sexta-feira, 25 de março de 2011

"O amor é brega".

Estávamos, pra variar, engarrafados no trânsito de São Paulo, voltando pra casa, num fim de dia típico qualquer. Eu e parte da minha equipe, incluindo a Cla, que chegara de Porto Alegre. O assunto? Romance, Fábio Junior, Frank Sinatra e outras manifestações amorosas em geral, tudo livremente inspirado pela trilha sonora do carro. Eis que surgiu a frase: "o amor é brega". E completaram: "pro amor ser de verdade, ele precisar ser um pouco brega". Forte? Verdadeiro? Exagerado? Você conseguiria imaginar um casal extremamente apaixonado que não falasse entre si uma ou outra besteira com voz infantil? Ou um par romântico que não curtisse dançar coladinho, escrever um poema, entregar um mimo? Parece que a paixão, o amor e seus derivados provocam em nós instintos bem primários. Ficamos meio bobos, desligados, risonhos. Na verdade, as convenções sociais que tiraram de nós os ímpetos, muitas vezes secaram nossas fontes e nos tornaram pessoas "na média", normais demais, sonhadores de menos. Alguém em sã consciência se casaria? Se você colocasse na ponta do lápis o custo de um filho, conseguiria engravidar? Pois é. Nem eu. É por isto que eu tenho tentado me libertar um pouco da casca de "normalidade", nos últimos meses principalmente. Tenho tentado ouvir menos os outros e mais a minha alma. Tenho me permitido ser um pouco brega no amor, deixar bilhetes pela casa, ligar só pra dizer oi. E estou sobrevivendo, sem culpas nem náuseas. A Deinha está mais leve, mais descompromissada com as regras e, incrivelmente, mais produtiva no trabalho. Ela continua gostando de yoga, cavalos e livros. Mas tá curtindo coisas bem simples e mundanas. Acho que no fundo todo mundo tem um pouco disto. Deste lado solto, meio bicho, apaixonado, liberto, "chutador de balde", crianção mesmo. Ontem à noite fomos num bar-conceito todo cheio de tchucos. A promessa da noite eram os shows do tal lugar. Uma mulher fazendo um semi-streap-tease e um mágico, que veio de brinde e surpreendeu. Ela estava "na média", dentro do script. Bonita, malhada, fazendo a performance conforme manda o figurino. Não ficou nua, mas chegou bem perto. Mas não convenceu. Estava técnica demais e ligada de menos. Ela estava ali e não estava. O mágico, que não prometera nada, chegou chegando. Leve, divertido, inteiro. Se permitiu brincar. E por acaso até tinha uma plateia pra assistir. Acho que o segredo do tal "amor brega" tem um pouco disto. Tem a ver com se permitir entrar na história sem muita promessa, sem grandes expectativas. A lingerie importa, claro. Mas a postura, o gestual, a presença, estes realmente importam. Tá, e se você tentar, talvez achem você entregue demais, meio piegas talvez? Tomara que sim. Let it be, baby. Bom fim de semana pra você. De preferência com uma trilha bem romântica e um cobertor de orelhas pra acompanhar.

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