Há umas duas semanas eu estive com o
Marcelo Cardoso que, entre um assunto e outro, falou da importância
de se ter um propósito na vida. Disse ele: “se você não tem um
propósito de vida, seu propósito pode ser o de encontrar o seu
propósito de vida”. Tem um outro ditado bem popular que fala mais ou menos a mesma coisa. "Se você não sabe para onde vai, qualquer caminho serve." Tenho acompanhado muita gente sem propósito
por aí. Gente que acorda de manhã e não tem a menor ideia do
motivo pelo qual está por aqui. Não que seja fácil. Quem dera o
fosse. Mas ter uma mínima ideia do que te move parece, ao menos,
facilitar um pouco algumas decisões bem simples. Falava com um amigo
hoje que me relembrou o quanto o tal propósito ajuda a clarear as
nossas ações diárias. Para um estrategista de guerra, por exemplo,
saber que o objetivo a ser alcançado era dominar tal território num
tempo X dava a ele uma relativa tranquilidade de acordar a cada dia
muito focado em conseguir mais um passo daquela jornada, ainda que
longa. Mesmo que tivesse que esperar por meses no frio, parado, sabia
que fazia parte de um plano maior. Guerras ou conquistas
territorialistas à parte, este olhar para dentro e encontrar um
rumo, ajuda, e muito, a termos coragem de sair da cama, mesmo
naquelas manhãs frias de inverno. Estou bem convencida de que esta
vontade que vem de dentro, este drive que move algumas pessoas, não
tem a ver com perfil, idade, classe social. Tem a ver com energia
vital vibrante. Parece, inclusive, que aqueles que enfrentam muitos
obstáculos vêm “de fábrica” com uma dose extra de vontade.
Choramingam de menos e realizam muito mais. No dia em que conduzimos
a oficina de tricô com redação estávamos todos meio apreensivos
com nossa capacidade de tricotar. Eu não o fazia há pelo menos 30
anos. E muitas pessoas nunca haviam tocado em agulhas. Eis que uma
menina linda e sorridente deu uma verdadeira aula a todos nós e foi
quem puxou a turma a começar o tal treino. Detalhe: ela não tem uma
das mãos. E assim, do jeito que dava, contou um truque que aprendera
para dar o primeiro laço e iniciar o processo de colocar a linha na
tal agulha. Saiu sorrido e tricotando e ainda ajudou todo mundo a
derrotar seus medos. Mimimi de menos e propósito de vida demais.
Hoje este mesmo amigo que falou comigo sobre os estrategistas, me
apresentou a um vídeo que acabou de sair do forno. Um clipe que o
pessoal do Fresno fez com atletas com grandes limitações. Físicas,
e não emocionais. Chama-se "Maior que as muralhas." Com uma garra de fazer inveja, eles souberam se
reinventar e, assim, dia após dia, se superaram e construíram
histórias incríveis. Preferiram enxergar a metade cheia do copo. O
esporte tem disto. Um objetivo a ser alcançado. Melhor ainda quando
tem a ver com superar a si mesmo, e não necessariamente com “vencer
alguém”. Vencer nossos inimigos internos é sempre mais
desafiador. Ao que parece, o trabalho do grupo tem um quê disto. De
apresentar estas e outras histórias a jovens meio “sem propósito”.
Espero que estas e outras iniciativas também cutuquem aqueles que
não são mais assim, tão jovens. Que, além dos de 20, os de 60
possam se reinventar. E se ainda não encontraram seu propósito, que
usem toda sua bagagem acumulada como atalho. Para que possam acordar
todo dia de manhã com a energia transformadora dos de 20.
* Ah. O vídeo que comentei sobre atletas que se superaram (foi ao ar ontem): http://www.youtube.com/watch?v=eAaNEMJeC7U
** e o link da já consagrada fala do Marcelo Cardoso no TEDx Laçador, no ano passado. Também fala sobre propósito :) http://www.youtube.com./watch?v=yXKZjbqq_zU
Olá Andres,
ResponderExcluirVim aqui através do blog do Feminino e o Sagrado.
Adorei. Seus textos são muito bons.
Já te sigo.
Também faço um trabalho com Círculos de Mulheres e está registrado no blog www.mulheresemcirculo-luz.blogspot.com
Abraço