sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

João que amava Maria

Eu não participo de muitos grupos de pessoas. Tenho muitos amigos, boa parte deles ligados ao trabalho ou a algum histórico de estudos (ou cursos, seminários, o que for). Tem também os amigos dos hobbies, pessoas que eu acabei conhecendo e que compartilham alguma paixão comigo. Tá bom. Até que é um número considerável. Sem querer, nos últimos tempos, acabei construindo na minha vida paulistana um novo papel: o de conectar pessoas. Aliás, se eu for fazer um balanço da minha vida pra São Paulo, eu diria que esta foi uma das minhas grandes conquistas por aqui. Nada premeditado. Puro instinto de sobrevivência. Quando eu cheguei, "com meus mijados* embaixo do braço", não conhecia praticamente ninguém. Na verdade, vim meio no susto mesmo. Tinha uma oportunidade e veio bem a calhar a chance de eu mudar de vida e começar uma nova história. Foi o que aconteceu. Chegando aqui, na maior cara de pau, passei mão no telefone e comecei a buscar pessoas. Muitas delas, gaúchas que já estavam por aqui e que me acolheram super bem. Mas, no melhor estilo "João que amava Maria que sonhava com Pedrinho", as pessoas se conectam. E uma liga pra outra, que apresenta pra um terceiro, que manda um email e agenda um café. Está feita a conexão. Tem um livro bem legal, que costumamos usar no trabalho, chamado "O ponto desequilíbrio", do Malcolm Gladwell. A grosso modo, ele apresenta duas importantes figuras das sociedades: os conectores e os experts. Segundo ele, os conectores têm uma capacidade ímpar para mobilizar muitas pessoas em um curto espaço de tempo, geralmente numa proporção não programada. Tenho encontrado muitos deles em São Paulo. Pessoas super bem relacionadas e que, em minutos, conectam-se a outras, que conhecem outras e outras. Talvez uma das habilidades que eu mais tenha aprimorado por aqui foi a de reconhecer e saber acessar alguns deles e saber usar isto de forma rápida e eficiente. Melhor, eles sentem-se meio prestigiados quando são lembrados por tais habilidades. Não tinha isto em mente quando vim pra cá. Mas estou bem que curtindo esta história de ligar gente que tem a ver com gente. Dei até uma de cupido numas destas investidas. No melhor estilo vida pessoal e profissional em sintonia, tenho descoberto novas habilidades nas "Marias" e nos "Joãos" com quem tenho convivido. Muitas vezes, consigo apontar para eles as minhas percepcções. Em algumas delas, até provoco uma ou outra mudança. Neles e em mim, claro.

* mijados: expressão beeem gaúcha que remete a algo como "trouxinhas", malas, roupas, pertences.