quarta-feira, 30 de março de 2011

Desaprender é preciso.

Hoje eu tomei um café com uma daquelas pessoas maravilhosas que mudam a vida da gente quando dedicam algumas horas de prosa. Ele é um amigo, cliente, e também um cara que eu admiro e com quem eu acabo sempre filosofando sempre. Bom demais pra abrir a cabeça, especialmente agora, que eu estou com um pé no avião, rumo ao Butão (calma, outra hora, digo, noutro post, eu conto tudo). Pois bem, dentre os assuntos da "pauta", falávamos em aprendizado, em estarmos abertos para as mudança e no quanto isto pode ser rico pras pessoas. Eu tenho sentido isto na pele. Minha vida sempre foi bem animada, eu diria, mas está especialmente agitada e cheia de novidades nos últimos tempos. Minha vinda pra São Paulo foi meio "truncada" nos primeiros meses (anos?) e eu estava bem fechada para digerir tudo isto. Na verdade, eu vim pra cá com um monte de pré-conceitos e ideias meio formadas sobre a vida e as pessoas e aqui, por bem ou por mal, tive que abrir espaço no HD para observar e entender novos comportamentos e situações. Segundo este cliente / amigo com quem eu falei hoje, ele recebeu um ensinamento aos 27 anos, numa multinacional onde trabalhou, que nunca esqueceu. Uma criatura contou pra ele a importância de aprendermos a desaprender para liberarmos espaço e a nossa mente para o novo. Ou seja, nos despirmos um pouco do passado (sem abrir mão dos nossos valores, claro) para abrirmos novas frentes no presente e no futuro. Eu mesma tenho questionado um monte de coisas, tenho reavaliado outras tantas e mudado meu comportamento em váááárias frentes. O que eu aprendi no colégio quase não serve mais e muito do que eu tinha como "certo" nas religiões, por exemplo, tem se transformado bastante. Vale também para meu jeito de vestir, meus hábitos, meus planos. Que bom. Chama-se "evoluir". Pelo menos eu espero que seja por aí o processo. As pessoas têm estranhado, se assustado, reagido um pouco "cabreiras" a algumas das minhas novas "roupagens". Outras, mais doidinhas e empolgadas, estão adorando e até pegam uma carona aqui, outra ali. Não é minha intenção. Mas acontece. Estou tentando esvaziar a caixinha e deixá-la bem arejada para novas e reveladoras experiências. Que venham coisas boas e bem leves pra rechearem minha ignorância de mundo :)

PS: esta imagem, da borracha Mercur, é homenagem a dois ex-clientes e grandes amigos que a vida me deu, o Cloger e o Breno. Continuo aprendendo muito com eles.

terça-feira, 29 de março de 2011

Comer, dormir e escolher os amigos.

Eu estava lendo a revista da Tam no voo (aliás, eu curto muito a revista) e me deparei com a reportagem falando sobre paraquedismo. O inusitado da matéria era a história de um jovem senhor, com seus setenta e poucos anos, que continua saltando e viaja o mundo em busca de adrenalina. Sempre junto com companheiros com idade para serem seus filhos ou netos. Ele tem as feições parecidas com o papai noel, só que em boa forma. Simpático, sorridente, conta suas peripécias no ar e o quanto isto tudo o energiza. Um exemplo a ser seguido, pela serenidade de uma pessoa movida por uma paixão. Ele tem sangue correndo nas veias. Não calçou as pantufas e não se queixa do tempo e das limitações que vêm de brinde. No final da história, ele dá algumas dicas de como, segundo seu olhar, pode-se viver bem. Falou, claro, dos cuidados com alimentação, com o corpo e com o sono, mas incrementou um outro aspecto curioso. Comentou algo do tipo "escolher bem os amigos". Não lembro de ter visto nos manuais algo escrito desta forma. É importante ter paz de espírito, alguma crença, tranquilidade e, olhando assim, de pertinho, as pessoas à nossa volta são bem importantes para o alcance ou distanciamento disto tudo. Por mais zen que estejamos, ter por perto pessoinhas "pesadas" torna tudo mais difícil. Não estou falando em viver no "mundo rosa" e esperar que todos sejam legais e iluminados o tempo todo. Todos temos dias ruins, lados negros, sombras reveladoras. Mas filtrar quem não nos faz bem das nossas rotinas ajuda um monte. Tenho feito este exercício mentalmente. É ainda bem recente, mas já foi dada a largada. O de evitar conviver com pessoas de mal com a vida. Eu simplesmente não preciso disto. Isto não me pertence. Claro, na rotina, no trânsito, na loucura das nossas vidas, elas estarão sempre por aí, espalhadas, alucinadas. Meu desejo e a minha tentativa atual é torná-los distantes espiritualmente do meu serzinho, tentando me fechar em mim, respirar, me centrar. O bom disto tudo é que estou fazendo uma certa reciclagem na minha vida. Como num roupeiro. Cada sapato novo dá direito a descartar um antigo. Com as pessoas pode ser assim. Se eu deixar me afastar de alguém por um ou outro motivo, estarei abrindo meu coração para novas pessoas e possibilidades (não estou dizendo que as pessoas são descartáveis, pelo amor de Deus, mas que elas vão e vem nas nossas vidas. Bom mesmo quando vão e voltam ainda melhores). Tem também a história do coração de mãe, onde sempre cabe mais um. Vero. Mas a questão aqui é simples e direta. Saber fazer escolhas. E aprender a fazer isto também em relação aos amigos. Claro, não vou abrir mão de jeito nenhum dos velhos e queridos companheiros de vida. Aqueles que, como aquele casaco antigo e aconchegante, nunca deixarão de fazer parte da minha história. Estes, no velho ou no novo roupeiro, sempre terão seu cantinho especial.

sexta-feira, 25 de março de 2011

"O amor é brega".

Estávamos, pra variar, engarrafados no trânsito de São Paulo, voltando pra casa, num fim de dia típico qualquer. Eu e parte da minha equipe, incluindo a Cla, que chegara de Porto Alegre. O assunto? Romance, Fábio Junior, Frank Sinatra e outras manifestações amorosas em geral, tudo livremente inspirado pela trilha sonora do carro. Eis que surgiu a frase: "o amor é brega". E completaram: "pro amor ser de verdade, ele precisar ser um pouco brega". Forte? Verdadeiro? Exagerado? Você conseguiria imaginar um casal extremamente apaixonado que não falasse entre si uma ou outra besteira com voz infantil? Ou um par romântico que não curtisse dançar coladinho, escrever um poema, entregar um mimo? Parece que a paixão, o amor e seus derivados provocam em nós instintos bem primários. Ficamos meio bobos, desligados, risonhos. Na verdade, as convenções sociais que tiraram de nós os ímpetos, muitas vezes secaram nossas fontes e nos tornaram pessoas "na média", normais demais, sonhadores de menos. Alguém em sã consciência se casaria? Se você colocasse na ponta do lápis o custo de um filho, conseguiria engravidar? Pois é. Nem eu. É por isto que eu tenho tentado me libertar um pouco da casca de "normalidade", nos últimos meses principalmente. Tenho tentado ouvir menos os outros e mais a minha alma. Tenho me permitido ser um pouco brega no amor, deixar bilhetes pela casa, ligar só pra dizer oi. E estou sobrevivendo, sem culpas nem náuseas. A Deinha está mais leve, mais descompromissada com as regras e, incrivelmente, mais produtiva no trabalho. Ela continua gostando de yoga, cavalos e livros. Mas tá curtindo coisas bem simples e mundanas. Acho que no fundo todo mundo tem um pouco disto. Deste lado solto, meio bicho, apaixonado, liberto, "chutador de balde", crianção mesmo. Ontem à noite fomos num bar-conceito todo cheio de tchucos. A promessa da noite eram os shows do tal lugar. Uma mulher fazendo um semi-streap-tease e um mágico, que veio de brinde e surpreendeu. Ela estava "na média", dentro do script. Bonita, malhada, fazendo a performance conforme manda o figurino. Não ficou nua, mas chegou bem perto. Mas não convenceu. Estava técnica demais e ligada de menos. Ela estava ali e não estava. O mágico, que não prometera nada, chegou chegando. Leve, divertido, inteiro. Se permitiu brincar. E por acaso até tinha uma plateia pra assistir. Acho que o segredo do tal "amor brega" tem um pouco disto. Tem a ver com se permitir entrar na história sem muita promessa, sem grandes expectativas. A lingerie importa, claro. Mas a postura, o gestual, a presença, estes realmente importam. Tá, e se você tentar, talvez achem você entregue demais, meio piegas talvez? Tomara que sim. Let it be, baby. Bom fim de semana pra você. De preferência com uma trilha bem romântica e um cobertor de orelhas pra acompanhar.

Na dúvida, não ultrapasse.

Aqui em São Paulo, mais do que eu enxergava em Porto Alegre, tem as tais feirinhas toda a semana, cada dia numa quadra dos principais bairros. Feirinha bem do interior mesmo, com frutas, feirantes berrando na disputa do cliente, caixas, muvuca. Um hábito bem saudável e bacana. Mas com as feirinhas vêm alguns probleminhas. O da sujeira que vem depois e o caos que fica a região ao redor do espaço. Hoje eu fui na manicure na hora do almoço. Tento ir sempre nas sextas ao meio-dia ou nos sábados de manhã. E toda sexta, quando eu vou, me arrependo. É porque do lado do salão tem a tal feirinha nas sextas-feiras. E com ela, um caos absurdo pra estacionar. O salão é uma casa e tem três vagas de estacionamento. Um luxo pra São Paulo. Mas fica impraticável chegar até ele às sextas-feiras. Toda vez que eu chego por perto e lembro que é sexta (e que tem feira), me arrependo da ideia de ter agendado algo nos arredores. Pois bem, hoje a situação passou dos limites. Não bastando a dificuldade pra chegar na tal casa (imagine como fazem os moradores?), consegui estacionar a muito custo, desviando de dezenas de carros dos feirantes que estacionam, neste dia, em qualquer lugar. Vale em cima das calçadas, em local proibido, onde couber, na verdade. E lá se vai a Deinha fazer ginástica para enfiar o carro na vaga sem arranhar os veículos automotores dos amigos, enfileirados de qualquer jeito em qualquer lugar. Não bastasse isto, além dos carros fora de lugar, uma criatura colocou uma moto praticamente atrás do meu carro no estacionamento, no meio da rua. Mesmo que eu conseguisse dar ré (e não consegui), eu não conseguiria passar no restinho estreito de rua que sobrou. Uma falta de respeito, de educação, de cidadania. Recebi, felizmente, a solidariedade de um monte de pessoas, que vieram tentar fazer milagre comigo, em milímetros pra frente e pra trás. Um alento. Mas a ajuda foi em vão e, quando eu já estava com o telefone da CET (ou marronzinhos, como são chamados os agentes do trânsito), o digníssimo senhor proprietário da moto chegou. Sacolas na mão, frutas, verduras e uma cara de pau que me fez ter vontade de jogar um tomate no cidadão. Pior, ele tentou inverter a situação e questionou por que eu não tinha tirado a moto dali, já que ele "gentilmente" a teria deixado destravada. Tentou me enfrentar, foi mal educado e não conseguiu assumir o erro. Uma pena. Pena mesmo. Uma tristeza, eu diria. Eu queria ter reagido de um jeito mais tranquilo. Queria ter conversado, ajeitado as coisas. Mas não me contive. Como diz minha mãe, "me subiram os Fortes à cabeça". Como não se indignar? Está faltando civilidade, educação básica, generosidade. Aqueles conceitos básicos de "a liberdade de um termina quando começa a do outro", bom dia, muito obrigado. Onde eles foram parar? Espero que tenhamos um resquício de bom senso. Que tenhamos mais tolerância e mais respeito. Que consigamos através de pequenos gestos e gentilezas desarmar pessoas cheias de si e aproximá-las delas mesmas. Será que dá?

quinta-feira, 24 de março de 2011

Pesadelos do bem

Hoje eu almocei com uma nova-velha amiga que tem o dom de me desestabilizar cada vez que eu a encontro. Digo isto no bom sentido, se é que há algum sentido ruim em tirar alguém "da caixinha". A criatura é uma guerreira, meio bruxa, com uma história de vida intrigante e uma energia vital contagiante. Me foi apresentada por outra bruxa, só que loira. Sim, ela é morena. E se chama Mariana. Pois bem, dentre os assuntos do almoço, que foi curto demais para a quantidade de informação que fluiu, falamos sobre desestabilizações em geral. Dentre elas, pesadelos, surtos, medos e a coragem de enfrentar tudo isto. Vamos por partes. Primeiro, tenho tido muitos pesadelos nos últimos tempos. E muito sono também. Eu e muitas pessoas bem próximas. Segundo ela, o pesadelo tem a ver com potencial criativo suprimido e com fantasmas que estão doidos pra sair e não estão encontrando espaço. Falamos sobre os surtos da Humanidade que, coincidentemente ou não, têm sido bem frequentes. Mesmo assim, com as pessoas e o Planeta "gritando", temos dificuldade em lidar com o que não é real, tangível, explicável. "- Cadê a rede de apoio para validar e acolher nossos surtos?", perguntou ela. Pois é. A rede está ocupada, desinteressada ou amedrontada demais para enfrentar nossos pesadelos coletivos. Também não sei se é casual, mas muita gente pertinho de mim tem mudado radicalmente suas vidas, especialmente nos últimos meses. Eu me incluo na lista. Só que mudar, "chutar o balde", deixar os monstros fluírem, isto tudo exige vontade. De sair da zona de conforto, de sair debaixo da cama, de dentro do armário, dar a cara pra bater, colocar o peito pra fora, respirar, ousar, se expor. Uau. Quanta coisa! Eu não me sinto ainda pronta o suficiente para fazer tudo isto. Pelo menos não tudo ao mesmo tempo. Mas ando "bem saidinha" nas minhas iniciativas de me permitir fazer o que me agrada, me alimenta, me acrescenta. Tenho delegado mais e procurado julgar menos (nem sempre eu consigo, mas estou me esforçando). E tento, cada dia de manhã que eu acordo perturbada por um ou vários pesadelos, entender de onde eles afloraram e o que tentam me ensinar. Isto vale para os surtos, as dores de cabeça, dores do corpo e da alma que têm vindo me visitar de vez em quando, cheios ensinamentos e simbolismos. Que venham os monstros, as provações, as Marianas, os simbolismos e os pesadelos cheios de histórias e de recados. E que eu esteja serena e aberta o suficiente para conseguir ouvi-los.

segunda-feira, 21 de março de 2011

"Experenciar"

Eu até agora não estou bem convencida se posso ou não usar a palavra "experenciar" assim, como eu tô pensando. Experenciar ou experienciar??? Neste momento, confesso, não tô muito preocupada com isto. Quero sim é colocar pra fora o que eu tô pensando a respeito da tal "experiência" nas nossas vidinhas. Hoje tem-se falado muito no tal Marketing de Experiências. Estou cada vez mais convencida de que produtos e serviços não são nada, comparados às experiências que podemos proporcionar às pessoas. Tem tudo a ver com os tais rituais que eu já comentei (e que adoro). Eles ficam, marcam, simbolizam muita coisa. Dia destes eu fui numa reunião e na apresentação que foi preparada para uma equipe de Marketing na faixa dos 30/40 anos foram colocadas fotos de brinquedos lúdicos e inesquecíveis das décadas de 70/80. Claro, mexeu com os coraçõezinhos da mesa, que não paravam de comentar suas experiências na infância com este ou aquele "símbolo". Ultimamente, tenho vivido muito intensamente isto. E tenho observado a tentativa (nem sempre felizes) das marcas / empresas em tocar as pessoas através da experiência. Cheirinhos personalizados, música ao vivo no supermercado, toques e sabores. Tudo sempre muito bem-vindo. Acabei de chegar do paraíso da experiência: Nova York. Tem experiência mais tentadora do que deixar vários Macs à disposição do consumidor na própria loja mega-conceito da Apple? Difícil sair imune. Mas nem sempre a tal experiência precisa ter a ver com consumo simplesmente. Aliás, quando ela está descolada disto, pelo menos no sentido mais literal, até vale mais. Pra mim, pelo menos. "Aprender" a esquiar na neve, por exemplo, foi simplesmente indescritível. Ainda mais quando eu parei de pé de verdade nos esquis. :) Viajar, afinal, tem muito disto. Ninguém tira o que ficou em você depois de uma viagem. Meus amigos queridos (e viajandões na criatividade) têm se puxado ao exercitarem o verbo "experenciar" com a Deinha. Tchucos, tchucos, muitos tchucos (pra quem não leu o blog anteriormente, tchucos, na linguagem do mundo rosa, são mimos, surpresinhas, coisas gostosas). Meus cunhados nos deram de presente de casamento uma ida ao Rock in Rio com eles, com direito a escolhermos a noite do show, incluindo hotel e passagem. Baita experiência! Pati e Fábio, que foram testemunhas no civil, nos deram um vale aula de culinária. O convite é um tchuco por si só, cheio de coisinhas fofas ligadas à culinária. Agora, no meu aniversário, juntaram-se à Carol, outra pestinha criativa, e me deram uma aula de pole dance. Eu mereço! Sim, eu mereço. E adoro. Pra fechar com chave de ouro a sequência de surpresinhas deliciosas, minha equipe (sempre ela) preparou uma coleção de livrinhos temáticos da Deinha. São 3 books, que fazem parte "dos pequenos grandes livros amorosos", contando a história da minha vida nos últimos tempos. O primeiro, "Admirável mundo rosa". Na sequëncia, "Andréa no país das maravilhas" e, finalmente, "Andréa Cravo e Canela". Fotos, textinhos, sacanagens. Tudo deliciosamente preparado por muitas mãos. Como não ser boba diante de tanto carinho? Espero que, ao longo da minha vidinha, consiga proporcionar belas e deliciosas experiências para estas e outras tantas pessoas que têm feito meu mundo mais rosa. Vocês são demais :)

sábado, 19 de março de 2011

We are back :)

Estou de volta ao blog e à vida "normal", depois de alguns dias bem atípicos. Retiro espiritual com casamento zen no carnaval e alguns dias em Nova York com o maridão e a sogra, pra ter mais emoção, claro. Estou beeeem mexida, cheia de novidades e ainda tentando entender o tsunami de boas emoções que atropelou minha vidinha nos últimos meses. Neste findi, por causa do meu aniversário, minha irmã e meu cunhado estão em SP. Um milagre e uma alegria. Pena que meu pique não está lá estas coisas e o sono ainda está pegando no pós-viagem, arruma malas etc. Well, eu ainda nem sei direito o que escrever. Mas rascunhar meia dúzia de palavras no blog me ajuda a organizar as ideias. Confesso que uma das coisas que eu senti muita falta por lá foi o computador e o meu mundinho rosa. Quase como um amigo imaginário, tenho gostado da companhia deste espaço virtual, que me permite interagir com um monte de pessoas queridas. Tá, Andréa, mas e o resumo da ópera disto tudo, teve? Até que sim, mas eu não consegui entender direito as coisas ainda. Só não posso deixar de falar de uma criatura que eu conheci no voo de volta. Viajamos de Continental, uma companhia aerea bem "estranha", que eu não conhecia. Mas que nos trouxe de volta sãos e salvos por um precinho bem camarada. Ok, então. Do nosso lado, na volta, uma criatura bem atrapalhada mal conseguia respirar de tantas bagagens que trazia na mão. Um desastre. Quando resolvemos ajudá-la, ela despejou um dicionário inteiro em cima da gente. Mal conseguia organizar as frases, de tão ansiosa que estava. Brasileira, produtora de TV e independente, mãe de dois filhos, ela conheceu um americano pela internet há oito anos. Casou e foi de mala e cuia pros EUA, onde morou até ontem. O marido morreu há três semanas e ela voltava para Brasil com uma mão na frente e outra atrás, com muitas malas, dois cachorros, um gato e um sorrisão no rosto, apesar da desgraça toda dos últimos dias. Ela sorria! E estava animadíssima com a possibilidade de recomeçar e de encontrar amigos antigos e as raízes no seu país de verdade. Chama-se Tânia e eu vou procurá-la no Facebook, claro. Pois bem. A Tânia me fez pensar na importância de se ter coragem na vida. Coragem de largar tudo por amor e a ousadia de recomeçar com mais de 50 anos. Ela comentava que estes 8 anos de "sonho americano" não foram tão cor de rosa assim. E, mesmo assim, que estava pronta para o próximo passo. Pois bem, eu também tenho tido coragem de viver um tanto de coisas boas nos últimos tempos. Estou igualmente feliz em voltar pra casa e reencontrar pessoas queridas. Assim, como a Rita, I'm back. Mas não esperem encontrar a velha Andréa de sempre. A Deinha está diferente e, espero, um pouco melhor. O tempo dirá. 34 beijos (em homenagem aos 34 anos que hoje à noite ficarão pra trás :)

quinta-feira, 3 de março de 2011

Meu cisne também é negro

Sexta passada eu fui "inocentemente" ao cinema com um grupo de amigos. Fomos assistir ao Cisne Negro que, não por acaso, deu o Oscar de melhor atriz à Natalie Portman. Eu já tinha sido alertada de que o filme era denso e que não deveria esperar algo leve e poético. De ballet, muito pouco, na real. Confesso que o filme me tocou mais do que eu esperava. Na verdade, tive pesadelos e passei fim de semana inteiro tentando digerir a mensagem. Um cliente meu comentou ontem que não tem "entendimento psicológico" suficiente para entender a mensagem. hehe. Falando em ter controle interno, o filme foi uma aula sobre isto. Utilizando a metáfora do cisne branco (leia-se precisão, ficar dentro da caixinha) X cisne negro (permitir-se extravasar, perder o controle, descobrir o lado escuro e agressivo), o filme desnudou a alma humana. Ouvi dizer que boa parte da crítica falou super mal da história e eu discordo, se isto realmente aconteceu (nunca leio as críticas). Achei o filme poético e intenso. Leve e extremamente agressivo. Assim, ao mesmo tempo. Como é a vida. Ninguém é branco o tempo inteiro (seria muito sem graça). Nem de todo mal. Ninguém é leve, divertido, tranquilo 24 horas por dia. E mesmo um assassino em série tem momentos de ternura, com a família, com algum amigo, uma criança, sei lá. Os meus cisnes internos ficaram realmente incomodados com tudo aquilo. E isto foi bom. Dolorido, mas bom. A Deinha "sob controle" do post anterior precisa dar vazão àquela mais livre e intensa. Somente esta outra consegue colocar pra fora sentimentos e emoções e, assim, explorar dentro de si uma pessoa mais intensa e provocante. Na verdade, estou em busca do meu cisne cinza. Dias mais brancos. Outros totalmente negros. Às vezes, um cisne rosa, romântico. Suave ou intenso, seja qual for a cor do dia, o cisne só não pode deixar de lado a beleza e a plástica da dança da vida. Sem energia vital, nenhum dos dois sobrevive dentro de nós.

Sob controle

Eu comprei a Vida Simples deste mês (aliás, tenho adorado cada vez mais a revista) por causa da chamada da capa. Dizia, em letras garrafais, "A culpa é sua!" Um tanto agressiva e direta, mas me provocou o suficiente para eu levar para a casa a tal publicação. Basicamente, o pano de fundo da reportagem é o de "convidar" as pessoas a assumirem para si a responsabilidade sobre seus atos. Parece fácil, mas vai tentar fazer na prática... Pois bem, segundo feedbacks bem próximos (um deles vem de uma pessoinha chamada... marido), eu passo boa parte do meu tempo tentando organizar / controlar o mundo ao meu redor. Até que estou melhor (delegando horrores), mas ainda falta bastante para eu amenizar o tal cacoete. E dedicando tanto tempo assim para o externo, acabo esquecendo do pobre do interno. E aí vêm as dores de cabeça, nas costas, na alma. Enfim, preciso dedicar algum tempo para respirar e cuidar de mim. De verdade. Os ensaios já começaram, mas falta muito treino ainda. Não por acaso o título me chamou tanto a atenção. Como alguém pode querer ter algum controle sobre o mundo ao seu redor se mal conhece seu próprio mundo? Yoga, meditação, escrever, dormir, fazer nada podem ser belos começos. Mas tem muito mais por trás disto tudo. Pra tentar ajudar a assimilar isto, vou carregar a revista comigo nos próximos tempos. Tipo uma Bíblia ou um laço de fita no dedo para lembrar / relembrar / renovar os votos comigo mesma. Ainda bem que o carnaval vem aí. E alguns dias só pra mim virão junto no pacote. Coragem, Deinha. Agora serás tu e tu :)

* ficou curioso pra ler a reportagem toda? Tá aqui o link. Tem até uma fala do psicanalista Contardo Calligaris, sobre o casamento. Ui, nos dedos! A Cris, amiga querida, adora o cara. Com razão :)
http://vidasimples.abril.com.br/edicoes/103/grandes_temas/mea-culpa-620000.shtml?pagina=1