domingo, 30 de janeiro de 2011

Pausa para respirar

Quem acompanha o blog (o pai do Fábio, o Sérgio, por exemplo, que eu ainda não conheço, mas já admiro), deve ter percebido o meu leve desaparecimento dos últimos dias. Fiquem tranquilos. Eu não fui sequestrada e não viajei para o Butão (ainda...). Estava respirando, curtindo um momento importante e me permitindo não me cobrar tanto. Coloquei como meta pessoal escrever um texto por dia no blog. Super bacana pela questão da disciplina e pelo exercício de ir jogando "no papel" as minhas ideias. Mas transgredir também tem sido uma máxima na minha vida. Transgredir, surpreender, planejar menos, deixar a vida me levar. Pior, eu estou adorando a ideia. A Andréa sempre super "certinha" e planejada surpreendeu a si mesma nos últimos tempos. Dia destes, cheguei num evento de um cliente querido apenas para curtir e parabenizar a equipe que trabalhou comigo (brilhantemente) no projeto. Eu não fiquei espiando cada pedacinho da história, mandando as pessoas fazerem isto ou aquilo nem critiquei um ou outro detalhe que possam ter saído diferente "do que eu teria feito". Consegui delegar mais, controlar menos e, com isto, causei uma certa ansiedade nas pessoas. Divertido isto. Como assim, a Andréa não vai querer saber / controlar tudo tudo? Não. Vai querer saber, acompanhar o necessário. Vai querer uma equipe mais independente e madura. Vai fazer uma festa de casamento "colaborativa", construída por uma comissão de amigos maravilhosos, envolvendo-se minimamente nos detalhes da história. Nossa, tirei umas duas toneladas das costas com estas decisões dos últimos dias. Engraçado que as pessoas não estão me reconhecendo muito. Confesso que nem eu estou. Mas estou adorando re-descobrir esta Andréa que estava sufocada e doida pra sair e respirar um pouco. Tomara que ela consiga borboletear por aí e que, agora que se permitiu sair do casulo, consiga voar mais leve e colorida. :)

* pra compensar a minha ausência dos últimos dias, acabei "cuspindo" três textos assim, no susto. Estão todos aí, como sempre, sem revisão nem críticas. Eu simplesmente os deixo sair. E depois vejo no que dá. Simples assim.

Sempre há tempo

Ontem à noite eu fui prestigiar o aniversário de 40 anos de um amigo que eu admiro muito. Na verdade, o Adriano tem sido, ao longo dos últimos anos, uma bela fonte de inspiração profissional e pessoal. Um cara bacana, do bem, super inteligente e instigador. Construiu sua carreira e a vida com muita luta e uma certa dose de ousadia. Ele escreve maravilhosamente bem. Tem um texto gostoso, leve, que abraça o leitor. Tudo de bom. Ontem ele estava radiante. Parecia uma criança numa festa de aniversário daquelas com muitos amigos e com direito a balão surpresa. Tocou com uma banda, homenageou companheiros de jornadas, os filhotes (um casal de gêmeos lindo), a esposa. Se emocionou, fez um resgate da sua história (do Rio Grande do Sul para o Japão, do Japão para SP bla bla bla). O guri é um desbravador, inquieto, sorridente. Ele emana luz. Olhando pra ele, eu pude me dar conta do quanto eu me permiti, na vinda pra São Paulo, me aproximar / reaproximar de um monte de pessoas bacanas e que, se não fosse minha vinda pra cá, teria perdido a oportunidade ímpar de conviver / aprender com cada uma delas. Assim como o Adriano, que super me acolheu quando eu liguei assustada dizendo que estava por estas bandas, outras tantas pessoas que eu conheci ao longo dos últimos três anos literamente mudaram a minha vida. Conheci meu marido (ok, é gaúcho, mas o conheci em SP) e fiz um bando de novos amigos em um curto espaço de tempo. Pra quem pensa que não é possível recomeçar, eu digo que tenho certeza de que é. Eu aprendi a viver em um outro time. Aprendi a pedir colo e a ligar para novas pessoas em busca de companhia na cidade enorme de pedra. Aprendi que posso sofrer aqui ou em Cachoeira (com o trânsito, o clima, o estilo de vida) ou que posso optar por não sofrer e aprender a viver de um jeito mais leve. Estou vivendo uma fase bem importante da minha vida e digo, sem sombra de dúvidas, que, além dos meus amigos de longa data que eu amo e valorizo demais, os novos amigos dos últimos anos (sempre há tempo para descobri-los) também têm vibrado com a minha história e têm alimentado em mim meus melhores sentimentos. A todos eles que têm me ajudado a me tornar uma Deinha melhor, eu agradeço com todo o meu amor. Vocês são minhas fontes de inspiração e de vida!

Corrente do bem

Eu ando bem mexida com as histórias das chuvaradas pelo Brasil. Quase não assisto TV (aliás, não tinha nenhuma até a semana passada, quando herdei um exemplar), mas é impossível passar imune à enxurrada de informações visuais. O que me chamou a atenção nesta tristeza toda foi a capacidade de superação das pessoas diante das desgraças. Parece que surge uma força não sei de onde e os seres humanos, nestas horas, lembram que são gente e que podem se ajudar. Surge uma corrente do bem. Todo mundo reconstruindo, confortando, ajudando. Parece que estamos assistindo a um filme. Mas é real. Em São Paulo, aparentemente, as pessoas não têm tempo pra se ajudarem muito. Talvez nem seja má vontade. Falta tempo e a percepção do quanto pode ser simpático e agradável fazer algo de bom para um vizinho ou mesmo um desconhecido. Mas algumas criaturas nos últimos tempos têm que mostrado que "tem jeito sim", como eu costumo dizer. Dia destes tive problema com meu carro. Em segundos, como se estivessem de plantão dentro dos boeiros, pipocaram pessoas dispostas a ajudar. Tudo muito rápido e espontâneo. A menina de um casal que parou para ajudar cuidou da bicicleta do outro voluntário que apareceu também. No posto de gasolina em que eu aguardava o guincho, fui super paparicada pelos frentistas, preocupados com meu bem-estar pelo calor da tarde. Ontem, espiando apartamentos por aí, um casal super simpático, com dois filhinhos, parou quando nos viu anotando telefones nas portarias de um prédio e comentou que estavam vendendo o apartamento deles. Não sabiam quem éramos nem o que fazíamos. E nos convidaram para subir e expuseram a casa e suas vidas assim, com uma tranquilidade e amorosidade absurda. Noutra casa, fomos praticamente obrigados a tomar um café. As pessoas estavam felizes porque tinham visita. Taxistas do bairro, porteiros, idem. Contentes pela oportunidade de ajudar. Vibrando com o nosso momento. Por outro lado, um senhor sem noção de outro prédio veio tirar satisfações enquanto falávamos com o porteiro para saber quem éramos (leia-se: de que família, que linhagem, que profissão, estirpe, raça, partido político). Comentou que parecia muito estranho um casal sair fazendo perguntas para os porteiros assim, "sem corretor". Pobre homem. Ele até me tirou do sério, eu confesso. Resgatou um pouco da Deinha primitiva e furiosa. Mas só por algum tempo. Colocando na balança estas poucas histórias que acabo de contar, dá até pena de pessoas assim, que não conseguem enxergar a grandiosidade de trocar, interagir, ajudar e reaprender conceitos e experiências através dos outros.

 * Tomei da liberdade de ilustrar este post com a foto de uma jóia que eu curti horrores quando vi. O pingente foi desenhado pela Patrícia Centurion, que tem um atelier de jóias e design divino em São Paulo. Eu a conheci durante o último TED Women e adorei a energia do lugar e das peças que ela desenha. Pra mim, trata-se de uma jóia de verdade por "n" motivos. Por ser exclusiva, simples, clean, por ter sido desenhada por alguém tão especial e, claro, por representar uma flor de lotus, símbolo da elevação e expansão espiritual. Tudo de bom.