No dia seguinte ao meu último post, fiz uma oficina de redação com tricô com duas amigas queridas e corajosas, a Tania e a Florentine. Foi no dia 13, dia em que uma das maiores manifestações se articulava. Alguns corajosos aceitaram nosso convite e vieram tramar conosco histórias de vida. Até fizeram tricô, mas, entre um e outro pedaço de lã, surgiram também pedaços textuais que foram verdadeiros resgates. Provocamos a eles – e a nós, a se apresentarem com cinco anos de idade, trazendo elementos que fomos tecendo ao longo do encontro. Saíram textos lindos de pessoas que não necessariamente sabiam escrever. Intenso e de uma entrega ímpar. Dias depois, em Viamão, RS, tive a felicidade de falar no TEDx Laçador sobre “Desconstrução”. Na outra semana, estive com alguns outros tantos “desconstrutores”, num curso que tinha tudo para ser business e deu aula de reconexão e leitura interna.
Ontem, dia 28, fez nove meses que
reunimos 42 mentes inquietas, num encontro totalmente às cegas onde
falamos sobre o que nos move e o que vinha nos incomodando. Incômodos
que gritavam e não encontravam eco. O Jean Bartoli, um dos filósofos
que eu amo na vida, falou, neste curso da semana passada, sobre a dor
que estamos vivendo com estas manifestações. Que ela pode ser a dor
do parto ou a dor da hora final. Parece que chegou a hora de darmos à
luz a algo que vinha nos incomodando.
Fazendo um daqueles exercícios do “e
se”, fico pensando “e se os atos de vandalismo não estivessem
desviando nossa atenção”, o que sobraria?
Um dos pedaços da minha fala no TEDx
teve a ver com um vazio existencial que tenho assistido nas pessoas.
Dos presidentes de empresas, que “chegaram lá”, aos jovens
inquietos de 20 e poucos, que não têm a pretensão de chegar a este
lugar que seus pais estão, o que os une é o mesmo vazio. De
propósito, de sentido pra vida. Gastamos nossos tempos correndo para
pagar contas e desencontramos o fio da meada das nossas próprias
existências. Felizmente, ainda que com dor, recomeçamos a jornada.
E estamos nos reencontrando. O Bartoli traçou toda sua fala em
“voltar a beber na própria fonte”. O Igor Oliveira, amigo querido que não
é filósofo, mas, felizmente, me faz parar para pensar toda hora,
falou em revoluções “gandhianas”. “Seja gandhiano ou vença”,
disse ele. Não acho que exista uma guerra. Muito menos que ela seja
contra outro alguém. O maior de todos os desafios está em parar de
apontar o dedo para fora e começar a olhar para dentro. A resgatar,
um a um, os fios que dão sentido à nossa existência. Do reencontro
com este grande e lindo tecido – que é único em cada um de nós,
é que surgem as verdadeiras grandes revoluções.
* quem quiser conhecer um pouquinho mais do Bartoli, espie o blog dele :)
http://www.jeanbartoli.com.br/
Andrea, adorei e absorvi cada gota desse néctar, maravilhoso. Abs
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