Mesmo que às vezes apresente algumas
camadas de sofrimento, este tipo de exercício realmente aguça a
imaginação e pode, ainda que trabalhando com hipóteses, apresentar
possibilidades não antes imaginadas para as nossas vidas.
No fim do ano passado falou-se muito no
tal fim do mundo. Mil teorias e a imaginação das pessoas a milhão,
pensando em como seria, como fariam, como enfrentar tudo isto. No
meio da história, surgiram figuras pitorescas que trouxeram pimentas
sutis e provocaram, assim, como quem não quer nada, alguns destes
exercícios de extremo. Um deles comentou, em conversas, a
possibilidade dos bancos sumirem. Tudo poderia começar com um grande
bug na internet. Sem conexão, não teríamos acesso aos bancos e,
sem termos acesso a eles, não teríamos como provar quanto tínhamos
aplicado (ou quanto devíamos – esta é a versão positiva da
brincadeira). Sem os bancos e, dali a pouco, sem dinheiro vivo nas
mãos, tudo seria diferente. Muito rápido, bem dinâmico.
Imaginemos, então, somente para fins de exercícios, que isto
realmente possa acontecer. O que você faria?
Tem um vídeo rolando na internet há
tempos de um professor que estimula os alunos a pensarem em suas
verdadeiras vocações isolando a variável dinheiro da história.
Digamos que o dinheiro não importasse, que suas contas estivessem
pagas, o que você faria assim, genuinamente?
Eu fico imaginando a cena. Meio
inspirada no filme “Ensaio sobre a cegueira”. Os homens, no seu
limite, nada de dinheiro circulando e, aos poucos, as pessoas se
rearticulando, como numa grande volta ao tempo das cavernas. Só que
em cavernas de concreto, nas nossas cidades. Sem dinheiro para
comprar nada, não teríamos tampouco gasolina para os carros e
teríamos que, em pouco tempo, nos reorganizarmos em grupos, que
somos, para cada um entregar o que tem de melhor. O estatístico,
este cuidaria de calcular as provisões e de como utilizá-las. O
articulador trataria de sair conversando com os vizinhos, em busca de
permutas. E assim, sem televisão, sem internet e, justo por isto,
com tempo de sobra, relembraríamos quem somos. Alguém puxaria uma
roda de violão, contadores de histórias brotariam cheios de verbos
e, certamente, as crianças dariam uma aula de colaboração. O
exercício vale para as empresas. E se as contas estivessem pagas?
Se os fornecedores que escolhêssemos nos entregassem a matéria-prima
que quiséssemos, sem que tivéssemos que pagar. Se os clientes não se
importassem com o preço e pudéssemos escolher, de fato, para quem
gostaríamos de produzir um produto. Ou oferecer um serviço. Seriam
os mesmos? Como ficaria a nossa energia da escolha, da entrega, do
processo todo? Iríamos trabalhar? Ou nada mais faria sentido?
Eu não acho algo deste tipo vá
acontecer. Pelo menos não, assim. Não amanhã. Mas me divirto
de verdade observando meus amigos, os vizinhos, os atores
corporativos, os rostos desconhecidos no supermercado e imaginando quais seriam
seus novos papeis dentro de jogos divertidos de desconstrução.
E se?
* segue o link do tal vídeo que
comentei, usado por um professor com seus alunos:
http://www.youtube.com./watch?v=qmaq15qL7Q8
e ainda assim, guardar dinheiro no colchão foi uma opção! kkk! adorei!
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