segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Namastê

Fazia muito que eu não ia numa missa. Na verdade, dia destes eu fui numa missa especial, em homenagem a uma família, mas era uma missa diferente. Assim, missa, missa normal, fazia pelos menos uns sete anos que eu não assistia. Ontem eu acabei indo numa, pagar uma promessa por tabela. Tudo bem que eu não sou uma católica praticante, mas ficar devendo promessa é cutucar o santo, né? Não custou nada e eu ainda fiz várias conexões. Eu fui criada dentro do catolicismo. Fui batizada, fiz primeira comunhão e só não me crismei porque briguei com a freira no meio do processo e desisti do tal curso (eu e metade da turma). Mesmo assim, sempre estive bem próxima dos rituais da igreja, até porque minha mãe segue indo todo santo domingo rezar (aliás, ela arranjou um namorado, digo, o "papi", na missa... amor abençoado este). Well, na faculdade começaram os meus questionamentos sobre o que eu tinha aprendido até então como "verdades absolutas". Isto porque eu tive contato com uma literatura bem rara sobre o feminismo e a origem de alguns rituais. Do casamento, por exemplo, da mudança das sociedades matriarcais para as patriarcais (e a propriedade privada como fio condutor deste processo de mudança). Eu acabei de ler há pouco um livro que também foi buscar nas religiões (boa parte delas ocidentais) a origem de alguns rituais. O livro é o "Comprometida", da mesma autora do famoso "Comer, Rezar e Amar". Lá ela resgata estes aprendizados que eu tive e os completa com mais informação. Graças a estas e outras leituras, me afastei bastante da religião católica, mas, felizmente, não me afastei de mim. Pelo contrário, tenho estado bem curiosa sobre o espiritismo e o budismo, este, aliás, tem sido o que mais me provoca nos últimos tempos. Engraçado que eu me dei conta ontem, na tal missa, do quanto todas as religiões são "farinhas do mesmo saco". No fundo, todos buscamos respostas para a vida e a morte e um pouco de conforto diante dos nossos sofrimentos. Todos queremos nos "reencontrar", voltarmos a ser "únicos" (um só corpo, para os católicos) e termos paz de espírito. Para isto, buscamos rituais (rezar e/ou recitar um mantra), cantar, ler textos clássicos. Definitivamente, não me importa qual a religião que você segue (e mesmo se segue alguma). Cada vez mais, estou convencida de que podemos ser um pouco anjos para os outros e, com isto, resgatarmos um pouco da divindade das nossas relações. Que devemos valorizar os rituais, dentro ou fora das igrejas e templos (principalmente fora, onde "o bicho pega"). E que independente da cor, face ou da tradição que tiver por trás disto tudo, tá tudo bem. Como dizia Fernando Pessoa, "tudo vale a pena se a alma não é pequena." Amém.