segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A célula menina da Deinha


Eu tenho ficado meio "fora" do blog porque minha vida anda deliciosamente "fora do eixo". Muita coisa acontecendo, muita informação pra digerir e uma sensação de que eu ainda não consegui entender tudo o que está na minha volta. Vou tentar organizar. Não garanto coerência. Os sinos ainda estão batendo na minha cabecinha.

Well, sexta passada, depois de enfrentar um mega, ultra, típico engarrafamento paulistano, eu consegui me unir ao grupo de pessoas simplesmente iluminado. Nos reunimos em torno de uma causa comum e, apesar de nos conhecermos pouco, ou nada, nos sentimos inteiramente à vontade, como se estivéssemos nos reencontrando depois de anos-luz distantes e conectados. - Nossa, Andréa, que viagem. Sim, é uma "viagem". Só para dar um pouco da dimensão do que foi aquela noite mágica de lua cheia, chegando no local, a casa de uma nova amiga, encontrei uma mulher linda e sorridente, que tive, de cara, certeza de que conhecia. Não fazia sentido. Mas fazia tanto... Conversa vai, conversa vem, eu descobri que ela tinha chegado há três semanas em São Paulo e que vivera, até então, em Ibiraquera, uma praia linda em Santa Catarina, onde eu passei o Ano-novo de 2009 para 2010. Eu a tinha conhecido porque nos encontramos num restaurante e ela deixou escapar que fazia massagem. Resultado: abriu a própria casa e fez uma massagem mágica em mim (que abriu muita coisa boa no meu coração e na minha vida). E fez depois também nas minhas amigas que também estavam na praia. Aquela mesma pessoa, numa sexta-feira inusitada, estava diante de mim, numa cidade imensa e num local inesperado. Coisas da vida. Este foi só o começo do final de semana de resgate da minha célula menina. Ok. Posso explicar.

A Deinha, esta criatura que vos fala, durante muito tempo, sufocou parte do seu mundo rosa para sobreviver na selva da vida. E agora, aos 34 anos, tem se dado conta do quanto este tom leve e delicado faz sentido e lhe dá poder. Neste encontro, entre outras tantas coisas, assistimos um vídeo de um TED na Índia. A palestrante, Eve Ensler procurou mostrar o quanto perdemos nossa sensibilidade e nos endurecemos ao suprimirmos nosso lado feminino. Os homens, igualmente, sufocam sentimentos e este lado tão importante. Aquele que coloca pra fora o que sente, que conforta e acaricia (tem coisa mais gostosa do que um homem que consegue ser assim?) vale ouro.

Tá, Andréa, mas onde isto vai chegar? 
- Sai pra lá, célula objetiva e racional. Let it be. Vamos adiante! Vai fechar :)

Eu estou tentando costurar tudo isto porque me caiu uma ficha muito grande (está até agora meio "entalada" na minha garganta). A de que justo no final de semana posterior a um encontro tão sensível e esclarecedor, eu me permiti resgatar a minha célula-menina mais genuína e me casei (ainda no civil) de um jeito leve e, como bem descreveu a Januza, simples. Me permiti viver um momento super importante (sim, é importante) e me sinto muito bem por ter me libertado e me permitido viver cada pedacinho desta história. Sinto que, ao sentir tudo isto, estou também libertando por tabela algumas células meninas alheias que, paralisadas de medo, perderam-se pelo caminho. Sinto que esta é apenas a ponta de um iceberg e que, agora que eu comecei a mexer, não vou querer parar mais. Que existe gente como a gente, preocupada de verdade em fazer alguma coisa útil, em ajudar, em construir, em resgatar valores e conceitos. E que quando o universo conspira, não tem nada que possa impedi-lo de agir. Conforme o relato de um dos participantes do encontro, "nosso caminho é solitário, mas não precisa ser sozinho". E estou simplesmente adorando encontrar novas células por aí.