segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Julieta de bobes

Ainda remoendo tudo o que eu anotei durante a palestra sobre a jornada do heroi das mulheres na semana passada, conversei com várias pessoas durante o fim de semana e "reapresentei" a elas o que eu descobri durante o encontro. Muito divertidas as reações e ver as fichas caindo. Ninguém disse que o que foi dito é "verdade assim verdadeira", mas que tem algum sentido, ah, isto tem. Uma das coisas mais divertidas / assustadoras do que foi comentado foi que as relações que nos ensinaram como sendo "modelos" em nossas vidas, como Romeu e Julieta, terminaram no seu auge. Ou seja, eram paixões proibidas e intensas e, como tal, acabaram mal. Geralmente com uma tragédia. A pergunta que não quer calar é: o que teria sido da Julieta se tivesse se casado com Romeu? Imaginemos que eles tenham conseguido convencer a família de seu amor e que não tenham morrido tão jovens. Como seria a rotina do casal? Você consegue imaginar a Julieta de bobes no cabelo e o Romeu barrigudo, de pijama, agarrado ao controle remoto da televisão? Filhos correndo pela casa e contas a pagar? Pois é, a vida real não tem tanta poesia assim. Vamos adiante. O que terá sido da Cinderela depois que colocou o sapato e encontrou o príncipe? E a Branca de Neve? Ninguém nos contou como seria a continuidade das histórias. "E viveram felizes para sempre" é beeeem vago. Falando nisto, sabe o príncipe? Aquele do cavalo branco. Pois é, ele não existe. Segundo as autoras, o príncipe encantado, aquele que adivinha os nossos desejos, nos protege e e traz segurança é a mamãe idealizada e boa de cama. Ou seja, um desejo infantil de não enfrentarmos a vida. Ai. Ok, ok. Nem vamos seguir e comentar as comédias românticas americanas. Alguém já viu algo parecido na vida real? Pois bem, nem sempre o mundo é tão rosa. Nosso príncipe da vida real talvez tenha mais ares de Shrek e nem por isto seja incapaz de amar. Não somos princesas e, apesar de amarmos sapatos, nenhum deles é de cristal. Mas podemos ajudar com camisolas bonitas, um perfume gostoso e um mimo de vez em quando, que ninguém é de ferro. Vale para o príncipe, que pode, e deve, dar flores (seeeempre) e nos surpreender de vez em quando. Só uma ideia e/ou um convite. Quem sabe nas nossas relações tentamos ser mais realistas e menos idealistas?