quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Fantasmas camaradas

Eu nunca tive muito medo de fantasma na vida. Esta coisa de um lençol branco voando pela casa ou mesmo espíritos que estariam ao meu lado fazendo barulhos nunca me abalaram. Nem mesmo os filmes ditos de terror me apetecem. Com exceção de "Os outros", cuja velha que aparecia eu sonhei saindo do armário noites a fio, não recordo de algum que tenha me apavorado muito. Acredito em outras vidas (eu acho) e que não estamos sós neste planeta (nesta e em outras dimensões). Mas isto é relativamente bem resolvido na minha cabecinha católica/espírita/budista. Eu tenho mesmo medo de gente. Mais ainda, tenho medo dos fantasmas que habitam a cabeça da gente. Estes sim são seres poderosos e, muitas vezes, bem perigosos. Os vivos, claro, também são. Mas estão ali, visíveis. Dá pra ter um certo controle. Os verdadeiros fantasmas não têm forma e têm sérios problemas para se comunicarem. Em Cachoeira, nós falamos que são "minhocas" da nossa cabeça. Independente do nome que os ditos tenham, eles estão aí, cada vez mais fortes e confiantes, atravancando nossas vidas e enchendo de dúvidas as nossas pobres cabecinhas estressadas com a vida moderna. Tenho acompanhado os fantasmas das cabeças alheias à distância. Parece que está escrito nas testas das criaturas que eles estão ali, assombrando a paz de espírito dos seus hospedeiros. Rugas na testa, agitação e um monte de questionamentos desnecessários. A ciência tem tentado com muito químico acabar com eles. Uma verdadeira caça aos fantasmas. Eu até acredito que pode fazer algum efeito. Mas estou cada dia mais convencida de que existem outras formas mais suaves de resolver / trabalhar / aceitar a questão: fuçando, enfrentando os bichos de frente ou mesmo relaxando e esfriando a cabeça. Acho que perdemos tempo demais com coisas de menos. Não é para tanto. Proponho que tentemos fazer as pazes com as nossas neuras. Um café ou um chopp pode ajudar. Às vezes tornamos as coisas maiores do que elas são. E perdemos um super tempo sofrendo. Tô tentando fazer as pazes com os meus fantasmas e enxergá-los um pouco mais camaradas. Tento usar um pouco de humor e alguma pitada de meditação para acalmá-los. Tenho conseguido alguns bons resultados. Hoje meus ghosts e minhas histórias empoeiradas do passado parecem até um pouco mais simpáticos e menos agressivos. Consegui até ficar três dias sem escrever no blog e nem por isto fiquei de mal com minha consciência. Como diz a velha máxima, "se não podes derrotá-los, junte-se a eles". Buuuuuuuuuuuuuu!