sábado, 25 de maio de 2013

Tramas da vida.

Quando eu era pequena, no interior do RS, aprendi uma série de atividades manuais. Sabia fazer tricô, crochê e cheguei a bordar toalhas em ponto cruz para um ensaio de casamento que não aconteceu quando eu tinha 20 e poucos anos. Fui criada bem "prendada", como se diz, com atividades ao ar livre e trabalhos manuais demais e televisão de menos. Parece ironia do destino, mas somente agora, morando em São Paulo, na correria da cidade grande, estou reencontrando as minhas raízes. Eu nunca tive a habilidade da minha irmã pra fazer tricô. Ela desenhava num papel um plano com o esboço das cores e formas que trabalharia a seguir e, assim, como por passe de mágica, as figuras iam se formando daquelas linhas tão soltas. O meu ponto sempre foi mais livre, mas ainda assim tinha um quê de terapia. Enquanto eu tricotava, pensava na vida. Os meus últimos meses têm sido realmente inspiradores, na medida em que vou tecendo ligações inesperadas com pessoas. Dou linha para as conexões, confio no meu sexto sentido e vou formando uma trama cheia de surpresas. E assim, tricotando, vou abrindo novas possibilidades para mim mesma. Uma delas vai acontecer muito em breve, agora em junho. Criei coragem e, inspirada nesta redescoberta das artes manuais, vou fazer uma oficina para amigos onde vou mesclar textos e tricô. Ninguém sabe direito do que se trata, mas o chamado já fez sentido para algumas amigas, que só de ouvirem falar no tema já se animaram e se prontificaram como participantes. Por acaso vai ser tricô. Poderia ser pintura, corte e costura, cozinha. O meio não importa. O que vale é a intenção. Ao resgatarmos o toque, ao religarmos a sensibilidade das nossas mãos em alguma atividade assim, lúdica, estamos nos reconectando com as nossas próprias essências, como crianças adormecidas que somos. Comer com as mãos, pintar com as mãos, sentir com as mãos - tudo isto faz bem. Pena que nos tiraram este pedaço. Bora resgatar?