? Que ele, o Woody Allen, simplesmente enlouqueceu. E que eu adorei! Senhor, o filme é doido demais, lúdico demais, imaginativo demais e, melhor, real demais. Pode ter várias leituras e nuances (ok, todos podem), mas eu resolvi compartilhar o que pegou em mim. Pode ser? Assim, sem pretensões intelectuais ou críticas cinematográficas. Antes, um parêntese: gente, que Paris é esta? O filme traz cenas poéticas e deliciosas da cidade que são capazes de fazer quem ainda não se apaixonou por ela (alguém?) pensar seriamente no assunto. Ok, foco. Volta, Deinha. Bem, antes ainda, eu preciso contar que eu assisti ao filme super tocada por algumas coisas pessoais. Voltava da minha curta lua-de-mel no interior de São Paulo quando, chegando em São Paulo, decidimos não ir para casa e fomos direto ao cinema, de tênis mesmo, seguindo o conselho do José Carlos, que havia comentado: - Andréa, você tem que ver o filme! Ok. Eu obedeci. No dia anterior, sábado, entre tantos filmes que vimos na pousada, eu reassisti "Dois Filhos de Francisco." O Marco ainda não tinha visto e eu fiquei curiosa para rever a história tanto tempo depois. Fala de um pai que ousou sonhar, tido como um "louco". E que viu o tal sonho aconteceu. Fantasias à parte, fala do que está faltando na maior parte da vida das pessoas que eu vejo por aí: coragem para acreditar nos sonhos, fantasia, imaginação, determinação. Sem querer contaminar a percepção de quem ainda não assistiu Meia-noite em Paris, eu diria que o filme surfa muito bem nestes aspectos. O Woody (para os íntimos) se permitiu "viajar" completamente no roteiro, com profundidade e sensibilidade absurdas. Viajou no tempo e na imaginação, desenhando universos paralelos sutis e muito tocantes. Numa leitura mais rasa, mostra a história de um escritor que vive (e muito bem) de roteiros hollywoodianos  e que sonha, desde sempre, em tornar-se um escritor  de verdade. Morar em Paris faria parte dos planos para chegar lá. E aí Paris entrou na história, deliciosamente de carona, sentou e pegou a janelinha. E aí começam os dilemas, os "delírios" e os dramas tão absurdos e tão familiares das nossas vidas. O filme ousou reunir Picasso, Salvador Dali, Gertrude Stein e Hemingway em dilálogos pra lá de divertidos e cheios de poesia. E os levou e trouxe de volta aos seus e aos nossos tempos. E a história, que tem tudo pra não fechar, começa a fazer sentido e a provocar os pobres seres que a assistem, que não sabem se riem ou choram da própria falta de imaginação de suas (nossas?) vidas reais. Um belo chacoalhão pra um fim de tarde de domingo chuvoso. Na simplicidade lindíssima de "Dois Filhos de Francisco" ou na ousadia romântica dos universos paralelos de "Meia-noite em Paris" eu me perdi, me reencontrei e questionei muita coisa. Entre elas, a falta que faz a poesia na vida da gente. Que coisa boa quando deixamos que ela entre sem bater. E que tome conta da nossa história, ainda que por alguns instantes. Avant-garde!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Marco e Andréa

Eu adoro provocar as pessoas. Principalmente quando entre "estas pessoas" estiver o Fabio, uma criaturinha brilhante que trabalha comigo. Não contem isto pra ele, por favor, senão ele vai ficar todo bobo. Pois bem, o Fabio foi um achado na minha vidinha muuuuuuitos anos atrás. Me enviou uma caixinha / portfolio junto com um colega (na época das duplas de criação) e aí começou o nosso namoro profissional. Demoramos uns 10 anos para consumarmos nosso casamento corporativo e há uns dois anos eu o trouxe da Itália, de mala e cuia. Hoje, além de trabalhar comigo, ele mora em São Paulo e, acreditem, é feliz com isto :) O Fabio fazia parte da comissão organizadora do casamento da Deinha e do Marco. Me envolvi muito pouco nos preparativos porque confiei a história toda a anjos da minha vida. Desde o começo, o Fabio incomodou bastante para que fizéssemos um vídeo. Queria aquele monte de gente com uma câmara na mão gravando as criaturas se divertindo na festa. Eu e o Marco fomos contra, desde sempre, e contamos com total apoio da Januza, dinda linda e responsável por desempatar qualquer impasse. Graças a Deus eu provoquei o Fabio (again). No lugar do vídeo, veio uma música. Ele e a Patricia (que merece muitos créditos também) fizeram uma releitura digamos "mais moderna" da clássica música Eduardo e Mônica. Agora, ela chama-se "Marco e Andréa" e foi o ponto alto da festa. Segue a letra, pra quem curtiu com a gente e se divertiu com a "arte" que esta dupla Fabio e Pati aprontaram. Se continuarem assim, vou provocar ainda mais. hehe

Marco e Andréa
Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?

Marco Cassol abriu os olhos, mas não quis se levantar
Em Alegrete viu que horas eram
Enquanto Andréa tomava um chimarrão
No interior de Cachoeira, como eles disseram

Marco e Andréa um dia se encontraram por querer
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer
Foi uma prima do Marco que disse:
Ele até que é legal, você vai querer curtir

Festa estranha, com gente esquisita
"Eu não tô legal, não agüento mais birita"
E a Andréa riu, e quis saber um pouco mais
Sobre o carinha que atiçava o coração
E o Marco, meio tonto, só pensava em ir pra casa
"Amanhecendo, eu tenho operação"

Andréa e Marco trocaram facebook
Depois se cutucaram e decidiram se encontrar
O Marco sugeriu Carioca Club,
Mas um funk a Andréa não queria encarar

Se encontraram então no Ibirapuera
A Andréa de carro e o Marco de "motinho"
O Marco achou legal, e melhor não comentar
Mas a menina era gostosa de shortinho

Marco e Andréa eram nada parecidos
Ela era de peixes e ele se achava o tal
Marco tinha medicina e falava alegretês
E ela ainda estressada na Sarau

Ela gostava do Neruda e flamenco,
Borghetti e Drummond, de Quintana e de Bauman
E o Marco gostava de mergulho
E ainda ia andar de moto todo dia de manhã

Ela falava coisas sobre um mundinho rosa
Também magia e equitação
E o Marco ainda tava no esquema: "ioga, bateria,
rock, meditação"

E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia, como tinha de ser

Marco e Andréa tiveram muitos sonhos, tantos planos
Pegaram as mochilas, e foram viajar
E a Andréa explicava pro Marco
Coisas sobre o B2B, o céu, a água e o mar

Ela aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer
E decidiu relaxar (nããão)
E ele percebeu que sua paixão
É um amor que veio pra ficar

E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos, muitas vezes depois
E todo mundo diz que ele completa ela
E vice-versa, que nem feijão com arroz

Compraram uma casa há uns três meses atrás
Um castelo pros filhinhos chegando
Batalharam grana, seguraram legal
Não tem problema quando se está amando

Marco e Andréa vão voltar para São Paulo
E a nossa amizade é uma grande curtição
Só que nessas férias, não vão viajar
Porque ela ainda tá pagando a viagem pro Butão
Ah! Ahan!

E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Casei pela quinta vez (com o mesmo marido)

Quem tem acompanhado ainda que de leve a minha historinha de vida pós-assumir São Paulo sabe bem que, depois de alguns percalços pelo caminho e de eu ter ficado um pouco assustada com tanta novidade / desafios na cidade grande, eu me permiti investir no amor. Simples assim. Conheci o Marco há pouco mais de dois anos, por intermédio de uma amiga / prima dele, verdadeira irmã pra mim, numa situação muito inusitada. Fomos passar as duas um fim de semana em Gramado, eu no lugar do então namorado dela que não pode ir e, conversa vai, conversa vem, surgiu o nome do Marco da história. Segundo ela, o "primo" era um cara legal e bem doidinho que eu adoraria conhecer. Estava eu justamente no garimpo de pessoas bacanas em São Paulo, já que cheguei aqui sem conhecer praticamente ninguém. E lá veio ele, todo simpático me buscar numa noite qualquer. Me levou direto pra um boteco com toda a turma do MBA dele e me jogou entre eles todo faceiro. Primeira impressão: o cara era mesmo bem espontâneo. Naquele mesma noite rolou um beijinho roubado e outras tantas noites vieram, com conversas gostosas, saídas em lugares bacanas (outros nem tão bacanas assim). Nossa história foi um típico rolo daqueles que mais desatam do que atam. O guri, na flor da idade, só queria saber de curtir a vida. Aparecia, sumia e, quando reaparecia, me confundia toda com aquele sorriso de alma que só ele tem. Não me perguntem por que, mas mesmo tendo todos os motivos pra sumir e mandar o vivente passear, eu resolvi investir na história. Tava me testando mesmo, experimentando um novo olhar pra esta coisa de amor. Nossa história foi bacana porque começou bem do avesso, assim, sem planos nem modelos e foi se construindo sem grandes expectativas. Muita gente foi contra. Muita gente não entendia o que uma menina tão "certinha" via naquele cara aparentemente tão doidinho e despreocupado com grandes compromissos. Mas eu, macaca velha em algumas coisas da vida e um tanto bruxinha, enxerguei bem mais do que o modelo tentava representar e, bem de mansinho, cheguei na alma da criatura. A intimação só veio quase dois anos depois, no fim do ano passado, quando eu tinha certeza de que ele era o cara e que eu precisaria dar um aperto no guri pra ele "pegar no tranco" e entender que tinha tudo pra me ter. Mas que tava me perdendo. Foi bem duro ter que dar "um gelo" nele. Mas foi o jeito que eu desenhei (muito mais com o meu coração do que com a razão) de transformar as coisas em uma coisa boa de verdade. Eu não gritei, não xinguei, não cobrei. Só abri o meu coração pra ele assim, com uma praia ao fundo, e falei tudo o que eu estava sentido. Não é que deu certo? O Marco sempre foi um guri casadoiro mas muito assustado com esta verdade. Sempre teve o coração maior que o mundo, mas tinha um pouco de medo de enxergar a coisa. Eu, quietinha no meu canto, fui desarmando o guri e, vejam só, hoje sou esposa dele. Foram vários casamentos, todos retratados num mimo delicioso que minha equipe de meu de aniversário: teve o do facebook (ele me "pediu" em casamento assim, on line). Depois veio o civil, uma cerimônia budista maravilhosa (e de surpresa) num retiro de carnaval. Teve "lua-de-mel" em Nova York com a sogra e uma pausa pro noivo respirar com a noiva 21 dias fora (no Butão). Na volta, no meio da obra do ape novo, preparativos mil pro casamento. Este sim pra família, com direito a padre, digo, frei querido, e tudo. Casamos mais uma vez na quinta passada, desta vez numa igreja católica (os padres não podem casar mais fora da igreja) e uma cerimônia, evento, constelação de boas energias inesquecível no último sábado, no Vila Ventura, em Viamão. Pronto, casei. Pela quinta ou sexta vez (depende do ponto de vista) e, melhor, com o mesmo marido. Nossos votos estão mega renovados, reforçados e ainda não conseguimos parar para respirar e entender tudo de mágico que aconteceu naquela noite de sábado, 18 de junho. Escolhemos a dedo os convidados. O perfil era: pessoas com alto astral e que gostamos muuuuito. Não podia ter sido melhor. Casamos com a alma, abençoados por todas as pessoas amadas que fazem a diferença nas nossas vidas. Mesmo aquelas que não foram (e que estiveram em pensamento com a gente), ajudaram a construir aquele momento e mandaram boas energias de diferentes cantos do Brasil. O discurso do padre foi lindo, leve, divertido. A festa, mais ainda. Música animada, pista cheia e pessoas radiantes que aproveitaram muito. Sei que conselho não é uma coisa que a gente fica assim, dando. Mas eu tenho alguns, bem modestos e sinceros:
• acreditem no amor. Não naquela amor mágico dos contos de fada. Mas no amor real e construído no dia a dia. Meu príncipe, por exemplo, não veio num cavalo branco. Estava numa motinho, sem banco;
• em vez de ficarem olhando pros defeitos das pessoas, experimentem enxergar (e comentar) o que elas têm de bom. Claro, ter consciência dos defeitos ajuda a manter os pés no chão;
• casem. Uma, duas, quantas vezes vocês acharem que vale a pena. Não precisa ter padre, flores, doces. Tem que ter amor e um bando de gente que ama vocês por perto. Assim, a festa fica completa.

A todos aqueles que direta ou indiretamente me ajudaram a viver aquela noite inesquecível (e as demais dos outros casamentos com o mesmo marido), meu muito obrigada. Sou hoje uma pessoa melhor porque tenho vocês por perto. E porque deixei o Marco entrar na minha vida (ai, que amor!)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Efeito Cosmopolitan

Não sei se você percebeu, mas eu ando meio sumida do blog. Na verdade, ando meio sumida da minha vidinha, eu diria. É que eu fui pro Butão, mudei de casa, casei (melhor, vou casar, ai, não sei mais) e tenho trabalhado bastante (em projetos muuuuito legais). Por esta e por outras, deixei o blog meio de lado, assim como várias rotinas que eu tinha e não estou conseguindo manter. Pior, não me sinto culpada por isto. O blog, querido companheiro de desabafos, está ali, pronto para "me ouvir" quando eu precisar falar. E tem tido paciência com este meu tempo para digerir as coisas. Coisa boa isto. Sem metas, sem pressa, aceitando o "time" das coisas. Muito bem, Deinha :)
Pois bem, agora me deu vontade de falar. Eu tenho pelo menos uns oito ensaios de textos que comecei a fazer pro blog nos últimos dias. Sobre o Butão, sobre a tal felicidade, sobre as mulheres celtas, sobre um livro bacana que me indicaram. Mas eles vão esperar mais um pouco, no meu limbo de pensamentos. Hoje eu fiquei com vontade de compartilhar uma transgressão da Deinha. Sim!!! A Deinha é humana e fez "arte". Ufa! Foi ontem à noite. Coisa de adolescente "tardia" e, pasmem, uma travessura muito divertida.
Saí com um grupo de amigas que eu gosto demais. Somos quatro no total e passamos há três anos um ano-novo em Angra com  um grupo de amigos. O encontro foi bem simbólico porque todas passávamos por momentos importantes das nossas vidas pessoas. Umas começando uma história, outras terminando, muuuitas coisas acontecendo e uma sintonia deliciosa que aconteceu entre nós naqueles dias inesquecíveis. De lá pra cá muitas águas rolaram. Duas casaram, uma teve bebê (a lindíssima Angelina, hoje com 8 meses), uma se separou e hoje tem um novo namorado muito querido. Mudamos da água pro vinho e ontem foi uma noite de reencontro para comemorarmos e colocarmos o papo em dia. Uma delas (a do bebê) estava desmamando a filhota (oba. ela mamou no peito por oito meses) e, depois de quase dois anos, se permitiu beber sem culpa. Peitos doídos e cheios de leite (desmamar não é assim tão fácil) e muito assunto represado. Estávamos eufóricas, felizes pelo encontro e cansadas de tanto correr e trabalhar. Lá, num lugar simplesmente delicioso que descobrimos, fomos tratadas com todo o carinho e com muitos mimos pelo garçon e pela dona. O que aconteceu? Cosmopolitan vai, Cosmopolitan vem, perdemos o controle. As quatro. Eu bebo muito pouco. Quase nada. E ultimamente tenho bebido cada vez menos. Uma taça de vinho tem sido bem suficiente para me deixar bem tontinha. Beber não me cai bem e eu acho isto um "problema" ótimo. Ninguém precisa beber pra ser feliz. Passei muitos carnavais completamente sóbria e feliz. Mas ontem, por esta conjunção astral toda, resolvemos brindar. Ao encontro, aos maridos queridos, à família, aos amigos, ao amor, ao casamento que se aproxima. Brindamos, rimos, falamos besteira e perdemos a linha. Estávamos de carro (num carro só) e, passado da meia-noite, tive um momento de lucidez e enxerguei a cena com clareza: não tínhamos condição de voltarmos pra casa, muito menos dirigindo. O que eu fiz? Prontamente liguei pro maridão (anjo, querido, machão, amado), que dormia em casa, e pedi socorro. Simples assim. Sim, a Andréa "controladora" e toda metida a poderosa, como ele costuma falar, teve a humildade (e, repito, a lucidez) de pedir ajuda. Não me perguntem como, mas em cinco minutos ele estava lá, a postos, todo preocupado (e se divertindo com a cena), com dois litros de Coca embaixo do braço e com uma estratégia montada. Segura uma daqui, paga a conta acolá, pega os casacos, bolsas e afins e, finalmente, partimos para nossas casas. O resgate teve vários percalços pelo caminho (quedas, narizes machucados, celulares e boinas perdidos) e outras coisitas mais, impublicáveis para os estômagos mais sensíveis. E o que fez Marco? Sorriu, acudiu e devolveu, uma a uma, as meninas aos seus respectivos maridos / namorados / amados. Na volta, ainda teve o sangue frio de parar o carro ao lado da torneira da nossa garagem e limpar algumas provas do crime. Passava a esponja, cantava e cuidava de mim que, "tentando ajudar", atrapalhava ainda mais a operação. Acho que ele ficou feliz por muitos motivos: porque eu me permiti "transgredir" e perder o controle e, principalmente, porque eu pedi ajuda. Ele estava se achando o super homem, "salvando" aquele bando de mulheres, todas poderosas e, naquele momento, vulneráveis e aceitando a ajuda dele. Quase um milagre, eu diria. Claro, não pretendo repetir a experiência. Não aconselho a ninguém acordar como eu acordei hoje. Mas, apesar da ressaca toda, estou bem leve e feliz. Pelas amigas queridas que eu tenho, pela "despedida de solteira" não programada e por saber que meu marido está comigo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença e até na ressaca nossa de cada dia. Marco, eu te amo! Gurias. Apesar dos pesares, eu me diverti muito. Amo vocês também!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Óculos coloridos da deinha

Ontem à noite eu tive mais um encontro das Gestadoras do Futuro, um grupo de mulheres (e homens) que dedicam tempo e energia em busca do resgate do poder feminino, no seu sentido mais autêntico (e, por favor, nada óbvio). O que se busca nestes encontros é uma forma de suavizar as nossas relações, pessoais e profissionais, através do resgate de valores sutis e amorosos. Parece uma viagem. E é. Por isto mesmo é tão interessante. Mais do que buscar alcançar este objetivo, o grupo me dá a rara e valiosa oportunidade de interagir com pessoas fantásticas, com experiências de vida bem diversas e muita vontade de trocar. Falávamos, entre um chá e outro, sobre o nosso olhar sobre o mundo. E no quanto ele pode estar "viciado" em lentes artificiais. Desde que eu voltei do Butão as pessoas me perguntam o que eu vi, senti e, de forma velada, o que eu achei de tudo aquilo. Estou angustiada porque eu ainda não achei nada. Eu só vi e ouvi muita coisa por lá. E ainda não consegui ouvir a mim mesma. Tenho um medo enorme de jogar nas palavras impressões preconceituosas sobre um país cuja cultura difere da nossa em praticamente todos os aspectos. Quem sou eu para julgá-los ou para dizer se estão certos ou errados? Uma das pessoas do grupo de ontem trouxe a história de um monge tibetano que veio morar na Argentina. Sim, ele saiu do Tibet a convite de algum argentino (eles só podem sair com convites formais do país que o convida) e veio viver sua vida na América do Sul, dividindo sua vida com "los hermanos". Quando questionado sobre o motivo que o fez mudar radicalmente, ele contou que veio para ver como vivem "os pobres do mundo". Sim, na visão dele, com a lente dele, nós somos seres diferentes e estranhos, pobres (talvez dignos de compaixão) e, principalmente, muito bravos. Digo "somos" porque nossos comportamentos ocidentais de sulamericanos são bem parecidos, em linhas gerais (no trânsito, no trato com o outro). Ele não consegue compreender por que os argentinos gritam e exaltam-se tanto por qualquer coisa. Como nós não compreendemos os casamentos arranjados da India ou as práticas e rituais de países com o Butão. Talvez não tenhamos sequer que tentar entender. Somente respeitar. A Regina, uma destas pessoas que não vive neste planeta (um anjo talvez) trouxe ao debate um conceito bem legal. Ela falou em não usar a expressão "direitos humanos", porque ela já carrega um tom de "certoX errado". Mas se falarmos em valores humanos, eles são universais. E, por isto, não se pode admitir nenhuma violência, em nome de uma religião, de uma cultura ou do que for. Simples. Não, felizmente eu não vi nenhuma violência deste tipo no Butão.  Pelo contrário. Então tá. Resumindo e entregando um pouco do que eu já consegui digerir até agora: os butaneses são felizes de verdade, sim. Com seus óculos coloridos por bandeiras e crenças, com seus estilos de vida e com uma boa dose de budismo pra acalmar a mente, fica mais fácil atingir altos indicadores do FIB (Felicidade Interna Bruta). Eles não têm o nosso chip para o consumo (por quanto tempo?) e têm uma paz de espírito bem escassa por estas bandas de cá. Se eu viveria lá e me consideraria feliz por isto? Acho que não. Nem por isto eles são melhores ou piores que nós. São diferentes e, por isto, tão ricos e curiosos. Se eu vou conseguir aplicar o tal FIB na minha vida pessoal, nos meus clientes, em algum lugar? Também não sei.  Independente da aplicabilidade prática do indicador, ele mexeu comigo porque me levou para o outro lado do mundo, colocou novos ares na minha vidinha e abriu minha agenda para duas semanas de paz comigo. Com ou sem o óculos rosa, a Deinha voltou do Butão diferente. Mais leve, inquieta, verde de tanto tomar chá, cheia de cores e experiências nas bagagem. Eu ainda não a desvendei, mas gosto dela mesmo assim. Assim, escabelada, desnorteada e com um sorrisão gigante entregue nas fotos.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Impermanência

Como eu já disse anteriormente, sou uma simpatizante do budismo. E agora, na minha volta da India, ainda mais do hinduismo. Também entendo que o espiritismo faz muito sentido e respeito quem é católico, praticante ou não. Eu voltei da India / Butão há pouco mais de uma semana. Minhas ideias e meu fuso (con-fuso horário) começam a se organizar agora. É que na minha volta a minha rotina não teve nada de normal. Casa nova, muitas caixas espalhadas, marido, preparativos para a festa do casamento, muuuitas mudanças. Não sei como teria sido se eu tivesse voltado dentro de "condições normais de temperatura e pressão". Mas a minha nova realidade está bem  divertida e completamente "fora da rotina". Aí eu me lembrei de um ensinamento budista bem bacana, que fala da impermanência. A grosso modo (como eu disse, sou simpatizante ainda e, portanto, leiga), ele fala que nada na vida é certo. E que nos apegarmos a qualquer coisa (pessoas, objetos, acontecimentos) é uma pena porque elas, cedo ou tarde, passarão. Parece meio duro, meio frio. Mas faz muito sentido. Você já parou pra pensar como era e no que você acreditava 20 anos atrás? E no quanto suas ideias, desejos e visões de mundo se transformaram? Pois é. Não sei quanto a você, mas pra mim, tudo mudou muito. E espero que continue mudando, de preferência pra melhor. Quando eu estava no Butão, diante de algumas paisagens simplesmente deslumbrantes, imensas e serenas, eu tive o cuidado de me concentrar algumas tantas vezes pra viver aquele momento. Respirava e tentava ter a máxima consciência possível do que eu estava vivendo. Eu sabia que dali a alguns minutos, tudo seria passado. Assim é nossa vida. Mudamos o tempo todo. Mesmo sem querer. Acontece. Faz parte. Eu sou apegada às pessoas. Gosto delas, gosto de interagir, de saber como elas estão. Mas estou tentando me desprender um pouco desta coisa da "posse" que fomos ensinados a exercitar para deixá-las bem livres e seguras de si. Se elas mudam o tempo todo (e mudam), temos que mudar também. E reconquistá-las, surpreendê-las, reaprendermos a lidar com elas. Isto vale para objetos, claro, para desafios, para o que eu conquistei. Estou tentando escrever sobre a viagem, sobre as minhas anotações e os pensamentos que surgiram nestes quase 20 dias de experiências inusitadas. Quanto mais eu penso, menos sai. Muita informação. Muita coisa pra pouco tempo de vida real. Aí me surgiu a vontade de falar sobre isto. Sobre a impermanência das nossas vidas. E sobre o quão libertador é aceitarmos este fato e conseguimos lidar com ele em paz. Simples assim. Mas quem disse que é simples?

* este menininho butanês fez meu tempo parar quando eu o vi. Lindinho, simpático e super interativo, ele me fez lembrar do meu mundinho rosa quando eu tinha a idade dele. Passou, mas continua vivo dentro de mim.

terça-feira, 26 de abril de 2011

O tigre e o veado

 Pois bem. Estou de volta depois de alguns dias estonteantes na India e, finalmente, no Butão. A viagem não poderia ter sido mais perfeita. Foi preparada com cuidado cirúrgico para irmos nos ambientando e preparando nossos corpos e espíritos para o que estava por vir. Na chegada, Dehli, com seu misto de cheiros, barulhos e cores. No dia seguinte, pé na estrada. Muuita estrada. Fomos em direção ao extremo nordeste da India, aquela pontinha beeem na direita, quase invisível. Lá, na região chamada Assam, ficamos no parque do Kaziranga, gigante, lindo, imponente. O parque abriga as espécies mais inesperadas de animais e é reconhecido como refúgio mais importante do rinoceronte indiano de um só chifre (foi a Wikipédia que disse). Pois bem, meu primeiro, melhor, segundo contato com a India foi bem impactante e inesperado. Depois de um trecho de avião e estrada quase sem fim (com emoção, vacas e caminhões doidos e cheios de enfeites pelo caminho), chegamos, quase à meia-noite, na pousada que nos hospedaria por alguns dias. Tudo muito diferente da India que eu via imaginava. Imagino que é como os estrangeiros enxergam o Brasil quando chegam por aqui e encontram tanta diversidade. O hotel era uma antiga casa de caça inglesa. E fica numa região extremamente pobre da India. Os guias, o turismo, tudo gira em torno do parque, que é lindo e abundante. E funciona só seis meses por ano. Nos demais, chove e alaga tudo. Muito doido. No primeiro dia, grandes emoções e um passeio de elefante logo de madrugada. Quando vimos o primeiro rinoceronte, nooooossa, quanta emoção. Ele ali, a alguns metros e nós ali, em cima do elefante, do ladinho. Misto de medo e euforia. E seguimos o baile. No caminho, um ou outro veado camuflados foram se revelando. No primeiro deles, fotos, comentários. No décimo, já começávamos quase irritadas por ele estar "atrapalhando" possibilidades de vermos outros bichos mais raros e menos repetidos.
O ponto alto da viagem aconteceu de tarde. Nosso guia, super simpático e sorridente, estava realmente orgulhoso em nos acompanhar e vibrava com nosso respeito e interesse pelo que víamos. Ele tinha olhos vibrantes e curtia conosco cada descoberta, como se fosse a primeira vez. Um macaco velho que não perdeu o jeito de sorrir. Cheio de lendas e histórias, contou, empolgado, que tínhamos uma chance, muito remota, de vermos um tigre de verdade assim, na nossa frente. Para isto, teríamos que esperar a tarde cair, em silêncio. Perguntou se topávamos o desafio e se teríamos paciência para a missão. Claro que sim, foi o que dissemos. Ficamos exatas três horas parados no jeep, aguardando. Mal respirávamos e, enquanto estávamos ali, absorvendo aquele cheiro de mato, vimos muita coisa linda acontecer na nossa frente. No pacote, elefantes selvagens que atravessaram a alguns metros do carro, rinocerontes, claro, e algumas aves bem exóticas e lindas. Mas não estávamos tão preocupados assim com eles. Queríamos o difícil. Queríamos ver o tigre!
E não é que ele veio? Quando o parque estava quase por fechar (tínhamos que sair - eles são bem rígidos com as regras), avistamos um sinal meio cor de laranja saltando no meio da vegetação alta. Euforia, medo, excitação, adrenalina. Depois do "sinal", ficamos praticamente sem respirar, dividindo-nos em fatias de visão, com ângulos de 90 graus para cada um. Não podíamos perder um milímetro de mato, sob pena de perdermos o espetáculo que tanto esperamos. Eis que, literalmente aos 45 segundos do segundo tempo, ele apareceu. Majestoso, lindo, tranquilo, literalmente desfilando nas nossas frentes. Não consegui tirar foto. Não filmei. Felizmente a Monique teve mais sangue frio e registrou a cena. Foram alguns segundos intermináveis vendo aquela criatura atravessar a estrada a alguns metros dos nossos olhos. Ele sequer olhou para o lado. Nos ignorou e passou, no seu tempo, com suas cores e músculos resplandecentes.
Fiquei me questionando por que esperamos tanto e o quanto aquele momento tão volátil marcou tanto a nossa viagem. E não resisti em fazer um paralelo sobre nossas vidas, sobre os veados (ou qualquer outro bicho mais ou menos "commoditie") nas nossas vidas X o tigre (único, difícil, raro, seguro de si). Não queremos veados, pessoas óbvias ou criaturas repetidas. Nossa busca, desde o tempo de nossos antepassados, sempre teve mais gosto com o que era diferente, com o que dá trabalho. Somos mais ricos quando encontramos um companheiro / companheira que nos desafie, que nos faça ter paciência, aguardar e respeitar o tempo das coisas e que, quando surgem, enchem nossa vida de emoções e sutilezas. Tem gente que se contenta com a primeira foto, com o primeiro relato. Não nasci pra isto. Quero tigres, viagens que me provoquem, pessoas que me façam crescer e repensar minhas ideias. Se você também é chegado em tigres e desafios, aguarde. Tem mais relatos nos próximos posts, deste e dos outros lados da India. Como plus, tem até o Butão. Ufa, respira, Andréa.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Vou-me embora pro Butão.

Ainda não sou amiga do rei, mas, considerando o tamanho do país (eles não chegam a 700 mil habitantes), diria que esta não é uma possibilidade tãããão remota. Mesmo assim, mesmo que eu não consiga tomar um chá com ele, tenho certeza de que terei a oportunidade de encontrar outras tantas pessoas bem ricas e nobres, em histórias e olhares.
Pra quem não sabe (eu não sabia), o Butão é um país (um reino, na verdade), que fica entre a China e a India. É bem pequeno e fica protegido pelas montanhas do Himalaia. Talvez por isto tenha ficado "esquecido" tanto tempo. Felizmente, eu diria, porque graças a isto ele é hoje um dos poucos cantos quase intocados do mundo. A cultura está bem preservada. Ainda é preferencialmente matriarcal (uhu, as mulheres mandam), poligamista e budista. Tudo lá é bem colorido e as pessoas parecem ter saído de um conto de fadas. Quase pequenos gnomos, sorridentes, com roupas típicas, cheios de rituais e lugares sagrados. Eu não quis saber muito sobre o país. Li um pouco, assisti alguns vídeos, mas estou tentando estar bem aberta para chegar lá e conseguir respirar da forma mais livre possível aqueles ares todos. A viagem, como boa parte dos acontecimentos da minha vida nos últimos tempos, foi um grande presente. Eu não desejava conhecer o Butão. Eu não sabia sequer que os butaneses existiam. Mas sabia da minha busca por algumas perguntas e respostas. O budismo tem me trazido algumas delas (respostas e muitas perguntas) e a ida pro Butão representa realmente um divisor de águas na minha vida. Lá eles têm o FIB (indicador que mede a Felicidade Interna Bruta), que tem sido estudado em Oxford e já tem sido implementado em vários países. Muito além das questões econômicas, ele propõe outras visões sobre a vida e as pessoas. Quero entender um pouco mais disto tudo e, se possível, trazer na bagagem muito mais que pashminas e incensos (claro, trarei alguns. Ok, muitos). Mais que isto, espero voltar com histórias e impressões que tenham me tocado, que possa tocar as pessoas, dentro e fora das empresas, e que, tomara, toque também você. Deixo registrada aqui minha alegria pela oportunidade e a euforia diante de tantas mudanças. Sigo amanhã à noite, com o caderno em punho. O computador, bem como todas as tecnologias afins (celular etc) ficará em São Paulo, descansando. Vamos ver como eu me saio, desconectada da tecnologia e, espero, totalmente conectada comigo. Namastê. Até a volta.

Seguem uns links bacanas que eu fui descobrindo pelo caminho:
• http://vimeo.com/18843621 (documentário de Heloísa Oliveira)
• http://www.ted.com/talks/jonathan_harris_collects_stories.html

quarta-feira, 30 de março de 2011

Desaprender é preciso.

Hoje eu tomei um café com uma daquelas pessoas maravilhosas que mudam a vida da gente quando dedicam algumas horas de prosa. Ele é um amigo, cliente, e também um cara que eu admiro e com quem eu acabo sempre filosofando sempre. Bom demais pra abrir a cabeça, especialmente agora, que eu estou com um pé no avião, rumo ao Butão (calma, outra hora, digo, noutro post, eu conto tudo). Pois bem, dentre os assuntos da "pauta", falávamos em aprendizado, em estarmos abertos para as mudança e no quanto isto pode ser rico pras pessoas. Eu tenho sentido isto na pele. Minha vida sempre foi bem animada, eu diria, mas está especialmente agitada e cheia de novidades nos últimos tempos. Minha vinda pra São Paulo foi meio "truncada" nos primeiros meses (anos?) e eu estava bem fechada para digerir tudo isto. Na verdade, eu vim pra cá com um monte de pré-conceitos e ideias meio formadas sobre a vida e as pessoas e aqui, por bem ou por mal, tive que abrir espaço no HD para observar e entender novos comportamentos e situações. Segundo este cliente / amigo com quem eu falei hoje, ele recebeu um ensinamento aos 27 anos, numa multinacional onde trabalhou, que nunca esqueceu. Uma criatura contou pra ele a importância de aprendermos a desaprender para liberarmos espaço e a nossa mente para o novo. Ou seja, nos despirmos um pouco do passado (sem abrir mão dos nossos valores, claro) para abrirmos novas frentes no presente e no futuro. Eu mesma tenho questionado um monte de coisas, tenho reavaliado outras tantas e mudado meu comportamento em váááárias frentes. O que eu aprendi no colégio quase não serve mais e muito do que eu tinha como "certo" nas religiões, por exemplo, tem se transformado bastante. Vale também para meu jeito de vestir, meus hábitos, meus planos. Que bom. Chama-se "evoluir". Pelo menos eu espero que seja por aí o processo. As pessoas têm estranhado, se assustado, reagido um pouco "cabreiras" a algumas das minhas novas "roupagens". Outras, mais doidinhas e empolgadas, estão adorando e até pegam uma carona aqui, outra ali. Não é minha intenção. Mas acontece. Estou tentando esvaziar a caixinha e deixá-la bem arejada para novas e reveladoras experiências. Que venham coisas boas e bem leves pra rechearem minha ignorância de mundo :)

PS: esta imagem, da borracha Mercur, é homenagem a dois ex-clientes e grandes amigos que a vida me deu, o Cloger e o Breno. Continuo aprendendo muito com eles.

terça-feira, 29 de março de 2011

Comer, dormir e escolher os amigos.

Eu estava lendo a revista da Tam no voo (aliás, eu curto muito a revista) e me deparei com a reportagem falando sobre paraquedismo. O inusitado da matéria era a história de um jovem senhor, com seus setenta e poucos anos, que continua saltando e viaja o mundo em busca de adrenalina. Sempre junto com companheiros com idade para serem seus filhos ou netos. Ele tem as feições parecidas com o papai noel, só que em boa forma. Simpático, sorridente, conta suas peripécias no ar e o quanto isto tudo o energiza. Um exemplo a ser seguido, pela serenidade de uma pessoa movida por uma paixão. Ele tem sangue correndo nas veias. Não calçou as pantufas e não se queixa do tempo e das limitações que vêm de brinde. No final da história, ele dá algumas dicas de como, segundo seu olhar, pode-se viver bem. Falou, claro, dos cuidados com alimentação, com o corpo e com o sono, mas incrementou um outro aspecto curioso. Comentou algo do tipo "escolher bem os amigos". Não lembro de ter visto nos manuais algo escrito desta forma. É importante ter paz de espírito, alguma crença, tranquilidade e, olhando assim, de pertinho, as pessoas à nossa volta são bem importantes para o alcance ou distanciamento disto tudo. Por mais zen que estejamos, ter por perto pessoinhas "pesadas" torna tudo mais difícil. Não estou falando em viver no "mundo rosa" e esperar que todos sejam legais e iluminados o tempo todo. Todos temos dias ruins, lados negros, sombras reveladoras. Mas filtrar quem não nos faz bem das nossas rotinas ajuda um monte. Tenho feito este exercício mentalmente. É ainda bem recente, mas já foi dada a largada. O de evitar conviver com pessoas de mal com a vida. Eu simplesmente não preciso disto. Isto não me pertence. Claro, na rotina, no trânsito, na loucura das nossas vidas, elas estarão sempre por aí, espalhadas, alucinadas. Meu desejo e a minha tentativa atual é torná-los distantes espiritualmente do meu serzinho, tentando me fechar em mim, respirar, me centrar. O bom disto tudo é que estou fazendo uma certa reciclagem na minha vida. Como num roupeiro. Cada sapato novo dá direito a descartar um antigo. Com as pessoas pode ser assim. Se eu deixar me afastar de alguém por um ou outro motivo, estarei abrindo meu coração para novas pessoas e possibilidades (não estou dizendo que as pessoas são descartáveis, pelo amor de Deus, mas que elas vão e vem nas nossas vidas. Bom mesmo quando vão e voltam ainda melhores). Tem também a história do coração de mãe, onde sempre cabe mais um. Vero. Mas a questão aqui é simples e direta. Saber fazer escolhas. E aprender a fazer isto também em relação aos amigos. Claro, não vou abrir mão de jeito nenhum dos velhos e queridos companheiros de vida. Aqueles que, como aquele casaco antigo e aconchegante, nunca deixarão de fazer parte da minha história. Estes, no velho ou no novo roupeiro, sempre terão seu cantinho especial.

sexta-feira, 25 de março de 2011

"O amor é brega".

Estávamos, pra variar, engarrafados no trânsito de São Paulo, voltando pra casa, num fim de dia típico qualquer. Eu e parte da minha equipe, incluindo a Cla, que chegara de Porto Alegre. O assunto? Romance, Fábio Junior, Frank Sinatra e outras manifestações amorosas em geral, tudo livremente inspirado pela trilha sonora do carro. Eis que surgiu a frase: "o amor é brega". E completaram: "pro amor ser de verdade, ele precisar ser um pouco brega". Forte? Verdadeiro? Exagerado? Você conseguiria imaginar um casal extremamente apaixonado que não falasse entre si uma ou outra besteira com voz infantil? Ou um par romântico que não curtisse dançar coladinho, escrever um poema, entregar um mimo? Parece que a paixão, o amor e seus derivados provocam em nós instintos bem primários. Ficamos meio bobos, desligados, risonhos. Na verdade, as convenções sociais que tiraram de nós os ímpetos, muitas vezes secaram nossas fontes e nos tornaram pessoas "na média", normais demais, sonhadores de menos. Alguém em sã consciência se casaria? Se você colocasse na ponta do lápis o custo de um filho, conseguiria engravidar? Pois é. Nem eu. É por isto que eu tenho tentado me libertar um pouco da casca de "normalidade", nos últimos meses principalmente. Tenho tentado ouvir menos os outros e mais a minha alma. Tenho me permitido ser um pouco brega no amor, deixar bilhetes pela casa, ligar só pra dizer oi. E estou sobrevivendo, sem culpas nem náuseas. A Deinha está mais leve, mais descompromissada com as regras e, incrivelmente, mais produtiva no trabalho. Ela continua gostando de yoga, cavalos e livros. Mas tá curtindo coisas bem simples e mundanas. Acho que no fundo todo mundo tem um pouco disto. Deste lado solto, meio bicho, apaixonado, liberto, "chutador de balde", crianção mesmo. Ontem à noite fomos num bar-conceito todo cheio de tchucos. A promessa da noite eram os shows do tal lugar. Uma mulher fazendo um semi-streap-tease e um mágico, que veio de brinde e surpreendeu. Ela estava "na média", dentro do script. Bonita, malhada, fazendo a performance conforme manda o figurino. Não ficou nua, mas chegou bem perto. Mas não convenceu. Estava técnica demais e ligada de menos. Ela estava ali e não estava. O mágico, que não prometera nada, chegou chegando. Leve, divertido, inteiro. Se permitiu brincar. E por acaso até tinha uma plateia pra assistir. Acho que o segredo do tal "amor brega" tem um pouco disto. Tem a ver com se permitir entrar na história sem muita promessa, sem grandes expectativas. A lingerie importa, claro. Mas a postura, o gestual, a presença, estes realmente importam. Tá, e se você tentar, talvez achem você entregue demais, meio piegas talvez? Tomara que sim. Let it be, baby. Bom fim de semana pra você. De preferência com uma trilha bem romântica e um cobertor de orelhas pra acompanhar.

Na dúvida, não ultrapasse.

Aqui em São Paulo, mais do que eu enxergava em Porto Alegre, tem as tais feirinhas toda a semana, cada dia numa quadra dos principais bairros. Feirinha bem do interior mesmo, com frutas, feirantes berrando na disputa do cliente, caixas, muvuca. Um hábito bem saudável e bacana. Mas com as feirinhas vêm alguns probleminhas. O da sujeira que vem depois e o caos que fica a região ao redor do espaço. Hoje eu fui na manicure na hora do almoço. Tento ir sempre nas sextas ao meio-dia ou nos sábados de manhã. E toda sexta, quando eu vou, me arrependo. É porque do lado do salão tem a tal feirinha nas sextas-feiras. E com ela, um caos absurdo pra estacionar. O salão é uma casa e tem três vagas de estacionamento. Um luxo pra São Paulo. Mas fica impraticável chegar até ele às sextas-feiras. Toda vez que eu chego por perto e lembro que é sexta (e que tem feira), me arrependo da ideia de ter agendado algo nos arredores. Pois bem, hoje a situação passou dos limites. Não bastando a dificuldade pra chegar na tal casa (imagine como fazem os moradores?), consegui estacionar a muito custo, desviando de dezenas de carros dos feirantes que estacionam, neste dia, em qualquer lugar. Vale em cima das calçadas, em local proibido, onde couber, na verdade. E lá se vai a Deinha fazer ginástica para enfiar o carro na vaga sem arranhar os veículos automotores dos amigos, enfileirados de qualquer jeito em qualquer lugar. Não bastasse isto, além dos carros fora de lugar, uma criatura colocou uma moto praticamente atrás do meu carro no estacionamento, no meio da rua. Mesmo que eu conseguisse dar ré (e não consegui), eu não conseguiria passar no restinho estreito de rua que sobrou. Uma falta de respeito, de educação, de cidadania. Recebi, felizmente, a solidariedade de um monte de pessoas, que vieram tentar fazer milagre comigo, em milímetros pra frente e pra trás. Um alento. Mas a ajuda foi em vão e, quando eu já estava com o telefone da CET (ou marronzinhos, como são chamados os agentes do trânsito), o digníssimo senhor proprietário da moto chegou. Sacolas na mão, frutas, verduras e uma cara de pau que me fez ter vontade de jogar um tomate no cidadão. Pior, ele tentou inverter a situação e questionou por que eu não tinha tirado a moto dali, já que ele "gentilmente" a teria deixado destravada. Tentou me enfrentar, foi mal educado e não conseguiu assumir o erro. Uma pena. Pena mesmo. Uma tristeza, eu diria. Eu queria ter reagido de um jeito mais tranquilo. Queria ter conversado, ajeitado as coisas. Mas não me contive. Como diz minha mãe, "me subiram os Fortes à cabeça". Como não se indignar? Está faltando civilidade, educação básica, generosidade. Aqueles conceitos básicos de "a liberdade de um termina quando começa a do outro", bom dia, muito obrigado. Onde eles foram parar? Espero que tenhamos um resquício de bom senso. Que tenhamos mais tolerância e mais respeito. Que consigamos através de pequenos gestos e gentilezas desarmar pessoas cheias de si e aproximá-las delas mesmas. Será que dá?

quinta-feira, 24 de março de 2011

Pesadelos do bem

Hoje eu almocei com uma nova-velha amiga que tem o dom de me desestabilizar cada vez que eu a encontro. Digo isto no bom sentido, se é que há algum sentido ruim em tirar alguém "da caixinha". A criatura é uma guerreira, meio bruxa, com uma história de vida intrigante e uma energia vital contagiante. Me foi apresentada por outra bruxa, só que loira. Sim, ela é morena. E se chama Mariana. Pois bem, dentre os assuntos do almoço, que foi curto demais para a quantidade de informação que fluiu, falamos sobre desestabilizações em geral. Dentre elas, pesadelos, surtos, medos e a coragem de enfrentar tudo isto. Vamos por partes. Primeiro, tenho tido muitos pesadelos nos últimos tempos. E muito sono também. Eu e muitas pessoas bem próximas. Segundo ela, o pesadelo tem a ver com potencial criativo suprimido e com fantasmas que estão doidos pra sair e não estão encontrando espaço. Falamos sobre os surtos da Humanidade que, coincidentemente ou não, têm sido bem frequentes. Mesmo assim, com as pessoas e o Planeta "gritando", temos dificuldade em lidar com o que não é real, tangível, explicável. "- Cadê a rede de apoio para validar e acolher nossos surtos?", perguntou ela. Pois é. A rede está ocupada, desinteressada ou amedrontada demais para enfrentar nossos pesadelos coletivos. Também não sei se é casual, mas muita gente pertinho de mim tem mudado radicalmente suas vidas, especialmente nos últimos meses. Eu me incluo na lista. Só que mudar, "chutar o balde", deixar os monstros fluírem, isto tudo exige vontade. De sair da zona de conforto, de sair debaixo da cama, de dentro do armário, dar a cara pra bater, colocar o peito pra fora, respirar, ousar, se expor. Uau. Quanta coisa! Eu não me sinto ainda pronta o suficiente para fazer tudo isto. Pelo menos não tudo ao mesmo tempo. Mas ando "bem saidinha" nas minhas iniciativas de me permitir fazer o que me agrada, me alimenta, me acrescenta. Tenho delegado mais e procurado julgar menos (nem sempre eu consigo, mas estou me esforçando). E tento, cada dia de manhã que eu acordo perturbada por um ou vários pesadelos, entender de onde eles afloraram e o que tentam me ensinar. Isto vale para os surtos, as dores de cabeça, dores do corpo e da alma que têm vindo me visitar de vez em quando, cheios ensinamentos e simbolismos. Que venham os monstros, as provações, as Marianas, os simbolismos e os pesadelos cheios de histórias e de recados. E que eu esteja serena e aberta o suficiente para conseguir ouvi-los.

segunda-feira, 21 de março de 2011

"Experenciar"

Eu até agora não estou bem convencida se posso ou não usar a palavra "experenciar" assim, como eu tô pensando. Experenciar ou experienciar??? Neste momento, confesso, não tô muito preocupada com isto. Quero sim é colocar pra fora o que eu tô pensando a respeito da tal "experiência" nas nossas vidinhas. Hoje tem-se falado muito no tal Marketing de Experiências. Estou cada vez mais convencida de que produtos e serviços não são nada, comparados às experiências que podemos proporcionar às pessoas. Tem tudo a ver com os tais rituais que eu já comentei (e que adoro). Eles ficam, marcam, simbolizam muita coisa. Dia destes eu fui numa reunião e na apresentação que foi preparada para uma equipe de Marketing na faixa dos 30/40 anos foram colocadas fotos de brinquedos lúdicos e inesquecíveis das décadas de 70/80. Claro, mexeu com os coraçõezinhos da mesa, que não paravam de comentar suas experiências na infância com este ou aquele "símbolo". Ultimamente, tenho vivido muito intensamente isto. E tenho observado a tentativa (nem sempre felizes) das marcas / empresas em tocar as pessoas através da experiência. Cheirinhos personalizados, música ao vivo no supermercado, toques e sabores. Tudo sempre muito bem-vindo. Acabei de chegar do paraíso da experiência: Nova York. Tem experiência mais tentadora do que deixar vários Macs à disposição do consumidor na própria loja mega-conceito da Apple? Difícil sair imune. Mas nem sempre a tal experiência precisa ter a ver com consumo simplesmente. Aliás, quando ela está descolada disto, pelo menos no sentido mais literal, até vale mais. Pra mim, pelo menos. "Aprender" a esquiar na neve, por exemplo, foi simplesmente indescritível. Ainda mais quando eu parei de pé de verdade nos esquis. :) Viajar, afinal, tem muito disto. Ninguém tira o que ficou em você depois de uma viagem. Meus amigos queridos (e viajandões na criatividade) têm se puxado ao exercitarem o verbo "experenciar" com a Deinha. Tchucos, tchucos, muitos tchucos (pra quem não leu o blog anteriormente, tchucos, na linguagem do mundo rosa, são mimos, surpresinhas, coisas gostosas). Meus cunhados nos deram de presente de casamento uma ida ao Rock in Rio com eles, com direito a escolhermos a noite do show, incluindo hotel e passagem. Baita experiência! Pati e Fábio, que foram testemunhas no civil, nos deram um vale aula de culinária. O convite é um tchuco por si só, cheio de coisinhas fofas ligadas à culinária. Agora, no meu aniversário, juntaram-se à Carol, outra pestinha criativa, e me deram uma aula de pole dance. Eu mereço! Sim, eu mereço. E adoro. Pra fechar com chave de ouro a sequência de surpresinhas deliciosas, minha equipe (sempre ela) preparou uma coleção de livrinhos temáticos da Deinha. São 3 books, que fazem parte "dos pequenos grandes livros amorosos", contando a história da minha vida nos últimos tempos. O primeiro, "Admirável mundo rosa". Na sequëncia, "Andréa no país das maravilhas" e, finalmente, "Andréa Cravo e Canela". Fotos, textinhos, sacanagens. Tudo deliciosamente preparado por muitas mãos. Como não ser boba diante de tanto carinho? Espero que, ao longo da minha vidinha, consiga proporcionar belas e deliciosas experiências para estas e outras tantas pessoas que têm feito meu mundo mais rosa. Vocês são demais :)

sábado, 19 de março de 2011

We are back :)

Estou de volta ao blog e à vida "normal", depois de alguns dias bem atípicos. Retiro espiritual com casamento zen no carnaval e alguns dias em Nova York com o maridão e a sogra, pra ter mais emoção, claro. Estou beeeem mexida, cheia de novidades e ainda tentando entender o tsunami de boas emoções que atropelou minha vidinha nos últimos meses. Neste findi, por causa do meu aniversário, minha irmã e meu cunhado estão em SP. Um milagre e uma alegria. Pena que meu pique não está lá estas coisas e o sono ainda está pegando no pós-viagem, arruma malas etc. Well, eu ainda nem sei direito o que escrever. Mas rascunhar meia dúzia de palavras no blog me ajuda a organizar as ideias. Confesso que uma das coisas que eu senti muita falta por lá foi o computador e o meu mundinho rosa. Quase como um amigo imaginário, tenho gostado da companhia deste espaço virtual, que me permite interagir com um monte de pessoas queridas. Tá, Andréa, mas e o resumo da ópera disto tudo, teve? Até que sim, mas eu não consegui entender direito as coisas ainda. Só não posso deixar de falar de uma criatura que eu conheci no voo de volta. Viajamos de Continental, uma companhia aerea bem "estranha", que eu não conhecia. Mas que nos trouxe de volta sãos e salvos por um precinho bem camarada. Ok, então. Do nosso lado, na volta, uma criatura bem atrapalhada mal conseguia respirar de tantas bagagens que trazia na mão. Um desastre. Quando resolvemos ajudá-la, ela despejou um dicionário inteiro em cima da gente. Mal conseguia organizar as frases, de tão ansiosa que estava. Brasileira, produtora de TV e independente, mãe de dois filhos, ela conheceu um americano pela internet há oito anos. Casou e foi de mala e cuia pros EUA, onde morou até ontem. O marido morreu há três semanas e ela voltava para Brasil com uma mão na frente e outra atrás, com muitas malas, dois cachorros, um gato e um sorrisão no rosto, apesar da desgraça toda dos últimos dias. Ela sorria! E estava animadíssima com a possibilidade de recomeçar e de encontrar amigos antigos e as raízes no seu país de verdade. Chama-se Tânia e eu vou procurá-la no Facebook, claro. Pois bem. A Tânia me fez pensar na importância de se ter coragem na vida. Coragem de largar tudo por amor e a ousadia de recomeçar com mais de 50 anos. Ela comentava que estes 8 anos de "sonho americano" não foram tão cor de rosa assim. E, mesmo assim, que estava pronta para o próximo passo. Pois bem, eu também tenho tido coragem de viver um tanto de coisas boas nos últimos tempos. Estou igualmente feliz em voltar pra casa e reencontrar pessoas queridas. Assim, como a Rita, I'm back. Mas não esperem encontrar a velha Andréa de sempre. A Deinha está diferente e, espero, um pouco melhor. O tempo dirá. 34 beijos (em homenagem aos 34 anos que hoje à noite ficarão pra trás :)

quinta-feira, 3 de março de 2011

Meu cisne também é negro

Sexta passada eu fui "inocentemente" ao cinema com um grupo de amigos. Fomos assistir ao Cisne Negro que, não por acaso, deu o Oscar de melhor atriz à Natalie Portman. Eu já tinha sido alertada de que o filme era denso e que não deveria esperar algo leve e poético. De ballet, muito pouco, na real. Confesso que o filme me tocou mais do que eu esperava. Na verdade, tive pesadelos e passei fim de semana inteiro tentando digerir a mensagem. Um cliente meu comentou ontem que não tem "entendimento psicológico" suficiente para entender a mensagem. hehe. Falando em ter controle interno, o filme foi uma aula sobre isto. Utilizando a metáfora do cisne branco (leia-se precisão, ficar dentro da caixinha) X cisne negro (permitir-se extravasar, perder o controle, descobrir o lado escuro e agressivo), o filme desnudou a alma humana. Ouvi dizer que boa parte da crítica falou super mal da história e eu discordo, se isto realmente aconteceu (nunca leio as críticas). Achei o filme poético e intenso. Leve e extremamente agressivo. Assim, ao mesmo tempo. Como é a vida. Ninguém é branco o tempo inteiro (seria muito sem graça). Nem de todo mal. Ninguém é leve, divertido, tranquilo 24 horas por dia. E mesmo um assassino em série tem momentos de ternura, com a família, com algum amigo, uma criança, sei lá. Os meus cisnes internos ficaram realmente incomodados com tudo aquilo. E isto foi bom. Dolorido, mas bom. A Deinha "sob controle" do post anterior precisa dar vazão àquela mais livre e intensa. Somente esta outra consegue colocar pra fora sentimentos e emoções e, assim, explorar dentro de si uma pessoa mais intensa e provocante. Na verdade, estou em busca do meu cisne cinza. Dias mais brancos. Outros totalmente negros. Às vezes, um cisne rosa, romântico. Suave ou intenso, seja qual for a cor do dia, o cisne só não pode deixar de lado a beleza e a plástica da dança da vida. Sem energia vital, nenhum dos dois sobrevive dentro de nós.

Sob controle

Eu comprei a Vida Simples deste mês (aliás, tenho adorado cada vez mais a revista) por causa da chamada da capa. Dizia, em letras garrafais, "A culpa é sua!" Um tanto agressiva e direta, mas me provocou o suficiente para eu levar para a casa a tal publicação. Basicamente, o pano de fundo da reportagem é o de "convidar" as pessoas a assumirem para si a responsabilidade sobre seus atos. Parece fácil, mas vai tentar fazer na prática... Pois bem, segundo feedbacks bem próximos (um deles vem de uma pessoinha chamada... marido), eu passo boa parte do meu tempo tentando organizar / controlar o mundo ao meu redor. Até que estou melhor (delegando horrores), mas ainda falta bastante para eu amenizar o tal cacoete. E dedicando tanto tempo assim para o externo, acabo esquecendo do pobre do interno. E aí vêm as dores de cabeça, nas costas, na alma. Enfim, preciso dedicar algum tempo para respirar e cuidar de mim. De verdade. Os ensaios já começaram, mas falta muito treino ainda. Não por acaso o título me chamou tanto a atenção. Como alguém pode querer ter algum controle sobre o mundo ao seu redor se mal conhece seu próprio mundo? Yoga, meditação, escrever, dormir, fazer nada podem ser belos começos. Mas tem muito mais por trás disto tudo. Pra tentar ajudar a assimilar isto, vou carregar a revista comigo nos próximos tempos. Tipo uma Bíblia ou um laço de fita no dedo para lembrar / relembrar / renovar os votos comigo mesma. Ainda bem que o carnaval vem aí. E alguns dias só pra mim virão junto no pacote. Coragem, Deinha. Agora serás tu e tu :)

* ficou curioso pra ler a reportagem toda? Tá aqui o link. Tem até uma fala do psicanalista Contardo Calligaris, sobre o casamento. Ui, nos dedos! A Cris, amiga querida, adora o cara. Com razão :)
http://vidasimples.abril.com.br/edicoes/103/grandes_temas/mea-culpa-620000.shtml?pagina=1

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Existe vida após os 30

Neste fim de semana eu vou visitar, junto com uma turma, um dos meus ex-colegas do mestrado. Ele casou com uma menina da minha geração e da minha cidade, que eu já conhecia há anos. Este mundo é mesmo pequeno. Para os amigos, ele chama-se Renatô, assim, com ô fechado no final. O apelidamos assim na França, onde passamos duas deliciosas semanas de estudo e diversão. Daí a pronúncia tão chique. Pois bem, passado mais de um ano do final do mestrado (e da libertação da dissertação), uma boa parte da turma continua unida e ativa. Nos encontramos uma vez ao mês em Porto Alegre (ao menos tentamos) e temos feito algumas viagens pelo Brasil para encontrarmos os queridos colegas. A última foi só para meninas, em Curitiba. Claro, a turma de 30 pessoas se dispersou bastante, mas temos uns bons dez gerreiros que não se entregam. Hoje a Lia e o Du estão em São Paulo, na minha casa. Daqui a pouco chega a Cris. E amanhã pegamos a estrada todos juntos.
Todos eles (e mais alguns queridos) foram achados deliciosos pós-30. Digo, criaturas que eu conheci depois dos 30 anos e que posso considerar amigos de verdade. Eles participaram e continuam participando da minha vida. Saímos, nos telefonamos, mandamos recados, trocamos experiências boas e ruins.
O Renatô, este que vai nos receber em casa amanhã, no dia do casamento, completamente "animado" reuniu o grupo de ex-colegas na recepção. Fez um círculo com os amigos e, abraçado a todos eles, contou emocionado que nós o surpreendemos. E que ele nunca poderia imaginar que conquistaria novos amigos assim, "tão tarde". Não foi bem assim que ele falou, claro, mas este foi o sentido. Ele estava realmente emocionado ao olhar ao redor e ver pessoas tão próximas e tão novas na sua vida. Na verdade, ele meio que tentou expressar um sentimento que é meio comum nas nossas vidas. Parece que amigo de verdade é aquele que correu com a gente na rua na infância. O colega de colégio, o vizinho de porta. E não é só isto. Eu mesma tenho uma amiga (amigoooona) que tem mais de 20 anos de diferença de idade comigo. Eu a conheci com 17 anos, chegando em Porto Alegre, num curso de informática. Hoje, 17 anos depois, eu ainda a visito sempre que vou pro RS. Ela é quase uma irmã mais velha. Na minha vinda pra São Paulo, outras gratas surpresas. E nem por isto eu deixei de lado as antigas amizades. Algumas sim. Por total falta de afinidades. Acontece. Coisas da vida.
O bacana disto tudo é conseguir ver, através de histórias como esta do Renatô, que nunca é tarde para um monte de coisas. Pra estudar (a mãe de uma amiga minha, quase se aposentando do trabalho, terminou o segundo grau e está fazendo faculdade / o Marculino, um pedreiro gente boa que trabalha pra mim em São Paulo, voltou pro colégio há pouco. Mal sabia ler e escrever), para conhecer gente legal, para se apaixonar, viajar, casar, pra recomeçar. Existe vida depois dos 30, dos 30, dos 80 Só precisa ter vida interior e vontade. Alguns chamam de energia vital. Eu chamo de "estar vivo". Vivo de verdade, entende? Bom fim de semana!


* foto de brinquedo escandinavo - www.playsam.com (lindos!)