terça-feira, 30 de novembro de 2010

Risoto de ideias

Agora há pouco nós fizemos uma "reunião-almoço" com a equipe aqui da "firma". Os risotos estavam deliciosos. O papo, mais saboroso ainda. Na verdade, o que fizemos foi resgatar um velho hábito que tínhamos e que acabou ficando meio pra trás por causa da tal correria do dia-a-dia. Sempre ela...
Pois bem, nós "inventamos" certa vez uma horinha para sentarmos todos, da equipe, e falarmos sobre um tema. Como não tinha tempo para reunir todo mundo, acabamos fazendo isto na hora do almoço, com alguns comes e bebes juntos. A tal iniciativa "deu cria" e gerou um encontro oficial mensal, onde, cada vez, uma pessoa da equipe trazia um tema relevante para trocar com o resto da turma. Cada vez mais eu tenho me dado conta da importância destes pequenos momentos onde conseguimos sair um pouco da rotina e simplesmente trocar ideias. Toda vez que eu sou convidada para "tomar café" com alguém ou almoçar eu tenho o péssimo hábito de, inicialmente, pensar que é uma perda de tempo, que eu tenho mais o que fazer. Mas quando eu vou, dificilmente me arrependo. Geralmente tenho insights, saio dos cafés cheia de ideias e renovada. Isto que eu nem tomo café. Já pensou se tomasse?
Ontem eu me permiti fazer uma reunião num café bem legal aqui em Porto Alegre (ainda estou na terrinha). Uma delícia, sem telefones tocando e com novas possibilidades espaciais e de interação. Falamos o tempo todo em inovação, em fazer diferente, desconstruir velhos padrões. Mas, na prática, acabamos sempre buscando âncoras em velhos conceitos. Ter horário, lugar fixo pra trabalhar. Tudo isto engessa, limita e até sufoca, às vezes. Claro, trabalhar em equipe exige alguma disciplina e alguns rituais importantes, de encontros, trocas. Mas quem disse que isto tudo tem que ser do jeito que tem sido? Com as pessoas de sempre e, claro, com resultados sempre muito parecidos. Estou doida pra fazer diferente. Pra conhecer gente de outras áreas, pra reinventar algumas coisas. Deve ser a pulguinha do fim de ano que começa a aparecer. Que ela traga novas inquietações. Estou louca pra entrar em 2011 com novos projetos. Vai um café aí?

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Universos paralelos

Sábado passado o "mundorosadedeinha" completou um mês de vida. Nada mais simbólico do que eu simplesmente ter "esquecido" dele justo neste dia. No final de semana, eu me permiti sair fora, literalmente, e fui passar dois dias em um "universo paralelo" à minha atual vida agitada paulistana. Sem computador, sem internet e, em alguns momentos, até sem celular. Acreditem. Eu sobrevivi :) Fui para o interior do RS visitar minha família, comer comida da mamãe, rever locais da minha infância e me reencontrar em velhas lembranças. Fui até no rio Jacuí, acompanhar corajosos nadadores que se adentraram nas suas águas profundas como crianças de 12 anos em uma piscina gigante. Eu, claro, como espectadora. Fui no restaurante que eu ia com meus pais e irmãos desde que me conheço por gente. Tudo igual. Tudo. O gosto da comida, as mesas, as toalhas e os garçons. Sim, os garçons são os mesmos. Só que estão velhos. No dia seguinte, fui ainda mais longe. Para Dona Francisca, uma cidade italiana muito pequena e super charmosinha. Fui para uma festa tipicamente italiana de uma família que lançou o livro com sua história. Comilança, muita música e pessoas radiantes ao reencontrarem os seus, alguns mais de 30 anos depois. Hoje estou de volta ao mundo virtual e à realidade das capitais. Mas voltei diferente. Nostálgica, serena, talvez uns 200 gramas mais gorda (não é fácil colocar calorias neste corpinho teimoso). E voltei também com a certeza de que são os rituais que nos renovam e alimentam. Completar um mês de blog, um ano de vida, comer galeto com a família, tirar fotos, buscar as nossas origens. Precisamos disto para nos entendermos como gente, para encontrarmos sentido para nossa vida. Ter histórias para contar, enfim. Neste final de semana, escrevi mais um capítulo da minha. Em um universo paralelo, bem diferente do que tem sido a minha rotina. Bem mais pés na terra, pés no chão. E, ao mesmo tempo, um ambiente muito, muito familiar.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Mexendo nas gavetas

Sabe quando dá aquele "surto" e você começa a tirar tudo de dentro da bolsa pra fazer uma "faxina" e ver o que serve e o que não serve? Vale para aqueles domingos em que colocamos o roupeiro abaixo ou quando começamos a fuçar nos papeis do passado. Eu, particularmente, sou a rainha dos 5Ss. A-do-ro colocar coisas fora, renovar, limpar as "energias paradas". Mas tenho descoberto em muitas conversas comigo mesma, com amigos (ok, ok, com alguma dose de terapia) que eu tenho certa dificuldade pra mexer nas gavetinhas do passado. Eu e a torcida do Flamengo, talvez. Well, descobri também que quando estamos mexendo fisicamente nos objetos, reorganizando-os em novos lugares, doando coisas velhas, varrendo a casa, limpando a geladeira bla bla bla, estamos, na verdade, tentando colocar pra fora o que estamos sentindo por dentro. E quando organizamos alguma coisa externa, estamos abrindo a mente para começar a organizar também as internas. Estou vivendo um momento bem importante dentro desta onda de mexer nas gavetas. Tenho encontrado algumas cobras e lagartos, mas também boas surpresas escondidas no fundo do baú. Recomeçar a escrever, por exemplo. Tava lá, tímido, no meio das meias velhas, doido pra tomar um sol. E agora veio. Só que as gavetinhas são muitas. E não abrem numa ordem muito lógica ou cronológica. Aliás, na minha vida quase nada tem uma ordem muito certinha - e eu também descobri que isto não é um defeito. É só um jeito meu, ora. Ufa. Estou me divertindo com a brincadeira, mas confesso que às vezes dá vontade de empurrar toda a tralha pra dentro do armário, chavear a porta e engolir a chave. Que nem desenho animado. Mas, agora que eu comecei a arrumar, não tem jeito. Vou ter que colocar ordem na casa. Vamos que vamos. Sem dramas. Ooooooommmmmmm.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Desplugando 2010

Tem alguns raros momentos do dia em que eu consigo me desligar de verdade. Dos outros. Não de mim. Me desconectar de mim mesma é uma tarefa um pouco mais árdua. Mas sair fora do mundo para pensar nas minhas coisas é algo que me agrada e que tem sido cada vez mais raro depois do surgimento do tal telefone celular e das milhares de formas de conexão que nos atropelam. Parece que a gente tem uma certa obrigação de estar disponível e "on line" o tempo inteiro. Minha mãe é feliz e não sabe. Ela até hoje não tem celular e não sente a menor falta. Pois bem, também não é no yoga que eu consigo este exercício. Durante a aula eu relaxo e presto a atenção no meu corpo, na respiração. No começo, confesso, eu fazia mentalmente a lista do supermercado durante a meditação. Hoje eu até consigo fechar os olhos e me concentrar nas palavras do professor. Belo progresso. Mas eu realmente penso na minha vida em dois momentos bem específicos: enquanto eu tomo banho e quando estou dirigindo. Tomar banho é, para mim, como se livrar de toda a carga do dia que passou. Uma oportunidade para renovar as células e as ideias. Fora o banho, é no trânsito que as ideias fluem de verdade. Não sei bem explicar, mas eu fecho os vidros e a minha cabeça começa a funcionar. Aqui em São Paulo, tem uma "vantagem" adicional. Chama-se engarrafamento. O Carpinejar fala que o engarramento é uma desculpa pras mulheres retocarem a maquiagem. Pra mim, além disto, claro, é uma bela chance para eu organizar as ideias. Eu ligo o som e saio de mim. Na estrada também. Tem dias que eu tenho vontade de pegar a estrada só pra pensar na vida. É como arrumar o armário. Só que "ao ar livre" e com um pouco mais de velocidade. O fim do ano está aí. Todas (eu disse todas) as pessoas com quem eu tenho falado estão nos seus limites. Com olheiras, contando os dias na folhinha para comerem o peru e descansarem uns dias. Parece que nesta época do ano o botão do stress vem com tudo e fica martelando a cabeça da gente o tempo inteiro. Aí vêm as viroses, os piripaques, os chiliques. Well, tenho duas boas notícias: dezembro já está chegando. Semana que vem ele já está aí. A segunda vale mais se você vive em capitais. Neste caso, terá a imperdível oportunidade de fazer do limão uma limonada. E reencontrar você e seus pensamentos enquanto aguarda o trânsito natalino fluir. Pra ficar melhor ainda? Ah. Só se você conseguir não atender o celular.

Tempo e vida



Eu já tava incomodada com a tal história do tempo que se esvai, com a liquidez das relações. Aí veio o Saramago e me fez remoer ainda mais sobre o assunto. No documentário, ele falou muitas vezes sobre o tempo e a necessidade de deixarmos que as coisas amadureçam na vida. Cada coisa no seu tempo. Tem que respeitar. Por outro lado, ele apresenta o conceito de velhice como "uma perda irreparável ao acabar de cada dia". E aí, como conviver com estes dois extremos? Corremos contra o tempo o tempo todo. Para aproveitarmos as oportunidades, para vivermos a vida e não deixarmos que ela nos engula. O trânsito come nosso tempo, a agenda também. E aí queremos encontrar os amigos, sermos bons profissionais, filhos, amantes e ainda termos tempo para fazer ginástica e  ler bons livros "calmamente" à noite. Ui. Complicado, não? Eu tenho marcado e desmarcado vários cafés e almoços com pessoas queridas. Hoje é um destes dias. Tenho um almoço encantado agendado com uma amiga e que hoje, aos trancos e barrancos, vai acontecer. Tô ainda gripada, meio branca, apagada. Mas vou encontrá-la. Agora é quase uma questão de honra. Saramago falou também que vida é agitação, atividade, movimento. Pilar comentou que "hay de desdramatizar". Ok, então. Vamos à vida. Simone, hoje, quase um mês depois, vamos comemorar o teu aniversário :)

domingo, 21 de novembro de 2010

High Touch

Tenho tido a oportunidade de conhecer / explorar lugares bem diferentes e bacanas em São Paulo. São lojas-conceito, restaurantes temáticos, espaços lúdicos nas mais diversas áreas. Obviamente, não consumo em cada um deles, até porque a fatura seria alta, mas tenho disposição e curiosidade suficientes para espiar o que acontece nestes recantos por aí afora. Em comum, todos eles têm um toque de high touch. Eu explico. Este conceito eu incorporei de José Carlos Teixeira Moreira, uma figura brilhante que me acolheu na terra da garoa e que tem sempre pontos de vista curiosos sobre as coisas. Ele fala que é preciso mesclar o high tech com o high touch, ou seja, que mesmo com o auge da tecnologia, não podemos esquecer das coisas simples, que são as que verdadeiramente tocam. São os detalhes, os cheiros, as experiências, enfim. Quando saímos de casa para jantar, não estamos buscando somente um prato gostoso para saciar nossa fome. Buscamos contextos, ambientes prazeirosos que nos propiciem experiências únicas. Cada vez mais, as lojas vendem menos produtos. Elas oferecem sensações. Nas livrarias, as pessoas podem passar uma tarde inteira "saboreando" um livro sem gastar um tostão. Nos cafés, da mesma forma. Pode-se pedir um expresso e ficar uma tarde toda lendo revistas ou conectado à internet sem que ninguém venha nos importunar. O curioso é que este tal espaço aconchegante que buscamos "lá fora" tem muito a ver com o casulo que buscamos dentro de nós, em nossas memórias de infância, ao revivermos cenas e sensações que nos marcaram. Dentro de uma onda de "menos é mais", o luxo pelo luxo começa a dar espaço para o que é realmente autêntico e simples. Chegamos no auge do tech. Agora nossa sede é de experiências e sensações. 

sábado, 20 de novembro de 2010

José e Pilar

Eu tinha escutado pouco sobre a tal Pilar na vida do Saramago. Na verdade, eu também tinha interagido pouco com ele e sua obra até bem pouco tempo atrás. Mas quando eu fui apresentada  àquela linguagem, muita coisa mudou. Hoje, depois de assistir ao documentário "José e Pilar", mais coisas mudaram. Segundo o Saramago, ele era uma pessoa desassossegada com a missão de desassossegar as pessoas. Bueno. Conseguiu. O filme mostra basicamente a relação dele com a Pilar nos seus últimos anos de vida. Nada de roteiros elaborados, cenas mirabolantes. Retrata uma rotina de um casal apaixonado, idealista, inquieto. Existiu um Saramago antes e depois da Pilar. E isto ele deixa claro o tempo todo. Ela, uma mulher forte, jornalista, sabia o que queria quando o abordou e disse que queria conhecê-lo melhor. Ela o admirava. E a partir daquele dia, ele passou a admirá-la. Tiveram 20 e poucos anos intensos juntos. Ele começou a escrever comercialmente depois dos sessenta e tinha uma consciência absurda da urgência em colocar para fora suas palavras. E Pilar representou, durante este tempo todo, a energia vital que o fez viver e se expressar com tanta intensidade.  Saramago tinha senso de humor, convicções, mas era sereno e paciente. Pilar, por sua vez, transpirava força e garra. Segundo ela, é preciso "desdramatizar" a vida. E foi assim que a mistura destes ingredientes tão intrigantes deu origem a obras tão notáveis. "A viagem do elefante" foi a última delas, escrita com muitas pausas (Saramago adoeceu durante o "percurso"). Na verdade, Pilar e o elefante foram fundamentais para que Saramago vivesse mais algum tempo, período este em que ele pode amadurecer e curtir boa parte do que criou. Saramago morreu mas não sei foi. Ele não teve filhos. Mas teve Pilar e uma história de amor que não está nos livros. E que se perpetua em todas as dedicatórias que fez em cada uma de suas obras. E também na fundação que leva seu nome e que hoje, claro, é tocada por esta mulher vibrante que mudou sua vida. Sem Pilar, Saramago teria sido outro. Assim como somos novas pessoas quando encontramos pelo caminho pessoas que têm a coragem de nos desassossegar.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

3 "efes"

O nome dele é Fernando Fortes Félix de Oliveira. Quase nome de rei. Tem os 3 "efes" pra mostrar que é filhote da mamãe (e que também é forte) e do papai (Félix, viril). Mas que também tem personalidade própria, ora bolas. Este apelido de 3 "efes" foi dado pelo José Abel, capataz da fazenda e um dos tantos que sempre admiraram e cuidaram do pequeno caçula da família. Ele também teve outros apelidos ao longo da vida. Tio Nando, Mano, Mufa (tem gente que até hoje não sabe que o Mufa é o Fernando). Nunca teve apelidos diminutivos, tipo Fernandinho. Parece que não combinam com ele. Pra mim, ele é o mano. Simples assim. Um guri querido, educado e idealista. Demorou pra cair a ficha do mano sobre o mundo. Demorou pra ele se encontrar. Sempre culto, criativo, inteligente, ele viveu uma adolescência estendida. Curtiu a vida, Cachoeira, os amigos, até que foi parar na capital e despertou de verdade para um monte de coisas. O guri, que já era o orgulho da D. Irma, tornou-se referência para um monte de gente. Parece que ligaram a criatura na tomada. Pior, além disto, ele está cada dia mais bonito e charmoso. Minhas amigas que o digam. Está bonito porque está feliz, se realizando, conquistando coisas novas. Parece que os e "efes" ficaram pequenos demais pra tudo o que o Fernando tem escrito por aí. Ele é o Fernando, é Forte e é Félix, mas é também batalhador, amoroso, sensível (ele chorou no show do Paul, que querido) amigo leal, roqueiro, sonhador. Hoje o Mano tá de aniversário. Tá completando a idade de Cristo. Estamos distantes fisicamente, mas parece que nunca estivemos tão próximos. Talvez porque estejamos vivendo novos momentos em nossas vidas. Talvez porque tenhamos muitos objetivos em comum na vida. Ou simplesmente porque somos frutas do mesmo pé, buscando nosso lugar ao sol. Tenho muito orgulho de ti, guri. Te amo! Feliz Aniversário!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Cof cof

Uma vez alguém me disse que sempre saímos melhores de uma gripe. Segundo esta mesma pessoa, depois dela nosso sistema imunológico fica mais forte e acabamos aprendendo com a experiência. Nem que seja aprender a ficar quieto, algo não muito fácil para pessoas ativas como eu. A gripe é como um castigo pra quem não se comportou e pensou que era super heroi. Ela vem pra te lembrar que és mortal. Mas ninguém gosta de ficar "amolado", com febre e dor no corpo. Por coincidência ou não, na semana que passou várias pessoas perto de mim estão resfriadas, com sinusite, rinite e outras tantas "ites" da vida. Seria por causa do tempo louco? Ou pela falta de tempo para nós mesmos? Uma outra pessoa igualmente esclarecida sempre me fala que, na vida, se não vai no amor, vai na dor. Se está faltando pilha pra você também, sugiro que beba muita água, respire e durma direito. Eu não segui muito bem as recomendações.E comigo não foi no amor. Cof cof.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Pequenos aprendizes

Tenho ficado cada dia mais impressionada com a "performance" dos pequenos diante da vida. Qualquer um de nós que tenha alguma criança por perto sabe que elas nasceram com um chip diferente. Elas são digitais, inquietas, multidisciplinares, ativas, comunicativas, curiosas, rápidas e muito sinceras. Dão nó nos adultos com suas perguntas e percepções. E têm um entendimento bem claro sobre o mundo e as pessoas. Dia destes a filha de uma amiga minha comentou, ao ver a torneira aberta: "se não fechar a torneira, a água do planeta vai acabar". Um tema amplamente abordado durante o TEDx Porto Alegre, que eu assisti no último sábado, foi justamente a questão da educação. Melhor, falavam sobre a necessidade de descomplicar / reinventar a forma de educar.  Nossos raciocínios lineares e quadrados dos tempos da escola simplesmente não conectam-se com o mundo da chamada "geração indigo". Mesmo assim, grande parte das escolas ainda utiliza métodos antigos de ensino. O aluno, pobre ET no meio de tanta complexidade, ainda por cima é considerado desinteressado ou hiperativo. Talvez o desinteresse seja ainda mais profundo e tenha uma outra origem. Criar pessoas interessadas, críticas e questionadoras dá trabalho. Na escola e na vida. Trabalhar com pessoas que pensam diferente é rico. Mas cansa, exige demais da gente. Inserir a geração Y na equipe é super cool. Mas não vem com tecla Sap. Ter uma população esclarecida significa dar margem para que ela questione políticas públicas e tire muita gente da zona de conforto. Ainda dentro do Ted, fui apresentada a uma ONG que utiliza redes sociais como forma de mobilização popular. Numa ação para ajudar a Birmânia, um dos países mais fechados do mundo, eles conseguiram mobilizar virtualmente tanta gente que superaram as doações da Itália. Eles também estão super engajados no "Ficha Limpa". São novos aprendizes diante de novos fatos que surgem no mundo. Utilizam outros meios para comunicarem-se e têm a batida do novo século. O X da questão é nos questionarmos sobre o quanto estamos dispostos a pegar carona neste trem-bala. Teremos paciência para nos reinventar diante dos questionamentos dos nossos filhos? Teremos força para lutar contra barbaridades que vimos por aí? Conseguimos nos desapegar do passado e reinventá-lo dentro de novos contextos? Estamos dispostos a "aprender" com as crianças? Na teoria, tudo é lindo. Mas na hora que o bicho pega, acabamos nós como crianças assustadas, escondidos debaixo da cama, agarrados na velha taboada. 

*Ah. O nome da tal Ong é Avaaz (www.avaaz.org)

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Tempo líquido

Incrível como o tempo pode ser relativo. Neste final de semana estendido eu fiz coisas que poderia ter demorado semanas pra conseguir fazer. Participei de um evento, reencontrei pessoas queridas, todas elas com histórias e contextos completamente diferentes. Matei a saudade de Porto Alegre, de chimarrão e até comi uma cuca (espécie de pão doce com cobertura). Só não deu pra ir na Feira do Livro e no Museu Iberê, que eu adoro. Quase uma terapia tirar tanta produtividade dos minutos do relógio. Estou exausta fisicamente mas com as pilhas  completamente novas, cheia de ideias e novos pontos de vista. Mais surpreendente do que a relatividade do tempo é me dar conta de que eu tenho estas mesmas exatas 72 horas durante a semana e elas geralmente voam. É só piscar e o tempo de esvaiu. Líquido como o mundo de Bauman*. Dia destes eu fiquei quase seis horas com uns amigos curtindo um jantar em um restaurante exótico. Saboreamos os pratos, o ritual e degustamos a conversa demoradamente. O tempo parou. E aconteceu assim, de repente. Dois telefonemas e acertamos tudo rapidinho. A viagem deste feriado também não foi muito planejada. Como também não foram a maior parte dos encontros que acabaram acontecendo. Simplesmente eles fluíram. Sem cobranças, sem horários muito rígidos, sem a pressão de ter que fazer isto ou aquilo. Talvez este possa ser um bom truque pra ser usado. Se fizermos de conta que os ponteiros do relógio não existem, será que não teremos algum poder para multiplicar os minutos e solidificar a intensidade das nossas experiências? Boa semana.
Zygmunt Bauman, sociólogo polonês autor de diversos livros sobre o mundo e suas relações "líquidas".

sábado, 13 de novembro de 2010

Papai Noel existe

Parece que o universo não queria que eu viesse pra Porto Alegre. Eu tinha comprado uma passagem bem baratinha (com milhas e pilas) pra vir ontem, sexta-feira. Isto porque eu queria participar do TEDx Porto Alegre, um evento bem bacana que eu falo logo a seguir. Aí uma reunião importante de quarta ficou para ontem de manhã em SP e eu tive que mudar meus planos. Consegui outro voo para hoje de manhã. Perderia parte do TED, mas chegaria para algumas boas palestras. Eis que nosso querido presidente da República fez a gentileza de interditar o aeroporto de São Paulo. Ele estava chegando de viagem e fez com que todos os aviões ficassem no solo esperando-o descer com sua ilustre comitiva. Quase duas horas depois, cheguei na terrinha, que nem estava tão fria assim. Alarme meteorológico falso. Almocei com pessoas queridas e fui assistir à segunda metade do Ted. Eu não sei explicar assim, tão direitinho, o que é o tal evento, mas é mais ou menos o seguinte: um monte de pessoas bacanas e que aparentemente não combinam (professores, criativos, médicos, pesquisadores, inovadores) são convidados para darem uma palestra em algum lugar do mundo. O Ted (Tecnologia, Entretenimento e Design) surgiu na Califórnia, há 25 anos,e tem o propósito de "sacudir" a plateia com ideias inovadoras, que precisam ser apresentadas em até 18 minutos e, na sequencia, compartilhadas para inspirar outras pessoas. (Ideias que merecem ser espalhadas). Pois bem, o tal Ted chegou aos pampas e a primeira edição aconteceu hoje. Foi organizada de forma independente por pessoas locais. O lugar, Teatro São Pedro, lindo, pomposo e com cheiro de arte. O evento, em contrapartida, estava bem legal mas nem tão pomposo assim. Teve algumas pisadas de bola técnicas bem importantes que, felizmente, não prejudicaram o propósito do encontro. Tá, mas o que foi falado lá? Como é? Pra que que serve? Well, acho que estas perguntas podem dar origem a mais de um post. Começando com este, com um pouco de tudo o que me provocou por lá. Assisti a palestras interessantes, intrigantes. Outras nem tanto. Falavam sobre seres humanos, pessoas, de solidariedade e do efeito da cooperação em uma série de projetos. Todos eles (os que me marcaram de fato) tinham em comum a capacidade de contar histórias. Histórias reais de suas vidas e das vidas impactadas por suas  ideias. Falaram da força das redes sociais e na sua incrível capacidade mobilizadora. Falaram de ciência e arte, de educação, ideologias. Se valeu a mão toda pra vir pra cá e conferir o evento? Sim. Por vários motivos. Não mudei minha vida, mas saí incomodada com alguns temas. (Já valeu). Não consegui acompanhar todo o evento, mas peguei carona e pude degustar o seu propósito. (Matei minha curiosidade). Reencontrei pessoas queridas e uma Porto Alegre ensolarada. (Ponto pro Ted). Anotei muita coisa que vai ficar matutando na minha cabeça e pode até gerar alguma coisa útil mais adiante. (Bingo). Talvez o que mais tenha me tocado foi ter visto assim, ao vivo e a cores, um velhinho simpático de barbas brancas e roupa vermelha. Chegou no palco todo tímido e logo se soltou, contando deliciosos causos de suas andanças pelo Brasil. Eu vi. Ninguém me contou. Papai Noel existe. Mas não espalha.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Fuga em massa

Na segunda que vem teremos outro feriado. Do que é este mesmo? Ah, sim. Proclamação da República. E teria um outro só aqui pra São Paulo nos próximos dias, para "comemorar" a consciência negra. Só que este vai cair num sábado. Ufa. No primeiro ano que eu cheguei na terra da garoa, eu não tinha a menor ideia de que ele existia (o feriado). Aí eu saí na rua e achei tudo muito parado, quieto. Coisas de forasteiros desinformados. Falando em forasteiros, neste final de semana São Paulo vai ficar de novo com cara de terra de ninguém. Praticamente todo mundo que eu conheço vai debandar. Boa parte deles decidiu passar (mais) frio no Rio Grande do Sul, mais precisamente em Porto Alegre. Outros tantos foram pra praia, pro mato, pra onde Judas perdeu as botas, não importa. Um fenômeno de fuga em massa. Curioso é que boa parte dos portoalegrenses também pegaram a estrada hoje. Será que eles foram encontrar os paulistas no meio do caminho? Não sei para onde foram, mas sei que estão (estamos) todos fugindo. De que? Da rotina, do stress, de nós mesmos algumas vezes. Sair tem um simbolismo importante de resetar a máquina, respirar novos ares, reencontrar pessoas queridas. Mesmo que no retorno tenhamos trabalho represado (parece que ele continua "dando cria" mesmo nos finais de semana), que tenhamos que labutar dobrado no restinho de semana, este ritual enlouquecido de sair fora parece agradar a nós, mortais. Pra quem fica, aproveite. A cidade é inteiramente sua. Pra quem, como eu, vai voltar para os pagos, leve um agasalho, uma dose de paciência pra enfrentar os aeroportos e boas energias na bagagem. Bom feriado pra nós.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Medo de escuro

Nós crescemos com o tal mito de que no escuro é que as coisas feias acontecem. Lá vivem os monstros mais horrososos que habitam nossa imaginação. Depois que nos tornamos maiores, o escuro continua nos atormentando. Agora estão na moda os livros que falam do nosso lado sombra. Afinal, somos todos sombra e luz. E geralmente as pessoas têm o dom de colocar o dedo na ferida e nos apontar o que temos de ruim. Nós mesmos fazemos isto o tempo todo. Talvez mais que todo mundo. Ontem eu recebi de uma amiga um texto que desmistificou um pouco de tudo isto. O texto, chamado "Our deepest fear", de Marianne Williamson, fala sobre o quanto é difícil para nós aceitarmos nossa luz. Receber um elogio, saber e ficar à vontade com o que temos de melhor, deixar esta energia boa fluir sem vergonha. É na luz que as coisas se revelam de fato. Não dá pra esconder. As crianças, seres mais puros que existem, aceitam suas qualidades numa boa e sabem retribuir com generosidade um elogio sincero. Por isto são tão radiantes. Mas à medida que o tempo passa, aprendem que isto ou aquilo é feio e aí a luz vai se apagando. Reconhecer o que temos de ruim é um exercício importante. Ter medo do escuro nos ajuda a termos respeito por nós mesmos. Mas na hora de acender a luz, aí sim o bicho pega.

Reciclos

Eu já falei sobre o fim do ano e sobre o simbolismo deste tal recomeçar. Mas tem outros recomeços que estão me intrigando nos últimos tempos. Não sei quanto a você, mas eu tenho a sensação de que tem muita coisa se fechando e muitas novas acontecendo. Não só comigo, mas com várias pessoinhas ao meu redor. Um punhado delas, incluindo algumas bem próximas, está terminando relacionamentos. Separações doloridas, de comum acordo, previsíveis ou não. Muita gente. No campo profissional, muitas criaturas estão questionando o sexo dos anjos e procurando encontrar uma luz no fim do túnel, um novo desafio que ajude a brilhar o olho de novo. Fechamentos de ciclos. E tem novos ciclos começando pra um outro tanto. Tem o ciclo dos bebês. Sim, pelo menos umas dez pessoas ao meu redor tiveram ou estarão tendo bebês nos próximos tempos. Quer símbolo maior de renovação? O mais curioso é que estas pessoinhas não têm um padrão sequer parecido e algumas delas nem pensavam no assunto. Aí aconteceu. Ok, ok, antes que você pergunte, novos amores também estão na lista. Ufa. Algumas pessoas estão se permitindo e investindo. A Cecília Meireles falava que é preciso dos deixar podar para voltarmos inteiros. Acho que os rituais são fundamentais para marcar as passagens nas nossas vidas. Vivemos em ciclos. Senão a gente não aguenta. Há quem diga a doença é uma forma de purificação e que nunca saímos iguais depois de passarmos por ela. Pode fazer sentido porque retornamos mais fortes de uma vivência nova. Pelo menos mais experientes. Recomeçar dá frio na barriga. Mas nos faz crescer. O importante é voltarmos sim diferentes, mas inteiros. Senão não vale.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Caixinha de surpresas

Eu gosto de tentar surpreender as pessoas. Inventar coisas diferentes, tchucos, ligar assim, no nada. Mas gosto mais ainda quando sou surpreendida. Adoro receber flores, mimos, torpedos. A Patricia, que também trabalha comigo (e ficou morrendo de ciúmes do meu post sobre o aniversário da Helen) tem sido uma caixinha de surpresas na minha vida. Ela me mandou ontem, entre uma mensagem e outra, todas de trabalho, um texto falando sobre amizade. Me surpreendeu usando uma outra caixa, geralmente cheia de significados (ou de spams). A do e-mail. Não custou nada. Não doeu. E fez um enorme sentido pra mim. Esta coisa de caixinhas, aliás, me segue pela vida. Eu sou doida por elas e quase não tenho mais onde colocá-las em casa. E quando viajo, não tem jeito. Sempre acabo comprando mais uma. Acho que tudo começou com um dos presentes mais simples e surpreendentes que eu ganhei da minha mãe quando era bem pequena. Ela comprou uma caixinha de madeira pra mim e outra pra minha irmã. E personalizou cada uma, com figurinhas recortadas, coisas coloridas. Lembro dela toda misteriosa pela casa, se escondendo de nós para finalizar "a arte". Eu não sei que fim levou a tal caixa, mas ela ainda me acompanha em lembranças. Tenho pensado nisto. Nas caixas que espalhamos por aí na vida e no quanto elas podem impactar (positiva ou negativamente) as pessoas ao abri-las. 

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Almas gêmeas


Hoje é o aniversário da Helen, uma guria super competente e ruivinha que trabalha comigo. Na verdade, a Helen me entende, me aguenta. E ainda por cima é um tipo raro de mulher que não tem "piti". Pois bem, o mais curioso ainda da Helen é que ela tem uma irmã gêmea, a Ana. As duas são, como se dizia em Cachoeira, "cara de uma, fucinho da outra." E têm uma sintonia muito forte. A Ana está morando em Paris. A Helen, em Porto Alegre. Mesmo assim, tem um super cordão umbilical emotivo que as une. Muito bacana.
Pensando na Helen e na Ana, eu acabei viajando e comecei a questionar sobre as tais almas gêmeas. Será que elas existem? São muitas? Estariam em qualquer lugar do mundo? Em Paris? Eu estou cada vez mais convencida de que a tal alma gêmea, aquela que nos contam nos contos de fada, não existe. Mas tenho convicção de que as pessoas não passam pelas nossas vidas por acaso e que, quando se vão (sim, elas se vão), têm que nos deixar melhores do que éramos antes delas terem vindo. Nós, claro, também temos este importante papel. Mas é bem difícil. Eu não tenho irmã gêmea. Mas tenho belas almas que passaram pela minha vida e deram mais sentido a ela. Amigos, a própria Helen, alguns desconhecidos, família, amores. Espero que a cota não tenha se esgotado ainda. Espero que a Helen e a Ana curtam muito este 1/4 de século de vida. Boa semana.

PS: atendendo à sugestão da Sabrina Mauas, uma amiga argentina, vou tentar colocar algumas imagens junto dos textos do blog. Vamos ver como fica :)

sábado, 6 de novembro de 2010

Resgate

Hoje eu fui passear na Vila Madalena, um bairro super charmoso aqui de São Paulo, cheio de lojinhas lindas e de tchucos*. Andar pela Vila sempre é surpreendente e aconchegante, ainda que as ladeiras das ruas forcem uma ginástica bem pesada (os glúteos agradecem). Em duas situações distintas nas andanças por lá, vivi alguns resgates. Primeiro, fui numa lojinha de brinquedos pra crianças comprar vários presentinhos (amigas estão todas parindo muito). Descobri uma loja lúdica, com brinquedos artesanais, bonecas de pano, muita madeira e jogos clássicos de infância, como jogo da velha e resta um. Um paraíso para qualquer ser humano, dos 2 aos 80 anos. Eu, claro, me diverti muito relembrando meu passado e o quanto eu me entretia com pouca coisa. Qualquer pedaço de pano virava uma história. Depois, faminta por causa das ladeiras, fui tomar um café gostoso num espaço mais delicioso ainda, chamado "Lá da Venda." O lugar não tem nada demais e, por isto mesmo, é um charme só. Vende panelas coloridas, panos bordados, bonecas de pano, floreiras e ainda tem um café para sentar e comer bolo "de nada" ("de nada" foi como o garçom explicou que o bolo não tinha nada dentro, de recheio. Só farinha mesmo...). O lugar estava lotado. As pessoas enlouquecidas "fuçavam" nas gavetas dos armários "de vó". Muita madeira, simplicidade e um aconchego da porta de entrada ao quintal nos fundos. Engraçado porque hoje de manhã, quando acordei, eu estava justamente pensando no quanto sempre foi bom dormir e acordar com barulho de chuva. Melhor ainda era acordar com cheirinho de café passado e mesa da mãe posta. Simples assim. Somos todos, afinal, seres simples e fáceis. Em São Paulo, Cachoeira, em Paris ou Tóquio, cheiros, toques e sabores nos tocam, emocionam. Então, pra que complicar tanto?

*tchuco: palavra que, um dia, do nada, eu inventei e pegou. Uso com minha equipe e com conhecidos. Significa, pra mim, coisa fofa, mimosa, lembrancinha, algo surpreendente.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A natureza sabe

Tenho recebido alguns recados / mensagens de amigos que, mais do que comentar o blog, têm falado sobre a minha coragem em me expor e, mais ainda, perguntam como eu tenho conseguido tempo para parar de vez em quando, organizar ideias e colocá-las no papel (ou no ar...). Pois bem. Eu também pensava que não teria coragem, que não teria tempo, que não conseguiria me expor tanto assim. Mas, como a natureza é sábia e envia sinais (cabe a nós ouvil-los ou não), eu diria que a iniciativa do blog veio de uma série de fenômenos que aconteceram com a minha vida nos últimos dias e, também, por algumas pessoas iluminadas que, coincidentemente ou não, me abordaram, provocaram, instigaram no mês que passou. Como eu acredito que nada é por acaso, resolvi juntar os insights e reuni-los no meu mundo rosa. Hoje, falando ao telefone com uma amiga super querida (sim, eu catei uns minutos do meu dia para falar com ela, em horário comercial, sem culpas e sem pressa), eu tive ainda mais certeza de que a natureza sabe das coisas. Ela está grávida da primeira filha. É uma executiva poderosa, cheia de energia. Uma máquina a guria. Ela pensava que com a gravidez as coisas não mudariam tanto assim. Continuou num ritmo mega acelerado até que a filhota deu sinais de rebeldia e ameaçou nascer antes da hora. Agora, a mega executiva poderosa está de molho em casa, barriguda e feliz, lendo revistas, assistindo TV, pensando na vida. Ela se permitiu. Porque a Fefê (a baby) vale mais que tudo o que ela acreditava até então. Eu sei que ela está lendo o meu blog (afinal, está com tempo). Sei também que ela tem aprendido muito com esta história toda. A respirar mais, relaxar mais, a se permitir. E estou bem orgulhosa por isto. Eu também tenho tentado ter tempo pra mim, pras minhas ideias aflorarem. Não tenho conseguido 100%, claro. Mas posso garantir que sou uma aluna bem esforçada. Bom findi :)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O começo do fim

Hoje eu me deparei com vários enfeites de Natal espalhados por São Paulo. O Itaú da Paulista já está montando aquela casinha linda e cheia de luzes. E há umas duas semanas eu me deparei com panetones no supermercado e demorei pra entender o porquê deles estarem ali. É, a ficha caiu. Estamos no começo do fim do ano. Novembro, feriados e... pumba, terminou 2010. Eu confesso que tenho uma certa raiva desta histeria "natalícia". Presentes pros amigos, pra família, fechamentos de planejamentos das empresas e uma sensação de estar perdendo o bonde e o controle. Natal é legal de verdade quando a gente ainda acredita em Papai Noel. Pra mim, o gostoso mesmo é o Ano-Novo e tudo que ele traz de simbolismos pra vida. Pra minha? Parar uns dias pra respirar, cheiro de mar, pessoas queridas, celebrar a vida. Como dizia o Drummond em uma de suas poesias deliciosas, "quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias é um indivíduo genial." Respiremos então. O fim está chegando. E o começo vem logo ali, dobrando a esquina.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Viver é perigoso

Neste fim de semana + feriado eu fui para o Rio para respirar um pouco de maresia, comer milho na areia e tirar um pouco do branco gelo paulistano. Alguns raios de sol sempre fazem bem. Toda vez que eu vou pra lá eu fico me perguntando se o tal Rio perigoso da televisão é assim tão violento. Na verdade, eu acho que não. Só acho que no Rio as coisas são mais explícitas. Tudo acontece muito perto. É muito "democrático". Tá tudo ali. O mar maravilhoso, a favela, os carrões, os corpões. Na verdade, eu me sinto muito segura no Rio. Principalmente no Leblon e Ipanema, onde eu ando tranquila pelas ruas (tranquilidade que eu não tenho sentido tanto assim quando vou para Porto Alegre, infelizmente). Só que neste fim de semana eu me deparei com a tal violência bem na frente dos meus olhos. Caminhando no calçadão de Ipanema, testemunhei um tumulto fruto de um tiroteio que acabara de acontecer. Correria, ambulância e milhares de versões do acontecido depois, a ficha foi caindo e, com ela, a sensação cada vez mais presente de que viver é perigoso. Sim, é mesmo. Nascer é perigoso. Respirar é perigoso. Comer é perigoso (vai que a pessoa se engasga). Mas talvez esta sutileza de um perigo sempre ali, tão pertinho, seja a pimenta que nos move pra frente. Não dá pra brincar com a vida, passar do ponto, virar o fio. Mas também não dá pra deixar de ir pro Rio, de se aventurar no mato, de sofrer por amor. Fácil é ficar anestesiado, ter uma vida morna, se esconder debaixo da cama. Botar o nariz e o peito pra fora, isto sim dá trabalho.