terça-feira, 28 de maio de 2013

Fora da caixa.

Hoje eu desenhava com a minha equipe um evento para um cliente onde buscamos criar um ambiente bem solto para que designers "saiam da caixa". Não é pra ser nada fechado, corporativo, mas também não é um café solto e sem propósito. Começamos a esboçar como seria a condução do encontro e, em cada ensaio, lá estávamos nós caindo dentro da caixa de novo, tentando explicar demais e sentir de menos. Dia destes eu conversava com um cliente / amigo sobre nossa mania de compartimentarmos a vida. Como se fôssemos pedaços independentes que não conversam, dividimos nossos dias e nossas cabeças em partes. "Agora vou acionar o meu pedaço profissional". "Aqui termina minha jornada no trabalho e passo a ser mãe". "Desta vez, estou sendo a amiga do Fulano e, portanto, devo esquecer que ele é meu cliente". Eu sempre tentei exercitar o outro lado da história e, propositalmente, provocar as pessoas a se libertarem destes frames todos. Eis que, numa conversa bem franca hoje, percebi o quanto eu "tenho encaixotado" a minha vida. Por ser uma hábil malabarista, eu consigo migrar de uma "caixa" para outra, assim, num toque. Mas misturar as peças de uma caixa dentro da outra ou, melhor, tirar tudo dali de dentro e soltar no ar, ainda não tornou-se uma tarefa tão simples. Mais que isto, esquecer as caixas, até porque elas são fruto das nossas mentes lineares desenhadas para um mundo que não é real. Tenho bons ensaios acontecendo e, sim, me orgulho de cada um deles. Quando, por exemplo, eu apresento um ex-presidente de empresas para um jovem inquieto empreendedor de 20 anos ou quando eu provoco encontros de pessoas que "aparentemente não combinam" e sinto que dá um bom caldo, gosto muito. Mas sei que ainda tem muito pra ser construído - digo, desconstruído - e que o primeiro passo pode ser eu parar de inserir as pessoas num esteriótipo assim que eu as conheço. O João pode ser, sim, um ótimo intelectual. Mas tem tudo para tornar-se um bom cozinheiro e, quem sabe, surpreender a si mesmo pintando quadros. Serve para mim, que adoro me desafiar. Fazer mais daquilo que eu faço bem é fácil. E o que eu nunca experimentei, que jeito tem?