segunda-feira, 20 de junho de 2011

Casei pela quinta vez (com o mesmo marido)

Quem tem acompanhado ainda que de leve a minha historinha de vida pós-assumir São Paulo sabe bem que, depois de alguns percalços pelo caminho e de eu ter ficado um pouco assustada com tanta novidade / desafios na cidade grande, eu me permiti investir no amor. Simples assim. Conheci o Marco há pouco mais de dois anos, por intermédio de uma amiga / prima dele, verdadeira irmã pra mim, numa situação muito inusitada. Fomos passar as duas um fim de semana em Gramado, eu no lugar do então namorado dela que não pode ir e, conversa vai, conversa vem, surgiu o nome do Marco da história. Segundo ela, o "primo" era um cara legal e bem doidinho que eu adoraria conhecer. Estava eu justamente no garimpo de pessoas bacanas em São Paulo, já que cheguei aqui sem conhecer praticamente ninguém. E lá veio ele, todo simpático me buscar numa noite qualquer. Me levou direto pra um boteco com toda a turma do MBA dele e me jogou entre eles todo faceiro. Primeira impressão: o cara era mesmo bem espontâneo. Naquele mesma noite rolou um beijinho roubado e outras tantas noites vieram, com conversas gostosas, saídas em lugares bacanas (outros nem tão bacanas assim). Nossa história foi um típico rolo daqueles que mais desatam do que atam. O guri, na flor da idade, só queria saber de curtir a vida. Aparecia, sumia e, quando reaparecia, me confundia toda com aquele sorriso de alma que só ele tem. Não me perguntem por que, mas mesmo tendo todos os motivos pra sumir e mandar o vivente passear, eu resolvi investir na história. Tava me testando mesmo, experimentando um novo olhar pra esta coisa de amor. Nossa história foi bacana porque começou bem do avesso, assim, sem planos nem modelos e foi se construindo sem grandes expectativas. Muita gente foi contra. Muita gente não entendia o que uma menina tão "certinha" via naquele cara aparentemente tão doidinho e despreocupado com grandes compromissos. Mas eu, macaca velha em algumas coisas da vida e um tanto bruxinha, enxerguei bem mais do que o modelo tentava representar e, bem de mansinho, cheguei na alma da criatura. A intimação só veio quase dois anos depois, no fim do ano passado, quando eu tinha certeza de que ele era o cara e que eu precisaria dar um aperto no guri pra ele "pegar no tranco" e entender que tinha tudo pra me ter. Mas que tava me perdendo. Foi bem duro ter que dar "um gelo" nele. Mas foi o jeito que eu desenhei (muito mais com o meu coração do que com a razão) de transformar as coisas em uma coisa boa de verdade. Eu não gritei, não xinguei, não cobrei. Só abri o meu coração pra ele assim, com uma praia ao fundo, e falei tudo o que eu estava sentido. Não é que deu certo? O Marco sempre foi um guri casadoiro mas muito assustado com esta verdade. Sempre teve o coração maior que o mundo, mas tinha um pouco de medo de enxergar a coisa. Eu, quietinha no meu canto, fui desarmando o guri e, vejam só, hoje sou esposa dele. Foram vários casamentos, todos retratados num mimo delicioso que minha equipe de meu de aniversário: teve o do facebook (ele me "pediu" em casamento assim, on line). Depois veio o civil, uma cerimônia budista maravilhosa (e de surpresa) num retiro de carnaval. Teve "lua-de-mel" em Nova York com a sogra e uma pausa pro noivo respirar com a noiva 21 dias fora (no Butão). Na volta, no meio da obra do ape novo, preparativos mil pro casamento. Este sim pra família, com direito a padre, digo, frei querido, e tudo. Casamos mais uma vez na quinta passada, desta vez numa igreja católica (os padres não podem casar mais fora da igreja) e uma cerimônia, evento, constelação de boas energias inesquecível no último sábado, no Vila Ventura, em Viamão. Pronto, casei. Pela quinta ou sexta vez (depende do ponto de vista) e, melhor, com o mesmo marido. Nossos votos estão mega renovados, reforçados e ainda não conseguimos parar para respirar e entender tudo de mágico que aconteceu naquela noite de sábado, 18 de junho. Escolhemos a dedo os convidados. O perfil era: pessoas com alto astral e que gostamos muuuuito. Não podia ter sido melhor. Casamos com a alma, abençoados por todas as pessoas amadas que fazem a diferença nas nossas vidas. Mesmo aquelas que não foram (e que estiveram em pensamento com a gente), ajudaram a construir aquele momento e mandaram boas energias de diferentes cantos do Brasil. O discurso do padre foi lindo, leve, divertido. A festa, mais ainda. Música animada, pista cheia e pessoas radiantes que aproveitaram muito. Sei que conselho não é uma coisa que a gente fica assim, dando. Mas eu tenho alguns, bem modestos e sinceros:
• acreditem no amor. Não naquela amor mágico dos contos de fada. Mas no amor real e construído no dia a dia. Meu príncipe, por exemplo, não veio num cavalo branco. Estava numa motinho, sem banco;
• em vez de ficarem olhando pros defeitos das pessoas, experimentem enxergar (e comentar) o que elas têm de bom. Claro, ter consciência dos defeitos ajuda a manter os pés no chão;
• casem. Uma, duas, quantas vezes vocês acharem que vale a pena. Não precisa ter padre, flores, doces. Tem que ter amor e um bando de gente que ama vocês por perto. Assim, a festa fica completa.

A todos aqueles que direta ou indiretamente me ajudaram a viver aquela noite inesquecível (e as demais dos outros casamentos com o mesmo marido), meu muito obrigada. Sou hoje uma pessoa melhor porque tenho vocês por perto. E porque deixei o Marco entrar na minha vida (ai, que amor!)