terça-feira, 16 de novembro de 2010

Pequenos aprendizes

Tenho ficado cada dia mais impressionada com a "performance" dos pequenos diante da vida. Qualquer um de nós que tenha alguma criança por perto sabe que elas nasceram com um chip diferente. Elas são digitais, inquietas, multidisciplinares, ativas, comunicativas, curiosas, rápidas e muito sinceras. Dão nó nos adultos com suas perguntas e percepções. E têm um entendimento bem claro sobre o mundo e as pessoas. Dia destes a filha de uma amiga minha comentou, ao ver a torneira aberta: "se não fechar a torneira, a água do planeta vai acabar". Um tema amplamente abordado durante o TEDx Porto Alegre, que eu assisti no último sábado, foi justamente a questão da educação. Melhor, falavam sobre a necessidade de descomplicar / reinventar a forma de educar.  Nossos raciocínios lineares e quadrados dos tempos da escola simplesmente não conectam-se com o mundo da chamada "geração indigo". Mesmo assim, grande parte das escolas ainda utiliza métodos antigos de ensino. O aluno, pobre ET no meio de tanta complexidade, ainda por cima é considerado desinteressado ou hiperativo. Talvez o desinteresse seja ainda mais profundo e tenha uma outra origem. Criar pessoas interessadas, críticas e questionadoras dá trabalho. Na escola e na vida. Trabalhar com pessoas que pensam diferente é rico. Mas cansa, exige demais da gente. Inserir a geração Y na equipe é super cool. Mas não vem com tecla Sap. Ter uma população esclarecida significa dar margem para que ela questione políticas públicas e tire muita gente da zona de conforto. Ainda dentro do Ted, fui apresentada a uma ONG que utiliza redes sociais como forma de mobilização popular. Numa ação para ajudar a Birmânia, um dos países mais fechados do mundo, eles conseguiram mobilizar virtualmente tanta gente que superaram as doações da Itália. Eles também estão super engajados no "Ficha Limpa". São novos aprendizes diante de novos fatos que surgem no mundo. Utilizam outros meios para comunicarem-se e têm a batida do novo século. O X da questão é nos questionarmos sobre o quanto estamos dispostos a pegar carona neste trem-bala. Teremos paciência para nos reinventar diante dos questionamentos dos nossos filhos? Teremos força para lutar contra barbaridades que vimos por aí? Conseguimos nos desapegar do passado e reinventá-lo dentro de novos contextos? Estamos dispostos a "aprender" com as crianças? Na teoria, tudo é lindo. Mas na hora que o bicho pega, acabamos nós como crianças assustadas, escondidos debaixo da cama, agarrados na velha taboada. 

*Ah. O nome da tal Ong é Avaaz (www.avaaz.org)