terça-feira, 29 de março de 2011

Comer, dormir e escolher os amigos.

Eu estava lendo a revista da Tam no voo (aliás, eu curto muito a revista) e me deparei com a reportagem falando sobre paraquedismo. O inusitado da matéria era a história de um jovem senhor, com seus setenta e poucos anos, que continua saltando e viaja o mundo em busca de adrenalina. Sempre junto com companheiros com idade para serem seus filhos ou netos. Ele tem as feições parecidas com o papai noel, só que em boa forma. Simpático, sorridente, conta suas peripécias no ar e o quanto isto tudo o energiza. Um exemplo a ser seguido, pela serenidade de uma pessoa movida por uma paixão. Ele tem sangue correndo nas veias. Não calçou as pantufas e não se queixa do tempo e das limitações que vêm de brinde. No final da história, ele dá algumas dicas de como, segundo seu olhar, pode-se viver bem. Falou, claro, dos cuidados com alimentação, com o corpo e com o sono, mas incrementou um outro aspecto curioso. Comentou algo do tipo "escolher bem os amigos". Não lembro de ter visto nos manuais algo escrito desta forma. É importante ter paz de espírito, alguma crença, tranquilidade e, olhando assim, de pertinho, as pessoas à nossa volta são bem importantes para o alcance ou distanciamento disto tudo. Por mais zen que estejamos, ter por perto pessoinhas "pesadas" torna tudo mais difícil. Não estou falando em viver no "mundo rosa" e esperar que todos sejam legais e iluminados o tempo todo. Todos temos dias ruins, lados negros, sombras reveladoras. Mas filtrar quem não nos faz bem das nossas rotinas ajuda um monte. Tenho feito este exercício mentalmente. É ainda bem recente, mas já foi dada a largada. O de evitar conviver com pessoas de mal com a vida. Eu simplesmente não preciso disto. Isto não me pertence. Claro, na rotina, no trânsito, na loucura das nossas vidas, elas estarão sempre por aí, espalhadas, alucinadas. Meu desejo e a minha tentativa atual é torná-los distantes espiritualmente do meu serzinho, tentando me fechar em mim, respirar, me centrar. O bom disto tudo é que estou fazendo uma certa reciclagem na minha vida. Como num roupeiro. Cada sapato novo dá direito a descartar um antigo. Com as pessoas pode ser assim. Se eu deixar me afastar de alguém por um ou outro motivo, estarei abrindo meu coração para novas pessoas e possibilidades (não estou dizendo que as pessoas são descartáveis, pelo amor de Deus, mas que elas vão e vem nas nossas vidas. Bom mesmo quando vão e voltam ainda melhores). Tem também a história do coração de mãe, onde sempre cabe mais um. Vero. Mas a questão aqui é simples e direta. Saber fazer escolhas. E aprender a fazer isto também em relação aos amigos. Claro, não vou abrir mão de jeito nenhum dos velhos e queridos companheiros de vida. Aqueles que, como aquele casaco antigo e aconchegante, nunca deixarão de fazer parte da minha história. Estes, no velho ou no novo roupeiro, sempre terão seu cantinho especial.