segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Tempo líquido

Incrível como o tempo pode ser relativo. Neste final de semana estendido eu fiz coisas que poderia ter demorado semanas pra conseguir fazer. Participei de um evento, reencontrei pessoas queridas, todas elas com histórias e contextos completamente diferentes. Matei a saudade de Porto Alegre, de chimarrão e até comi uma cuca (espécie de pão doce com cobertura). Só não deu pra ir na Feira do Livro e no Museu Iberê, que eu adoro. Quase uma terapia tirar tanta produtividade dos minutos do relógio. Estou exausta fisicamente mas com as pilhas  completamente novas, cheia de ideias e novos pontos de vista. Mais surpreendente do que a relatividade do tempo é me dar conta de que eu tenho estas mesmas exatas 72 horas durante a semana e elas geralmente voam. É só piscar e o tempo de esvaiu. Líquido como o mundo de Bauman*. Dia destes eu fiquei quase seis horas com uns amigos curtindo um jantar em um restaurante exótico. Saboreamos os pratos, o ritual e degustamos a conversa demoradamente. O tempo parou. E aconteceu assim, de repente. Dois telefonemas e acertamos tudo rapidinho. A viagem deste feriado também não foi muito planejada. Como também não foram a maior parte dos encontros que acabaram acontecendo. Simplesmente eles fluíram. Sem cobranças, sem horários muito rígidos, sem a pressão de ter que fazer isto ou aquilo. Talvez este possa ser um bom truque pra ser usado. Se fizermos de conta que os ponteiros do relógio não existem, será que não teremos algum poder para multiplicar os minutos e solidificar a intensidade das nossas experiências? Boa semana.
Zygmunt Bauman, sociólogo polonês autor de diversos livros sobre o mundo e suas relações "líquidas".