quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Viver é perigoso

Neste fim de semana + feriado eu fui para o Rio para respirar um pouco de maresia, comer milho na areia e tirar um pouco do branco gelo paulistano. Alguns raios de sol sempre fazem bem. Toda vez que eu vou pra lá eu fico me perguntando se o tal Rio perigoso da televisão é assim tão violento. Na verdade, eu acho que não. Só acho que no Rio as coisas são mais explícitas. Tudo acontece muito perto. É muito "democrático". Tá tudo ali. O mar maravilhoso, a favela, os carrões, os corpões. Na verdade, eu me sinto muito segura no Rio. Principalmente no Leblon e Ipanema, onde eu ando tranquila pelas ruas (tranquilidade que eu não tenho sentido tanto assim quando vou para Porto Alegre, infelizmente). Só que neste fim de semana eu me deparei com a tal violência bem na frente dos meus olhos. Caminhando no calçadão de Ipanema, testemunhei um tumulto fruto de um tiroteio que acabara de acontecer. Correria, ambulância e milhares de versões do acontecido depois, a ficha foi caindo e, com ela, a sensação cada vez mais presente de que viver é perigoso. Sim, é mesmo. Nascer é perigoso. Respirar é perigoso. Comer é perigoso (vai que a pessoa se engasga). Mas talvez esta sutileza de um perigo sempre ali, tão pertinho, seja a pimenta que nos move pra frente. Não dá pra brincar com a vida, passar do ponto, virar o fio. Mas também não dá pra deixar de ir pro Rio, de se aventurar no mato, de sofrer por amor. Fácil é ficar anestesiado, ter uma vida morna, se esconder debaixo da cama. Botar o nariz e o peito pra fora, isto sim dá trabalho.