quinta-feira, 4 de julho de 2013

Assim, um propósito.

Há umas duas semanas eu estive com o Marcelo Cardoso que, entre um assunto e outro, falou da importância de se ter um propósito na vida. Disse ele: “se você não tem um propósito de vida, seu propósito pode ser o de encontrar o seu propósito de vida”. Tem um outro ditado bem popular que fala mais ou menos a mesma coisa. "Se você não sabe para onde vai, qualquer caminho serve." Tenho acompanhado muita gente sem propósito por aí. Gente que acorda de manhã e não tem a menor ideia do motivo pelo qual está por aqui. Não que seja fácil. Quem dera o fosse. Mas ter uma mínima ideia do que te move parece, ao menos, facilitar um pouco algumas decisões bem simples. Falava com um amigo hoje que me relembrou o quanto o tal propósito ajuda a clarear as nossas ações diárias. Para um estrategista de guerra, por exemplo, saber que o objetivo a ser alcançado era dominar tal território num tempo X dava a ele uma relativa tranquilidade de acordar a cada dia muito focado em conseguir mais um passo daquela jornada, ainda que longa. Mesmo que tivesse que esperar por meses no frio, parado, sabia que fazia parte de um plano maior. Guerras ou conquistas territorialistas à parte, este olhar para dentro e encontrar um rumo, ajuda, e muito, a termos coragem de sair da cama, mesmo naquelas manhãs frias de inverno. Estou bem convencida de que esta vontade que vem de dentro, este drive que move algumas pessoas, não tem a ver com perfil, idade, classe social. Tem a ver com energia vital vibrante. Parece, inclusive, que aqueles que enfrentam muitos obstáculos vêm “de fábrica” com uma dose extra de vontade. Choramingam de menos e realizam muito mais. No dia em que conduzimos a oficina de tricô com redação estávamos todos meio apreensivos com nossa capacidade de tricotar. Eu não o fazia há pelo menos 30 anos. E muitas pessoas nunca haviam tocado em agulhas. Eis que uma menina linda e sorridente deu uma verdadeira aula a todos nós e foi quem puxou a turma a começar o tal treino. Detalhe: ela não tem uma das mãos. E assim, do jeito que dava, contou um truque que aprendera para dar o primeiro laço e iniciar o processo de colocar a linha na tal agulha. Saiu sorrido e tricotando e ainda ajudou todo mundo a derrotar seus medos. Mimimi de menos e propósito de vida demais. Hoje este mesmo amigo que falou comigo sobre os estrategistas, me apresentou a um vídeo que acabou de sair do forno. Um clipe que o pessoal do Fresno fez com atletas com grandes limitações. Físicas, e não emocionais. Chama-se "Maior que as muralhas." Com uma garra de fazer inveja, eles souberam se reinventar e, assim, dia após dia, se superaram e construíram histórias incríveis. Preferiram enxergar a metade cheia do copo. O esporte tem disto. Um objetivo a ser alcançado. Melhor ainda quando tem a ver com superar a si mesmo, e não necessariamente com “vencer alguém”. Vencer nossos inimigos internos é sempre mais desafiador. Ao que parece, o trabalho do grupo tem um quê disto. De apresentar estas e outras histórias a jovens meio “sem propósito”. Espero que estas e outras iniciativas também cutuquem aqueles que não são mais assim, tão jovens. Que, além dos de 20, os de 60 possam se reinventar. E se ainda não encontraram seu propósito, que usem toda sua bagagem acumulada como atalho. Para que possam acordar todo dia de manhã com a energia transformadora dos de 20.

* Ah. O vídeo que comentei sobre atletas que se superaram (foi ao ar ontem): http://www.youtube.com/watch?v=eAaNEMJeC7U

** e o link da já consagrada fala do Marcelo Cardoso no TEDx Laçador, no ano passado. Também fala sobre propósito :) http://www.youtube.com./watch?v=yXKZjbqq_zU