quinta-feira, 24 de março de 2011

Pesadelos do bem

Hoje eu almocei com uma nova-velha amiga que tem o dom de me desestabilizar cada vez que eu a encontro. Digo isto no bom sentido, se é que há algum sentido ruim em tirar alguém "da caixinha". A criatura é uma guerreira, meio bruxa, com uma história de vida intrigante e uma energia vital contagiante. Me foi apresentada por outra bruxa, só que loira. Sim, ela é morena. E se chama Mariana. Pois bem, dentre os assuntos do almoço, que foi curto demais para a quantidade de informação que fluiu, falamos sobre desestabilizações em geral. Dentre elas, pesadelos, surtos, medos e a coragem de enfrentar tudo isto. Vamos por partes. Primeiro, tenho tido muitos pesadelos nos últimos tempos. E muito sono também. Eu e muitas pessoas bem próximas. Segundo ela, o pesadelo tem a ver com potencial criativo suprimido e com fantasmas que estão doidos pra sair e não estão encontrando espaço. Falamos sobre os surtos da Humanidade que, coincidentemente ou não, têm sido bem frequentes. Mesmo assim, com as pessoas e o Planeta "gritando", temos dificuldade em lidar com o que não é real, tangível, explicável. "- Cadê a rede de apoio para validar e acolher nossos surtos?", perguntou ela. Pois é. A rede está ocupada, desinteressada ou amedrontada demais para enfrentar nossos pesadelos coletivos. Também não sei se é casual, mas muita gente pertinho de mim tem mudado radicalmente suas vidas, especialmente nos últimos meses. Eu me incluo na lista. Só que mudar, "chutar o balde", deixar os monstros fluírem, isto tudo exige vontade. De sair da zona de conforto, de sair debaixo da cama, de dentro do armário, dar a cara pra bater, colocar o peito pra fora, respirar, ousar, se expor. Uau. Quanta coisa! Eu não me sinto ainda pronta o suficiente para fazer tudo isto. Pelo menos não tudo ao mesmo tempo. Mas ando "bem saidinha" nas minhas iniciativas de me permitir fazer o que me agrada, me alimenta, me acrescenta. Tenho delegado mais e procurado julgar menos (nem sempre eu consigo, mas estou me esforçando). E tento, cada dia de manhã que eu acordo perturbada por um ou vários pesadelos, entender de onde eles afloraram e o que tentam me ensinar. Isto vale para os surtos, as dores de cabeça, dores do corpo e da alma que têm vindo me visitar de vez em quando, cheios ensinamentos e simbolismos. Que venham os monstros, as provações, as Marianas, os simbolismos e os pesadelos cheios de histórias e de recados. E que eu esteja serena e aberta o suficiente para conseguir ouvi-los.