terça-feira, 2 de julho de 2013

Assim, high touch.

"Conversando a gente se entende". Esta frase me acompanha há tempos e tem feito cada vez mais sentido. Não só pela delícia que é um "dedo de prosa", como dizem meus amigos mineiros, mas porque é nas conversas que nos reencontramos conosco. Como quem dá aula e aprende cada vez mais sobre o assunto, quando colocamos nossas ideias pra fora estamos nos enxergando espelhados no outro. Falar sozinho também serviria, não fosse a importância do eco daquilo que sai da gente. Em tempos de redes sociais, nunca me senti tão próxima das pessoas. 
Hoje minha professora de inglês trouxe para nosso bate-papo - com café - um texto muito bacana sobre as redes sociais e seu poder de transformação. O interessante do texto é que ele mostra, com bons argumentos, que o tipo de interação que acontece hoje nos Facebooks da vida nada mais são do que os encontros que sempre aconteceram em cafés. Há tempos pensadores, artistas e criativos costumam promover encontros em lugares públicos para debaterem, trocarem ideias e, quem sabe, "até tomarem um café". As redes sociais são os próprios cafés, só que virtuais. O mesmo tipo de interação que acontece on line continua acontecendo off line. E é aí que mora a beleza da coisa. Não é uma coisa ou outra. É a soma das duas. O José Carlos Teixeira Moreira costuma falar em high tech e high touch (tecnológico ou fofinho, com toque). Pode ser real e virtual, presencial e à distância, o fato é que por mais que as redes articulem ideias, elas só acontecem de fato e "tomam corpo" quando as pessoas se encontram, se enxergam, se tocam, se escutam ressoando nas vozes dos outros. E não adianta fazer de conta que as redes não existem, proibir acesso nas empresas. Se não podemos derrotá-los, nos juntemos. Só que nas redes, as identidades que aparecem têm filtros e máscaras que muitas vezes acabam caindo nas interações de verdade. São perfeitas para encontrar pessoas distantes, espiar a ideia de uma ou outra criatura e até para substituir os noticiários que, afinal, são mais espontâneos e instantâneos nos teclados "facebookianos". Mas há um limite. De caracteres, de tempo, de espaço físico até. Espaço este que se dilui em conversas sem pressa, regadas a cafés, chás e espaços aconchegantes de interação. Vivemos em ciclos e utilizamos a tecnologia como ferramenta para expressar o nosso tempo, felizmente. Mas como seres humanos que somos, precisamos de contato, de olho no olho. Daqui a cem anos, espero, nossos netos também se sentirão assim, aconchegados e reconhecidos quando estiverem reunidos e forem ouvidos, em conversas ao pé do fogo, em rodas de amigos, cafés ou em espaços quaisquer onde possam exercer sua condição atemporal de serem pessoas únicas em essência.

* Ah, o texto que comentei: