quarta-feira, 17 de julho de 2013

The artist way

Ontem eu reencontrei minha alma artista num delicioso encontro onde corajosos "seres humanos normais" se propuseram a se entregar. Foi mediado por uma menina de nome Flor, cujo olhar brilha ao organizar este tipo de encontro. Alguns bons amigos, curiosos, toparam e também foram. O tempo voou e, quando vimos, eram 23h. A proposta do encontro foi, inspirados no livro "The artist way", experimentarmos algumas situações bem simples de reconexão com nossa alma criativa, sem aquelas vozes críticas tão duras, sem medos e com grande alegria. E assim o foi. Éramos uns 15 e, ao final, foi como se fôssemos centenas, tamanha foi a lembrança que tivemos de pessoas que fizeram - e ainda fazem diferença nas nossas vidas. Aqueles amigos de infância que nos ajudaram a decidir a profissão de hoje, aqueles não tão amigos, que nos bloquearam naquilo que suspeitávamos sermos bons, a família, os colegas e ainda os desconhecidos ali presentes, que trouxeram dicas assim, na hora, e acabaram nos ajudando a desenhar novas rotinas para nossas vidas. A proposta do livro é bem simples: durante 12 semanas o leitor deve se propor a fazer uma atividade diferente por dia para, de forma bem leve, libertar o artista que vive aprisionado nos nossos julgamentos internos. Surgiram momentos únicos e difíceis de descrever. E insights bacanas. Dentre eles, a sutil diferença entre o medo e a curiosidade, a certeza de que todos somos todos gênios e a percepção de que se formos esperar o dinheiro que gostaríamos, talvez não façamos as coisas que sonhamos. "A head full of fears has no space for dreams", dizia um cartaz. Não precisaria um encontro como este para que cada um dos presentes pudesse, com uma boa dose de disciplina, seguir os passos do livro e, ao final de 12 semanas, se redescobrir. Mas, como uma boa defensora das conversas circulares, não tenho dúvida de que aquelas pessoas tinham que estar ali e que o círculo enriqueceu muito as pequenas grandes vivências de cada um dos presentes. Não teríamos conhecido um casal aventureiro que recém chegou de volta ao Brasil, sedento por um boteco com amigos, depois de dois anos de volta ao mundo em busca de sentido pras suas vidas. Não teríamos encontrado meninas inquietas que recém largaram os empregos, nem as que, ainda nos seus, estão a um passo de pedirem pra sair. Não teríamos torcido para a máquina fotográfica de uma moça chamada Diva a acompanhasse com calma nas próximas corridas, em caminhadas relaxadas depois das provas. Nem teríamos descoberto que um engenheiro focado em TI é tão hábil para fazer um origami de papel em forma de pássaro. Não teríamos, juntos, criado mil e um usos para o rolo do papel higiênico, nem brincado com massinha de modelar nem aprendido a colocar numa cestinha, toda sexta-feira todos os grandes feitos da semana. Beber da própria fonte, como disse o querido filósofo francês Jean Bartoli, é fundamental. Mas bebericar em fontes externas é também bem rico e renovador. Um brinde às almas artistas!