quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Sem controle

Este começo de ano está bem engraçado pra mim. Pra não dizer trágico. Como tenho um lado Pollyana ainda, um pouco ácido e alterado, consigo rir de mim mesma e da minha "reclusão" forçada. Na chegada em casa no domingo à noite, depois de um fim de ano na praia, sofri um acidente doméstico bem inusitado. O extintor de incêndio (gigante e cheio) do meu prédio, mal instalado ao lado da porta da cozinha, se atirou aos meus pés e esmagou meu pobre pé que passava ali embaixo assim, bem descansado e de Havaianas. O resultado? Um roxo bem feio, um corte, tudo inchado e a impossibilidade total de pisar por alguns bons dias. Pelo menos não quebrou. Osso duro esta guria. Fazer o quê?Trabalhar de casa, me recolher. Tem coisas na vida da gente que não têm solução e, por isto mesmo, estão solucionadas. A morte de pessoas queridas, por exemplo. Neste mesmo fim de ano dois amigos muito queridos perderam os pais em um intervalo de tempo bem pequeno. Primeiro foi o pai do Zé, logo depois do Natal, e, hoje, a Ana, um anjo da minha vida, que perdeu o pai. Coisa triste. Coisas da vida. Eu não estava por perto mas senti com eles a dor da perda. Como sei que um bando de gente sentiu muito também a morte do jornalista Daniel Piza, cheio de talento e de possibilidades. Felizmente, os ciclos se renovam e temos, com a mesma intensidade da dor, alegrias e emoções com a chegada de novos seres de luz nas nossas vidas. Nunca tive perto de mim tantos bebês. O mais recente chegou ao mundo ontem, todo rechonchudo e grandão, para alegrar um bando de babões como eu. Chama-se Antônio. Aqui, parada com meu pé para cima, ainda impactada pelas estrelinhas que eu vi com o extintor no pé, consegui parar e dar conta do quanto não temos controle sobre nada. E justo por não termos controle algum, nos resta relaxar, aceitar, respirar e deixar a vida nos levar. Assim como as nossas emoções e experiências, ela se renova.

* referência da foto: http://www.fire-design.fr/