domingo, 30 de janeiro de 2011

Pausa para respirar

Quem acompanha o blog (o pai do Fábio, o Sérgio, por exemplo, que eu ainda não conheço, mas já admiro), deve ter percebido o meu leve desaparecimento dos últimos dias. Fiquem tranquilos. Eu não fui sequestrada e não viajei para o Butão (ainda...). Estava respirando, curtindo um momento importante e me permitindo não me cobrar tanto. Coloquei como meta pessoal escrever um texto por dia no blog. Super bacana pela questão da disciplina e pelo exercício de ir jogando "no papel" as minhas ideias. Mas transgredir também tem sido uma máxima na minha vida. Transgredir, surpreender, planejar menos, deixar a vida me levar. Pior, eu estou adorando a ideia. A Andréa sempre super "certinha" e planejada surpreendeu a si mesma nos últimos tempos. Dia destes, cheguei num evento de um cliente querido apenas para curtir e parabenizar a equipe que trabalhou comigo (brilhantemente) no projeto. Eu não fiquei espiando cada pedacinho da história, mandando as pessoas fazerem isto ou aquilo nem critiquei um ou outro detalhe que possam ter saído diferente "do que eu teria feito". Consegui delegar mais, controlar menos e, com isto, causei uma certa ansiedade nas pessoas. Divertido isto. Como assim, a Andréa não vai querer saber / controlar tudo tudo? Não. Vai querer saber, acompanhar o necessário. Vai querer uma equipe mais independente e madura. Vai fazer uma festa de casamento "colaborativa", construída por uma comissão de amigos maravilhosos, envolvendo-se minimamente nos detalhes da história. Nossa, tirei umas duas toneladas das costas com estas decisões dos últimos dias. Engraçado que as pessoas não estão me reconhecendo muito. Confesso que nem eu estou. Mas estou adorando re-descobrir esta Andréa que estava sufocada e doida pra sair e respirar um pouco. Tomara que ela consiga borboletear por aí e que, agora que se permitiu sair do casulo, consiga voar mais leve e colorida. :)

* pra compensar a minha ausência dos últimos dias, acabei "cuspindo" três textos assim, no susto. Estão todos aí, como sempre, sem revisão nem críticas. Eu simplesmente os deixo sair. E depois vejo no que dá. Simples assim.

Sempre há tempo

Ontem à noite eu fui prestigiar o aniversário de 40 anos de um amigo que eu admiro muito. Na verdade, o Adriano tem sido, ao longo dos últimos anos, uma bela fonte de inspiração profissional e pessoal. Um cara bacana, do bem, super inteligente e instigador. Construiu sua carreira e a vida com muita luta e uma certa dose de ousadia. Ele escreve maravilhosamente bem. Tem um texto gostoso, leve, que abraça o leitor. Tudo de bom. Ontem ele estava radiante. Parecia uma criança numa festa de aniversário daquelas com muitos amigos e com direito a balão surpresa. Tocou com uma banda, homenageou companheiros de jornadas, os filhotes (um casal de gêmeos lindo), a esposa. Se emocionou, fez um resgate da sua história (do Rio Grande do Sul para o Japão, do Japão para SP bla bla bla). O guri é um desbravador, inquieto, sorridente. Ele emana luz. Olhando pra ele, eu pude me dar conta do quanto eu me permiti, na vinda pra São Paulo, me aproximar / reaproximar de um monte de pessoas bacanas e que, se não fosse minha vinda pra cá, teria perdido a oportunidade ímpar de conviver / aprender com cada uma delas. Assim como o Adriano, que super me acolheu quando eu liguei assustada dizendo que estava por estas bandas, outras tantas pessoas que eu conheci ao longo dos últimos três anos literamente mudaram a minha vida. Conheci meu marido (ok, é gaúcho, mas o conheci em SP) e fiz um bando de novos amigos em um curto espaço de tempo. Pra quem pensa que não é possível recomeçar, eu digo que tenho certeza de que é. Eu aprendi a viver em um outro time. Aprendi a pedir colo e a ligar para novas pessoas em busca de companhia na cidade enorme de pedra. Aprendi que posso sofrer aqui ou em Cachoeira (com o trânsito, o clima, o estilo de vida) ou que posso optar por não sofrer e aprender a viver de um jeito mais leve. Estou vivendo uma fase bem importante da minha vida e digo, sem sombra de dúvidas, que, além dos meus amigos de longa data que eu amo e valorizo demais, os novos amigos dos últimos anos (sempre há tempo para descobri-los) também têm vibrado com a minha história e têm alimentado em mim meus melhores sentimentos. A todos eles que têm me ajudado a me tornar uma Deinha melhor, eu agradeço com todo o meu amor. Vocês são minhas fontes de inspiração e de vida!

Corrente do bem

Eu ando bem mexida com as histórias das chuvaradas pelo Brasil. Quase não assisto TV (aliás, não tinha nenhuma até a semana passada, quando herdei um exemplar), mas é impossível passar imune à enxurrada de informações visuais. O que me chamou a atenção nesta tristeza toda foi a capacidade de superação das pessoas diante das desgraças. Parece que surge uma força não sei de onde e os seres humanos, nestas horas, lembram que são gente e que podem se ajudar. Surge uma corrente do bem. Todo mundo reconstruindo, confortando, ajudando. Parece que estamos assistindo a um filme. Mas é real. Em São Paulo, aparentemente, as pessoas não têm tempo pra se ajudarem muito. Talvez nem seja má vontade. Falta tempo e a percepção do quanto pode ser simpático e agradável fazer algo de bom para um vizinho ou mesmo um desconhecido. Mas algumas criaturas nos últimos tempos têm que mostrado que "tem jeito sim", como eu costumo dizer. Dia destes tive problema com meu carro. Em segundos, como se estivessem de plantão dentro dos boeiros, pipocaram pessoas dispostas a ajudar. Tudo muito rápido e espontâneo. A menina de um casal que parou para ajudar cuidou da bicicleta do outro voluntário que apareceu também. No posto de gasolina em que eu aguardava o guincho, fui super paparicada pelos frentistas, preocupados com meu bem-estar pelo calor da tarde. Ontem, espiando apartamentos por aí, um casal super simpático, com dois filhinhos, parou quando nos viu anotando telefones nas portarias de um prédio e comentou que estavam vendendo o apartamento deles. Não sabiam quem éramos nem o que fazíamos. E nos convidaram para subir e expuseram a casa e suas vidas assim, com uma tranquilidade e amorosidade absurda. Noutra casa, fomos praticamente obrigados a tomar um café. As pessoas estavam felizes porque tinham visita. Taxistas do bairro, porteiros, idem. Contentes pela oportunidade de ajudar. Vibrando com o nosso momento. Por outro lado, um senhor sem noção de outro prédio veio tirar satisfações enquanto falávamos com o porteiro para saber quem éramos (leia-se: de que família, que linhagem, que profissão, estirpe, raça, partido político). Comentou que parecia muito estranho um casal sair fazendo perguntas para os porteiros assim, "sem corretor". Pobre homem. Ele até me tirou do sério, eu confesso. Resgatou um pouco da Deinha primitiva e furiosa. Mas só por algum tempo. Colocando na balança estas poucas histórias que acabo de contar, dá até pena de pessoas assim, que não conseguem enxergar a grandiosidade de trocar, interagir, ajudar e reaprender conceitos e experiências através dos outros.

 * Tomei da liberdade de ilustrar este post com a foto de uma jóia que eu curti horrores quando vi. O pingente foi desenhado pela Patrícia Centurion, que tem um atelier de jóias e design divino em São Paulo. Eu a conheci durante o último TED Women e adorei a energia do lugar e das peças que ela desenha. Pra mim, trata-se de uma jóia de verdade por "n" motivos. Por ser exclusiva, simples, clean, por ter sido desenhada por alguém tão especial e, claro, por representar uma flor de lotus, símbolo da elevação e expansão espiritual. Tudo de bom.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Seres que inspiram

Ontem eu fiz uma apresentação para a equipe comercial de um cliente querido. Vários engenheiros sentadinhos e eu ali, na frente, falando, falando. Eles? Ouvindo, anotando, interagindo. Uau. Que delícia. Sabe por que isto aconteceu? Porque eu estava muito inspirada e porque estava realmente apaixonada pelas coisas que mostrava. Depois, pra fechar com chave de ouro, jantei com o cliente que, além de diretor comercial, é uma pessoa destas raras que passam por nós e ficam. Paizão, mega profissional, esportista, com muita clareza sobre a vida. Divagamos horas sobre o projeto, as perspectivas e, claro, sobre as nossas histórias. Incrível, mas hoje eu me permito falar de algumas coisas minhas com pessoas para quem / com quem eu trabalho. E não tenho a menor culpa a respeito. Esta Deinha versão 2011 não para de me surpreender... Ele, assim como alguns outros clientes que eu tenho orgulho de ser também amiga, tem uma visão bem bacana do seu papel na Humanidade. Mega crítico e inquieto (como eu), não quer se acomodar e, depois dos 50 anos, decidiu aprender a tocar piano. Parei pra pensar no quanto algumas pessoas me instigam, me inspiram. Há pouco, uma amiga mega poderosa (e agora mãe de família) me ligou para falar sobre a vida de casada e a alegria de estar se permitindo ser tão independente e esposa feliz ao mesmo tempo. Tem uma filhinha linda (e calminha, serena). Ela também me inspira. Como tantas outras criaturas que, sem querer, servem de exemplo e me fazem pensar que tudo pode ser mais simples e descomplicado. Sei que também acabo sendo um pouco modelo pra um monte de gente. Isto me assusta, me incomoda. Mas tenho começado a enxergar que tem um lado bom nisto tudo. Se eu conseguir "contaminar" uma ou duas pessoas vez ou outra com uma energia boa, se eu conseguir "puxar" pra cima e mostrar o que elas têm de bom (tem um bando de especialistas em mostrar o lado negro dos outros - tô fora), puxa, me agrada. É por isto que eu estou cada vez mais segura que só quero por perto pessoas inspiradoras de verdade, com seus defeitos e qualidades e que busquem hoje algo melhor que ontem. Gente parada, desanimada, doente, "sofrenilda" não me serve. Tenho até um pinguinho de pena. Mas rapidinho já passa. Preciso ser sacudida, provocada. Isto sim, gosto muuuito.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Casei pelo Face

Justo eu, a pessoa que se achava mais "certinha" e tradicional do planeta, me rendi às redes sociais e, graças a elas, acabei "me casando" hoje de forma rápida e indolor, sem a presença de padre, juiz (nem a do noivo, que foi pra praia). Bastou um click e tudo mudou. Telefone tocando e comentários bombando na rede. Senhor!!! Eu só apertei um botão! What? Sim, foi mais ou menos assim que começou o primeiro capítulo da minha nova história. Uma quase novela romântica (eu disse romântica, não mexicana, ok?) que, como boa parte dos últimos dois anos, não poderia ter seguido os trâmites ditos normais. Meu novo marido (será que o status do face tem validade legal?) surgiu para bagunçar a minha vidinha. E eu pra afinar a dele. Passamos direto de uma relação que não ia nem vinha para a condição de casados. Não ainda por escrito, mas com muita clareza nas nossas cabeças. Ele pediu uma confirmação pelo Facebook. E eu disse sim. Um pedido de casamento on line. Tudo muito rápido. Tudo bem intenso. Tá, Andréa, e agora? Sei lá. Não sei como vai ser amanhã, não escolhi as cores da cortina nem o modelo do meu vestido (sim, deve ter casamento na igreja mais na frente). Não sei como serão os nomes dos nossos filhos, nem se daqui a 30 anos estaremos juntos. Mas sei que hoje eu estou feliz e vivendo plenamente esta história. Estou curtindo o "hoje", como me ensinou a minha mãe, me divertindo com a repercussão da "travessura" do facebook e tentando organizar as minhas ideias. As fichas não caíram todas ainda, mas eu estou serena e centrada. Não teve serenata na janela e o príncipe veio numa motinho sem banco. Construímos juntos esta história tentando minimizar nossos medos e as nossas síndromes de super herois. Eu, menos Pollyanna. Ele, menos super homem. Simplesmente duas criaturas de carne, osso e emoções que decidiram dar uma chance a uma nova vida. Outra hora eu conto mais. Deixa eu respirar antes. Queridos amigos, fiquem tranquilos. Os convites estarão na rede assim que definirmos data e local da festa :)

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Eu matei a Pollyanna

Calma, foi só na minha cabeça. Ela vai bem, obrigada. Well, de onde então saiu esta frase então? Uma loooooooonga história. Vou tentar resumir sem você dormir. Eu tenho uma série de livros que marcaram minha vida. Desde muito cedo eu peguei gosto pela coisa de ler e devorava obras a fio durante as férias e nas horas vagas. Delícia isto. Afinal, hoje sou quem eu sou porque viajei em muitas histórias que formaram minha personalidade. Um deles foi o clássico "Pollyanna", livro que toda "boa moça de família" tinha na cabeceira da cama e que me ajudou a ver com bons olhos muitas coisas na vida. A Pollyana, basicamente, conseguia enxergar um lado positivo em absolutamente tudo. A vida dela era uma desgraça e ela não deixava de sorrir nunca. Legal. Uma pessoa animada. Pois bem, ontem eu cortei meus laços com a Pollyanna. Não que eu vá virar uma pessoa negativa daqui pra frente, calma. Mas consegui enxergar, numa conversa, que nem sempre as coisas têm este lado "rosa" e que, assim como a Mulher Maravilha, eu devo me despir um pouco desta influência pollyânnica para enxergar a vida com mais realismo e vibrar, definitivamente, com o que merece ser valorizado. Olhando assim, de fora, com algumas rugas no rosto e um pouco mais de vivência, vejo na Pollyanna uma menina iludida e sem noções de "a vida como ela é". Impraticável nos dias atuais. Ser positiva, enxergar o melhor das pessoas (melhor, mas real) e conseguir reverter situações difíceis me fortalece e anima. Mas eu tenho todo o direito de não enxergar luz onde ela não existe e de querer mais do que me conformar com situações nem tão bacanas assim. A Pollyanna foi como uma querida amiga imaginária de infância. Durante muitos anos ela me deu a mão e me ajudou a atravessar caminhos difíceis com seu sorriso e serenidade. Agora, como as bonecas de pano, vai para o armário e para minhas memórias. Para dar espaço para novas personagens que me inspirem e me ajudem a tecer a Andréa mais mulher que venho descobrindo.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Sacudindo a poeira

Dia destes eu comentei do quanto me fazem bem rituais que me permitem colocar as ideias em ordem. Arrumar as gavetas, por exemplo. Ontem eu estava em Porto Alegre e fui na casa da mãe de uma amiga buscar umas caixas que eu tinha deixado por lá nesta minha vinda pra São Paulo. Quis liberar o apartamento de lá e as caixas acabaram fazendo aniversário no terraço da mãe da Lu. Voltaram para casa cheias de poeira e de histórias. Uma delícia abrir cada uma delas e redescobrir fotos e bilhetes. Tem uma, bem grande, só com cartinhas e cartões que as pessoas me deram ao longo da minha vida. Achei bilhetinhos de amor jurássicos que eu fiz para o meu pai e pra minha mãe. Encontrei as cartas da própria Lu (esta cuja mãe guardou as encomendas este tempão todo), do tempo em que ela "morava" em Brasilia e começamos a nos conhecer. Como toda criatura de fora de Porto Alegre, passávamos todas as férias e feriados possíveis nas nossas cidades natais. E a Lu tinha a família toda em Brasília. Era meio exótico ter uma amiga de Brasília. Parecia tão longe. Lendo as cartinhas - e as expectativas descritas em cada linha, é bem bacana ver o quanto nossas vidas mudaram e, por outro lado, que muitas coisas continuam exatamente iguais. A Lu sempre romântica, sonhadora, sempre quis ter filhos. Hoje tem o Matheus delicioso. Eu tinha um namorado desde Cachoeira, uma vidinha pacata e sem grandes expectativas. bla bla bla. Hoje, mais de 15 anos depois, muitos furacões passaram por nós (alguns bem marcantes) e continuamos com uma amizade sólida e cheia de cumplicidade. Mudamos fisicamente e já entendemos que o príncipe encantado nem sempre vem num cavalo branco. Mas que ele é possível de outras formas. Mexer nestes sentimentos todos, rever velhas fotos e perceber a minha trajetória sendo modificada é algo animador e um tantinho assustador. Fico pensando na importância das mexidas na vida das pessoas e no quanto isto provoca reações. Tenho conversado com muita gente que está desafiando padrões conhecidos e ousando um pouco mais. Comprando um apartamento novo (pra começar uma vida nova), terminando / assumindo um relacionamento, correndo atrás dos sonhos. Todas estão apavoradas. E igualmente animadas. Tragédias como as que aconteceram (ou voltaram a acontecer) no Rio são metáforas importantes para este tipo de reflexão. Às vezes se as mudanças não vêm por bem, acabam vindo na pressão, com mais dor e sofrimento. E aqueles que conseguirem sacudir a poeira e colar os caquinhos podem começar um novo capítulo e têm a chance ímpar de construir novas histórias bem bacanas, quem sabe em terrenos mais sólidos.

* teria minha tosse a ver com a poeira das caixas ou com com o "pavor" diante das mexidas da vida??? Analisando ainda. hehe

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Mulheres canguru

Estou cada vez mais convencida de que homens e mulheres definitivamente vivem em universos paralelos. Vez ou outra acontece algum fenômeno que os aproxima em entendimento e emoções (como naquele filme do século passado, cujo nome eu não recordo, em que o cara era um lobo e a mulher uma água e um vivia de dia e o outro de noite). Isto não é bom ou ruim. É apenas um fato. E aceitá-lo já facilita boa parte da história. Pois bem, se somos tão diferentes assim, temos, obviamente, rituais que nos representam enquanto espécies. Na forma de dirigir, de encarar os exercícios físicos, no jeito (e no tempo investido) ao falar no telefone, na compra e uso de roupas (com exceção dos metrossexuais, os homens costumam ser beeem práticos neste quesito). Como diz um amigo meu: os homens são simples e até um pouco burros. Tem que falar, explicar, de preferência usando lápis de cor e desenhos. Pra ficar tudo claro e não ter polêmicas depois. Na hora de viajar, idem. Difícil encontrar mulheres que consigam ser tão sintéticas quanto os homens. Conheço uma criatura que passou uma semana na Europa com uma mochila. Nela, exatas 7 cuecas, 7 camisetas, 1 jaqueta (que foi no corpo) e alguns apetrechos de higiene pessoal. A calça e o tênis, claro, foram também já devidamente acoplados ao cidadão. Tudo bem, mulheres viajadas e inteligentes, aprenderam, na marra, a importância da síntese nestas horas. Mas isto é uma questão de adaptação e necessidade. Não é algo natural da espécie. Ok, minha opinião, gente. Respeito sentimentos contrários.

Mas tem um item que é praticamente inquestionável nesta história toda: a relação das mulheres com suas bolsas. Como cangurus, as bolsas são praticamente uma extensão dos seres femininos. Dentro delas, habitam dezenas de objetos que representam suas almas. Não estou nem falando naquelas que trocam de bolsa todos os dias e que não têm mais lugar no armário diante de tanta abundância de cores e materiais. Falo das mulheres como um todo - e me incluo com tranquilidade no grupo - que não têm muita paciência para ficar trocando tudo de lugar a toda hora. Na verdade, para um ser representante das fêmeas, tenho pouquíssimos exemplares. Mas os poucos que tenham, carregam a minha vida. Costumo dizer que tenho autonomia pra passar umas duas semanas fora de casa somente com os itens que carrego na bolsa: cartão de crédito, maquiagem, itens de higiene e beleza, caderninho, caneta, algum dinheiro (em SP não se vive sem dinheiro vivo) e chaves, muitas chaves. Claro, o celular (os celulares), óculos escuros e cartões de visita. Ufa. Este assunto começou a me intrigar porque uma amiga poderosa e ex-colega de mestrado se empolgou com um projeto de bolsas de uma conhecida e resolveu tornar-se empresária junto com a designer. Quase como um hobby (ou uma carreira paralela). Vi o olho da Cris brilhando ao falar sobre as diferentes representações da bolsa na vida das mulheres. Ela mesma, super compenetrada e racional, comprou várias e estava feliz da vida, exibindo suas aquisições como se fossem prêmios. Outra amiga, a Januza, também mega racional, trouxe de sua experiência de um ano na Europa pouquíssimos (e bem escolhidos) itens. E muitas, muitas bolsas. Acho que a bolsa tem um quê de casulo nas nossas vidas. Nela conseguimos resumir nossas personalidades e encontrarmos uma zona de conforto nos ambientes mais impensados. Quase como um retorno ao útero da mãe. Tá tudo ali, "estou em casa". Por isto, meninos, quando suas respectivas amadas comentarem que precisam de uma bolsa nova ou que não podem sair sem bolsa para a rua, simplesmente respeitem. E aceitem. É como o futebol de final de semana ou o sonho de infância de comprar um porsche. Nada racional. Mas que graça teria a vida se não fosse a emoção?

* importante: o projeto das bolsas está saindo do forno. Precisarei de voluntárias para uma leitura sobre seus usos e percepções. Mulheres canguru que estiverem a fim de colaborar com a pesquisa, levantem a mão.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Fantasmas camaradas

Eu nunca tive muito medo de fantasma na vida. Esta coisa de um lençol branco voando pela casa ou mesmo espíritos que estariam ao meu lado fazendo barulhos nunca me abalaram. Nem mesmo os filmes ditos de terror me apetecem. Com exceção de "Os outros", cuja velha que aparecia eu sonhei saindo do armário noites a fio, não recordo de algum que tenha me apavorado muito. Acredito em outras vidas (eu acho) e que não estamos sós neste planeta (nesta e em outras dimensões). Mas isto é relativamente bem resolvido na minha cabecinha católica/espírita/budista. Eu tenho mesmo medo de gente. Mais ainda, tenho medo dos fantasmas que habitam a cabeça da gente. Estes sim são seres poderosos e, muitas vezes, bem perigosos. Os vivos, claro, também são. Mas estão ali, visíveis. Dá pra ter um certo controle. Os verdadeiros fantasmas não têm forma e têm sérios problemas para se comunicarem. Em Cachoeira, nós falamos que são "minhocas" da nossa cabeça. Independente do nome que os ditos tenham, eles estão aí, cada vez mais fortes e confiantes, atravancando nossas vidas e enchendo de dúvidas as nossas pobres cabecinhas estressadas com a vida moderna. Tenho acompanhado os fantasmas das cabeças alheias à distância. Parece que está escrito nas testas das criaturas que eles estão ali, assombrando a paz de espírito dos seus hospedeiros. Rugas na testa, agitação e um monte de questionamentos desnecessários. A ciência tem tentado com muito químico acabar com eles. Uma verdadeira caça aos fantasmas. Eu até acredito que pode fazer algum efeito. Mas estou cada dia mais convencida de que existem outras formas mais suaves de resolver / trabalhar / aceitar a questão: fuçando, enfrentando os bichos de frente ou mesmo relaxando e esfriando a cabeça. Acho que perdemos tempo demais com coisas de menos. Não é para tanto. Proponho que tentemos fazer as pazes com as nossas neuras. Um café ou um chopp pode ajudar. Às vezes tornamos as coisas maiores do que elas são. E perdemos um super tempo sofrendo. Tô tentando fazer as pazes com os meus fantasmas e enxergá-los um pouco mais camaradas. Tento usar um pouco de humor e alguma pitada de meditação para acalmá-los. Tenho conseguido alguns bons resultados. Hoje meus ghosts e minhas histórias empoeiradas do passado parecem até um pouco mais simpáticos e menos agressivos. Consegui até ficar três dias sem escrever no blog e nem por isto fiquei de mal com minha consciência. Como diz a velha máxima, "se não podes derrotá-los, junte-se a eles". Buuuuuuuuuuuuuu!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Namastê

Fazia muito que eu não ia numa missa. Na verdade, dia destes eu fui numa missa especial, em homenagem a uma família, mas era uma missa diferente. Assim, missa, missa normal, fazia pelos menos uns sete anos que eu não assistia. Ontem eu acabei indo numa, pagar uma promessa por tabela. Tudo bem que eu não sou uma católica praticante, mas ficar devendo promessa é cutucar o santo, né? Não custou nada e eu ainda fiz várias conexões. Eu fui criada dentro do catolicismo. Fui batizada, fiz primeira comunhão e só não me crismei porque briguei com a freira no meio do processo e desisti do tal curso (eu e metade da turma). Mesmo assim, sempre estive bem próxima dos rituais da igreja, até porque minha mãe segue indo todo santo domingo rezar (aliás, ela arranjou um namorado, digo, o "papi", na missa... amor abençoado este). Well, na faculdade começaram os meus questionamentos sobre o que eu tinha aprendido até então como "verdades absolutas". Isto porque eu tive contato com uma literatura bem rara sobre o feminismo e a origem de alguns rituais. Do casamento, por exemplo, da mudança das sociedades matriarcais para as patriarcais (e a propriedade privada como fio condutor deste processo de mudança). Eu acabei de ler há pouco um livro que também foi buscar nas religiões (boa parte delas ocidentais) a origem de alguns rituais. O livro é o "Comprometida", da mesma autora do famoso "Comer, Rezar e Amar". Lá ela resgata estes aprendizados que eu tive e os completa com mais informação. Graças a estas e outras leituras, me afastei bastante da religião católica, mas, felizmente, não me afastei de mim. Pelo contrário, tenho estado bem curiosa sobre o espiritismo e o budismo, este, aliás, tem sido o que mais me provoca nos últimos tempos. Engraçado que eu me dei conta ontem, na tal missa, do quanto todas as religiões são "farinhas do mesmo saco". No fundo, todos buscamos respostas para a vida e a morte e um pouco de conforto diante dos nossos sofrimentos. Todos queremos nos "reencontrar", voltarmos a ser "únicos" (um só corpo, para os católicos) e termos paz de espírito. Para isto, buscamos rituais (rezar e/ou recitar um mantra), cantar, ler textos clássicos. Definitivamente, não me importa qual a religião que você segue (e mesmo se segue alguma). Cada vez mais, estou convencida de que podemos ser um pouco anjos para os outros e, com isto, resgatarmos um pouco da divindade das nossas relações. Que devemos valorizar os rituais, dentro ou fora das igrejas e templos (principalmente fora, onde "o bicho pega"). E que independente da cor, face ou da tradição que tiver por trás disto tudo, tá tudo bem. Como dizia Fernando Pessoa, "tudo vale a pena se a alma não é pequena." Amém.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

"A vida é muito curta pra ser pequena"

Eu não sei ao certo quem foi o verdadeiro autor desta frase. Parece que chama-se Benjamim Disraeli. Não importa. Ela faz realmente sentido pra mim. Trata-se quase de uma releitura da famosa: "não deixe para depois o que pode ser feito hoje" que, por coincidência ou não, minha mãe me citou há poucos minutos por telefone.  "Tá", você pode estar se perguntando. "Por que isto agora, Andréa?" Porque simplesmente eu estou cansada de olhar ao meu redor e ver as pessoas desperdiçando suas vidas com bobagens. Porque eu estou cada vez mais convencida de que as coisas podem ser mais simples e que complicamos demais. Quanta energia pelo ralo, senhor! Pessoas que se magoam por nada, casais apaixonados que ficam "se bobeando" por coisinhas sem a menor importância, trabalhos super demandantes com pouco resultado prático (e que nos orgulhe). Quantas vezes me peguei sofrendo por antecipação pelo que poderia acontecer, quem sabe, no dia ou na semana seguinte... Eu não sei se isto é um sintoma da idade, ou maturidade, mas tenho tentado ver o mundo de um jeito mais leve. Pode ser o tal óculos rosa, mas eu ando meio cansada demais para me estressar. Penso quinhentas vezes antes de entrar numa briga (claro, não sou de ferro, mas a criatura tem que ser boa pra me tirar do sério ultimamente). Tenho curtido ficar em casa, dormir e apreciar as coisas ditas singelas. Definitivamente, eu não preciso de uma ilha nem de uma coleção de joias caras para me realizar. Esta coisa de correr atrás de algo que eu nem bem sei o que é não me apetece. Quero curtir o agora, viver o hoje. Não abro mão de fazer planos, de crescer emocional e intelectualmente, de enxergar planos realizados. Mas minha prioridade hoje é não deixar minha vida se apequenar e aprender a viver os momentos. Minha mãe, mais uma vez na história, foi quem me alertou para isto há alguns meses. Me pediu para viver um dia de cada vez, sem pensar demais. Seguir meu coração, enfim, e deixar o tal cérebro mega racional e castrador um pouquinho de lado. Estou tentando. Estou conseguindo. E estou bem feliz com os primeiros resultados.Oooooommmmmmmm.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Recomeço

Eu finalmente reencontrei o blog. Confesso que estava com saudades, mas também admito que foi bom dar um tempo para reorganizar as ideias e me esconder um pouco no meu casulo. Aliás, tenho me dado conta do quanto faz bem sair um pouco da "casinha", "caixinha", "zona de conforto" pra conseguir enxergar as coisas de fora. Às vezes os monstros, vistos à distância, ficam bem mais simpáticos e menos assustadores. Pois bem, este não foi um final de ano, digamos, típico. Demorou pra cair a ficha e pra conseguir relaxar um pouco. Mas os poucos dias em que eu me permiti viver um "ócio criativo", foram bem renovadores. Não sei se foram dias tão criativos assim, mas o ócio esteve presente. Dormi, li, me permiti tomar um solzinho pra tirar o branco leite da pele, caminhei, estive com pessoas queridas. Quer coisa mais gostosa? Agora, segundo reza a lenda, é hora de recomeçar. Pra não perder o hábito, fiz os tais rituais de ano-novo e rascunhei também alguns planos para 2011. Um deles tem a ver com me permitir mais. Quero um ano leve, tranquilo, suave. Dia destes uma criatura querida que me conheceu há pouco comentou o quanto eu "sou calma". Uau. Talvez tenha sido o melhor elogio que eu tenha recebido nos últimos tempos. Quem me conhece há anos sabe o quão explosiva eu fui. E, claro, pode acompanhar a transformação para uma pessoa mais melhor, espero. Este feedback reforçou ainda mais minha intenção de viver com intensidade, mas com tranquilidade. Não precisaria do fim de ano para me dar conta disto. Mas estas datas estão aí pra nos ajudarem a ver e sentir o que tem valor de verdade pra cada um de nós. Pra mim, família, amigos, um amor construído, viajar, ir ao cinema, ler, aprender. Este pacote já está de bom tamanho. Espero carregá-lo comigo ao longo dos próximos meses, numa mochila bem leve, com uma garrafa d'água e umas frutas pra acompanhar. Simples assim. Bom reencontrar vocês :) Feliz 2011.