segunda-feira, 20 de maio de 2013

Aquelas vozes internas.


Semana passada eu conheci uma menina com nome de flor. Falamos sobre a vida, sobre as nossas inquietudes e sobre nossas vontades de voltarmos a exercitar lados que ficaram adormecidos. Eu super me empolguei quando ela comentou que participou de algumas dinâmicas de conversas com tricô na roda. Enquanto se tricota (e aí desvia-se o cérebro, abrindo um lado criativo e despretencioso), flui a conversa e surgem conceitos e novas ideias. Pode ser tricô, origami, desenho, pintura de mandalas. Cada um usa um jeito. Todos válidos e igualmente lúdicos. Daí surgiu uma fala dela da vontade de voltar a escrever. Segundo ela, o dom da escrita era algo bem apurado na infância, até que um dia ela mostrou um texto para a avó que, muito rígida, disse que estava péssimo. O que aconteceu? Hoje, 20 anos depois, sua auto-crítica ainda não permitiu que tenha voltado a escrever. Aquela voz interna da avó somada ao olhar de repressão simplesmente castrou naquela menina, agora mulher, toda e qualquer coragem de colocar no papel suas experiências. Quantas vezes não fizemos isto com nossos filhos, amigos, com nossa equipe? Eu mesma, com meu jeito brincalhão de falar, já disse para a filha de uma amiga que o desenho dela estava "feio". Claro, ela não entendeu como ironia e não achou nada divertido. Um desastre! Então tá, como não matar as nossas crianças internas e, ainda assim, trabalharmos em cada uma delas seu senso crítico, em busca de uma qualidade genuína, que sempre pode ser melhorada? Uma pista: tem a ver com o jeito de falar, desconfio. E, claro, com o queridíssimo paradigma do cuidado, do Bernardo Toro. Cuidar não custa nada. E vale muito. Assim, fantasmas com potencial de nos atormentarem por toda a vida podem virar amigos imaginários nos ajudando a exercitar o que temos de melhor, livres e entregues às nossas verdadeiras vocações. Quem topa começar?