domingo, 8 de janeiro de 2012

O que você realmente gosta de fazer?

Neste fim / começo de ano eu tenho me pegado bem introspectiva e altamente questionadora sobre várias coisas que eu vejo / sinto. Alguns emails, papos e, finalmente, dois filmes que assisti neste final de semana me fizeram questionar mais ainda.
Pra começo de conversa, teve um email beeeem forte que a Januza mandou no fim do ano, refletindo sobre o texto "De repente 60", que ganhou o prêmio Longevidade Bradesco 2011, na categoria "Histórias de vida", de Regina Pompeu. Basicamente, o texto conta a história real da Regina que, de repente, se viu com 60 anos e parou para questionar um monte de coisas que fez e as outras tantas que deixou de fazer na vida. "Onde foram parar todos esses anos?", questionou ela. Não foram poucas as pessoas que nos últimos dias, especialmente, me comentaram coisas deste tipo. "O que estamos fazendo com as nossas vidas?" "Pra que tudo isto?" "Qual nosso propósito real, afinal?" "O que queremos viver / deixar para a Humanidade e o que nos impede, de fato, de fazermos?" Incomodada que já estava, assisti ontem ao filme "O primeiro que disse", uma comédia italiana que eu perdi no cinema e que, assim, meio por acaso, acabou nas minhas mãos. Conta a história de um Tommaso, um italiano de uma família beeem tradicional que resolve revelar sua homossexualidade e acaba vivendo uma história muito desastrada, já que seu irmão mais velho, todo certinho, toma a iniciativa primeiro e revela-se gay antes dele. Gay, escritor, sonhador, Tommaso passa o filme todo na angústia de ser quem realmente ele é, tentando equilibrar seus desejos e sua identidade com as expectativas da família da sociedade. Quem nunca passou por isto? O golpe final foi o delicioso "Julie & Julia", baseado em histórias reais, que se passa em dois mundos paralelos e super conectados. Ambas são mulheres tentando se encontrar, em épocas diferentes, com sentimentos muito iguais: busca do pertencimento, da energia vital, de uma causa. A certa altura do filme, o marido da Julie Powell, a protagonista do mundo contemporâneo, pergunta a ela: "O que você realmente gosta de fazer?" e desencadeia uma mudança gigante de comportamento e de atitudes nesta mulher tão jovem e amargurada. Faltava um propósito para ela, assim como muitas vezes faltam propósitos para nossa vidas. Ou quando os temos, nem sempre temos a coragem de nos expormos e os abraçarmos, sem nos importarmos tanto com o que os outros pensam. Sinto que agora, mais do que nunca, é hora de pensarmos de verdade no que gostamos de fazer, no que nos move, no que nos toca. Se o tal 2012 tão revelador chegou, que tal usarmos esta grande desculpa cósmica para colocarmos a mão na massa e assumirmos nossas vidas? Desenhar, escrever, trocar uma ideia com alguém legal sempre ajuda. Depois, com este monte de papel na mão assim, ainda imperfeito, é hora de começar a dar forma a tudo isto, sem aquele olhar tão crítico e castrador. Sermos leves, enfim, e nos permitirmos, vez ou outra, fazermos algo que realmente gostamos, com muita intensidade e nem um pouco de culpa. Quem começa?

Referências gostosas que, espero, provoquem você tanto quanto me provocaram:
3) Julie & Julia (foto do post retirada do filme)http://www.cineclick.com.br/filmes/ficha/nomefilme/julie-julia/id/15974