quinta-feira, 30 de maio de 2013

As nossas crianças internas.

Fico cada vez mais impressionada com o poder de transformação das crianças. Dia destes minha filha foi para o escritório comigo e a senhora que ajuda a cuidá-la saiu para dar uma volta no corredor. Carolina, claro, conversou, deu gritinhos, interagiu com cada cantinho do ambiente. Eis que saiu de uma das portas um senhor sisudo, carrancudo, a própria imagem daqueles tios malvados das histórias de terror. Claro, estava incomodado com a intensidade do bebê que, em momento algum, chorou ou fez altos barulhos. Como ela reagiu àquela carranca toda? Deu um sorriso do tamanho do mundo para ele que, claro, se desmanchou. Sorriu de volta e até esboçou um pequeno aceno "fofinho". Saiu assim, leve, elevador abaixo, transtornado e, sim, transformado. Tenho a sensação de que crescemos em corpo, mas nossas crianças internas seguem ali dentro, latentes, doidas para se expressar. Os meninos e seus carros, os esportes radicais, o contato com animais, tudo isto ajuda a extravasar e nos reconecta com nossos serzinhos essenciais. Vejo isto quando organizo workshops. Empresários, engenheirões, homens de negócios viram crianças diante de folhas em branco, giz de cera, revistas para recortar, cola, espaço livre para desenhar. Nos aniversários infantis, aqueles cheios de lugares lúdicos, tirolesa, túneis, não raro pego os pais confessando a vontade doida de tirar o sapato e entrar nos brinquedos. Sufocamos nossas crianças internas e esquecemos que justo elas são a base da nossa criatividade e leveza. Praticar pequenas travessuras não só é saudável, como necessário. Com a Carolina, voltei a cantar, a dançar bem soltinha, a ler e contar histórias de um jeito exagerado e engraçado. Me pego botando a mão na comida, experimentando, me experimentando. Este feriado tão cinza tem tudo para ser uma grande folha em branco para que nossas crianças cresçam e apareçam dentro de nós. Se eu fosse você, tiraria o sapato e daria um alô pra sua.